“A cicatriz não incomodara Harry nos últimos dezenove anos. Tudo estava bem.” É com esta frase que J.K. Rowling finaliza o último livro da saga Harry Potter, lançado em 2007. Em 2011, quatro anos depois, os fãs entraram nas salas de cinema pela última vez para acompanhar o desfecho da história do jovem bruxo.

Entre eles estava Amanda Quinaglia. A jauense, na época com 16 anos, vinha para Bauru com a família para ver as estreias nos cinemas. Esse hábito, na verdade, vem desde a infância dela. “A gente não tinha celular, mas tinha os filmes, aquele mundo que a gente ficava apaixonado pelos personagens”, comenta.

Ainda criança, ela conta que gostava de fazer desenhos em que os bonecos tinham a cabeça grande e o corpo pequeno. Depois de adulta, visitando uma loja enquanto trabalhava, ela se deparou com um boneco que tinha as mesmas características dos seus desenhos.

Aquele em que ela conhece o Funko Pop

Amanda não sabia, mas havia acabado de descobrir aquilo que transformaria sua vida: o Funko Pop.

“Eu peguei o boneco na mão e falei ‘que coisa mais linda!’. Então virei a caixa e descobri que haviam vários. Perguntei na loja onde estavam os outros personagens e me disseram que só tinha aquele, que vinha de fora do país”, lembra.

Ela voltou pra casa e entrou na internet para pesquisar mais sobre o boneco que acabara de conhecer. “Eu entrei em grupos de Facebook das pessoas que gostavam desses bonecos. Achei legal, mas vi que a maioria tinha dificuldade para completar suas coleções”, comenta Amanda.

Foi aí que a jauense decidiu estudar mais sobre a origem dos Funkos Pop. “Eu descobri uma loja na Califórnia, outra em Hollywood e descobri que lá fora era uma febre, as pessoas eram apaixonadas e tinham suas coleções completas”, explica.

Aquele em que ela recebe os primeiros pedidos

A princípio, ela aprendeu sobre importação e os processos legais para conseguir trazer os funkos para sua própria coleção. “Eu trouxe uma caixinha com vários e sobraram alguns. Então eu postei em um grupo, para vendê-los. Foi aí que as pessoas começaram a pedir”, conta Amanda.

Ela se destacou por conseguir trazer itens raros e difíceis de encontrar no Brasil. No entanto, ela não tinha dinheiro para bancar todos os custos das importações, já que trabalhava ganhando um salário mínimo que só era suficiente para pagar as contas.

“Então eu dizia: ‘olha, você me dá uma parte do pagamento, eu trago, e quando chegar você paga o resto’. Colocava só um pouco de lucro porque eu queria mesmo era ajudar os colecionadores com os itens mais caros e difíceis de encontrar”, explica.

A essa altura, Amanda já recebia encomendas. Ela melhorou sua forma de entrega, fazendo embrulhos diferentes. “As pessoas se encantaram e começaram a indicar umas para as outras. Aí criei minha primeira loja, chamada ‘Na Prateleira’. Criei uma página no Facebook e comecei a crescer”, lembra.

Aquele sobre o período difícil

Na mesma época, em 2016, ela foi promovida a gerente na empresa em que trabalhava. Por não estar mais conseguindo dar conta dos dois trabalhos, Amanda parou de vender os funkos.

“Passados uns seis ou sete meses, eu comecei a gastar além do que podia. Perdi totalmente o controle da minha vida financeira. Quando me dei conta, tinha uma fatura de cartão no valor de 15 mil reais”, conta Amanda.

Ela já morava sozinha em Bauru e estava com diversas contas atrasadas.

“Eu fiquei depressiva, não sabia o que fazer. Tive que vender um fogão para colocar gasolina no carro para ir trabalhar. Então eu liguei o celular e vi uma mensagem no Facebook: ‘ô moça, pelo amor de Deus, traz um funko pop pra mim que lançou e todo mundo tá querendo!’”, lembra.

Ela sempre passava orçamentos próximos ao valor do boneco, porque não queria lucrar muito em cima. Então esse primeiro cliente falou sobre ela em um grupo e outras dezenas de pessoas entraram em contato para pedir os funkos pop.

Amanda passou uma madrugada inteira respondendo às mensagens.

Aquele com a volta por cima

Foi tudo dando certo. “Em 15 dias eu já havia levantado 15 mil reais de dinheiro dos clientes. Claro que não era meu lucro, pra mim eram uns dois mil. Mas eu girei esse dinheiro e aquilo cresceu”, conta ela.

Assim como antes, ela caprichava na entrega. Embrulhava com um papel diferente, escrevia um bilhetinho à mão e até mandava um chocolate na caixa. E então ela passou a fidelizar seus primeiros clientes.

Amanda conseguiu pagar as contas e estava encantada com a empresa que havia criado. Era uma coisa que amava fazer e, em certo momento, percebeu que estava ganhando mais vendendo funkos do que em seu trabalho de carteira registrada.

“Eu recebi uma mensagem de um cliente que dizia ‘Amanda, sua caixa chegou! Que coisa mais linda, minha filha está aqui encantada!’. Às vezes até me mandavam vídeos das crianças abrindo as caixas. E eu falava: é isso que eu quero pra minha vida”, explica.

Com a chegada da pandemia, Amanda foi dispensada do emprego. Foi quando ela decidiu, finalmente, apostar tudo no sonho que vinha cultivando há anos. “Peguei toda a minha rescisão, aluguei uma sala pequena, coloquei uma prateleira e comprei os funkos. Entrei nos marketplaces e comecei a postar em todos os lugares”, conta.

Em três meses, ela já estava entre os maiores vendedores do Mercado Livre, conhecidos como mercado líderes. “Então eu explodi. Bati quase um milhão em vendas durante a pandemia, consegui trocar de carro, minha vida se transformou. Chegaram a me chamar para dar aulas sobre importação”, comemora a jauense.

Aquele sobre o amor ao que se faz

Amanda conta o quão gratificante é ver seu sonho acontecer. “A parte mais gostosa é ver a felicidade da pessoa que consegue completar uma coleção, a satisfação de vender um produto que é entregue de forma bem feita e os feedbacks que os clientes nos dão”, conta.

Ela ainda conta que, surpreendentemente, sua coleção não é tão grande. Os bonecos especiais de Friends são seus xodós, já que Amanda é muito fã da série. E se você, leitor ou leitora, também gosta, vai entender os subtítulos deste texto.

“Eu estou em um ambiente que tem tantos, que já fico feliz aqui. Eu entro para trabalhar e penso que estou no lugar mais legal em que poderia estar. É como se trabalhar fosse um sonho. Não tem outro lugar, outro emprego que me faria tão feliz”, completa.

Aquele sobre a loja nova

Hoje, ela trabalha com uma equipe no exterior para ir atrás de todos os modelos de funko pop que os clientes procuram. Sua loja, a Moça do Pop, vai mudar de local e crescer em tamanho e quantidade de produtos. No novo espaço, ela terá mais de mil itens dos mais diversos filmes, séries, desenhos, animes, livros, entre outros.

Amanda se mantém com a proposta de encontrar e trazer os funkos mais desejados por seus clientes. Ela conta que existem modelos que chegam a valer quase 10 mil reais.

“Os vaulted, que são os que pararam de ser fabricados, são difíceis de achar – como bonecos de Crepúsculo, por exemplo. E modelos especiais também. Eu já consegui para um cliente um Obi-Wan Kenobi [de Star Wars] avaliado em cinco ou seis mil reais”, conta Amanda.

Aquele sobre os funkos mais legais

A Moça do Pop trabalha apenas com produtos originais da marca Funko. Por esse motivo, Amanda também diz que é muito procurada, pois tem clientes que compram pela internet e recebem produtos falsificados de qualidade baixíssima.

“Existem muitas réplicas, e os colecionadores querem os originais. Eles vão gastar o quanto for necessário para ter o boneco que querem”, explica.

Além de encontrar os mais raros, Amanda também tem exclusividade quando se trata de lançamentos. Com a chegada de Cruella e Luca, da Disney, a loja já tinha os funkos dos personagens antes mesmo do lançamento dos filmes no Brasil.

“Na pandemia, as pessoas passaram a assistir mais filmes e séries, então elas me procuravam mais”, explica Amanda.

Os modelos de funko pop podem ser diversos. Cromados, metálicos, em tamanho pequeno, médio ou gigante – conhecido como supersize –, além dos especiais. Existem, por exemplo, funkos que são criados para serem lançados e vendidos apenas em eventos e convenções.

Há aqueles produzidos em quantidades limitadas, e que acabam por ser raríssimos de encontrar. A equipe de Amanda procura até mesmo em leilões para encontrar os itens pedidos pelos colecionadores.

Além dos bonecos, na Moça do Pop os amantes da cultura geek também poderão encontrar outros produtos da marca oficial, como chaveiros, camisetas, canetas e mochilas da Loungefly, que também faz parte da marca Funko.

Na loja, Amanda também vende produtos da Shop Disney, como pelúcias, roupas e acessórios vindos diretamente de Orlando, na Flórida.

Hoje, ela acredita que sua loja é seu sonho realizado e vai buscar ajudar e encantar muitas pessoas com os bonecos. “O amor é o que move o mundo e as pessoas, é o que move aqui”, finaliza Amanda.

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Serviço
Moça do Pop
Endereço: Rua Neder Issa 1-80 – Sala 3 – Vila Guedes de Azevedo
Horário de atendimento: de segunda a sexta, das 9h às 18h, sábado das 9h às 17h
Contato: (14) 99878-5755
Site: mocadopop.com.br
Instagram: @mocadopop
Facebook: /mocadopop

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