Se o número de seguidores no Instagram ditasse a popularidade das pessoas, Renato Ferreira da Silva (também conhecido como Renato Shippee) seria mais popular do que outros conterrâneos como Marcos Pontes, Mônica Sousa e Edson Celulari. Sim, todos eles são bauruenses!

Nascido e criado em Bauru, Renato é o criador da personagem Karen Kardasha, que acumula 4,2 milhões de seguidores na rede social, até o momento da publicação desta entrevista.

Há cinco anos morando nos Estados Unidos, o bauruense volta a cidade para reencontrar a mãe e a irmã. A ocasião é o aniversário das duas. Em meio a compromissos pelo Brasil afora, ele passa apenas dois dias na Sem Limites, e revela, “queria ter mais tempo para trazer a Karen pra cá”.

Rodeado da família e de amigos em volta de uma mesa no restaurante Alex Village, Renato encontra a equipe do Social para um bate-papo. Confira:

– Há quanto tempo você está fora de Bauru?

Cinco anos, mas morei aqui durante 26 anos; nasci em Bauru e fui criado em Bauru. Minha família toda está aqui, minhas irmãs foram mudando, mas minha mãe e minha raíz continua aqui.

– É por isso que você sempre volta? Hoje, por exemplo, é uma data especial?

É aniversário da minha irmã e minha mãe faz aniversário daqui quatro dias, então a gente vai comemorar juntos. Depois de amanhã eu já tenho uma gravação em Florianópolis, então só tive dois/três dias para ficar aqui.

– Você é formado em pedagogia, foi pastor, ator, cantor… Acredita que a Karen Kardasha é mais uma profissão?

Também fiz cobrança! Não tem como não ter passado por cobrança morando em Bauru (risos).

A Karen, hoje ela é meu trabalho, eu vivo da Karen. Ela é extremamente lucrável. Como eu vivo nos EUA é uma realidade diferente. Mas ela é um fenômeno tão forte no Brasil, aonde eu for as pessoas sabem quem é Karen Kardasha.

No começo foi uma brincadeira nos stories do meu perfil pessoal, como Renato, e vi que as pessoas tinham gostado. E eu gostei também do ar daquilo. Eu nunca quis ficar famoso com a minha imagem, sou meio tímido e muito exigente com como eu apareço. Então não queria ser famoso assim.

Como acontece com a Karen, que tem um filtro que não aparece meu rosto e eu posso mexer no cabelo, não sou eu, então tudo bem! Quando aconteceu isso, já na primeira semana, mandei uma mensagem para uma amiga minha e falei ‘preciso de ajuda para fazer ela estourar’, porque se eu conseguir fazer dinheiro com isso, eu vou ser muito feliz.

Comecei a focar muito nisso, então começava a gravar seis horas da manhã, fazia maquiagem, passava uma base para o filtro dela ficar perfeito. E eu nunca tive cabelo comprido, foi a primeira vez quando a Karen surgiu.

– Desde quando você está deixando o cabelo crescer?

Desde o final de 2018. Então faz dois anos e meio mais ou menos.

– E a Karen bombou nos EUA também ou mais aqui no Brasil?

Foi no Brasil, mas eu não diria só Brasil. Porque o que bombou o Instagram da Karen foi o fato dela morar fora, quando ela começou, ela tava em uma casa do lago, com neve. O fato dela bombar foi as pessoas no Brasil olharem ela e se identificarem. No Brasil, pode até ter pessoas que não sabem quem ela é, mas brasileiro morando nos EUA com certeza sabe.

– O que você mais sente falta de Bauru?

Quando você mora em um lugar tanto tempo na vida é difícil. Morei 26 anos aqui, tudo o que eu sei da minha vida é Bauru. Se eu chego em Los Angeles, eu tenho a impressão de que eu conheço muito bem a cidade, porque teve uma época que eu trabalhei seis meses como Uber. Então eu conheci a cidade inteira, mas a sensação é diferente. Quando eu chego em Bauru, eu vejo os lugares e me bate aquela memória de infância. Eu passo em frente a uma escola, eu lembro das brincadeiras que fazia.

Então Bauru me dá essa recarga de energia, no sentido de mostrar quem eu sou, de onde eu vim, isso é minha história. Bauru representa como eu sou, a minha personalidade, acho que a cidade não é pequena, mas é de interior; não é grande, mas você não sente falta de coisas de cidade grande. Então é como eu me sinto como pessoa, se estou hoje entre famosos, celebridades e pessoas milionárias, hoje nesse meio, eu sinto que eu não sou isso, mas me sinto parte disso. Sinto que eu não sou pequeno, mas não ajo como se eu fosse algo grande.

Bauru me representa muito. Pra mim, tudo isso, me relembra quem é Renato e quem é Karen. A Karen Kardasha tem essa coisa de esquecer do passado e o Renato tem esse negócios de voltar para lembrar.

– Se Karen Kardasha conhecesse a cidade, o que você acha que ela falaria?

Acho que seria uma situação engraçada, acho que seria muito divertido. Eu senti muito que não tive mais dias, mas queria ter trazido ela para Bauru, queria que ela tivesse interagido com a cidade.

Mas da próxima vez…

– E a Karen Kardasha ainda não conheceu o Tim Maia, mas quem ela já conheceu que foi marcante?

Uma pessoa que eu queria muito conhecer era a Anitta. No decorrer do período até eu encontrar com ela, eu já tinha conhecido outras pessoas. Então quando eu encontrei ela, eu já estava mais preparado para o momento, então não me surpreendeu tanto quanto eu imaginei que seria.

Eu acho que quem me deu esse choque de ‘poxa, estou perto desta pessoa’, uma pessoa que me marcou muito, que eu fiquei olhando e pensando… foi a Carla Perez.

Eu aprendi a dançar com ela. Eu fiz o clipe de Havana com a Camila Cabello, e eu passei no teste por ser bom dançarino. Eu nunca fiz aula, e na minha época era ‘É o Tchan”, e quem sempre foi o nome mais marcante foi a Carla Perez. Quando eu encontrei com ela pessolmente e a gente virou amigo, eu ficava ‘meu Deus é isso mesmo?’.

Acho que seria a mesma coisa se eu conhecesse o Mamonas Assassinas, que eu sei que não está vivo! Mas acho que seria a mesma sensação, aquela coisa de infância, que eu escutava, dançava, era fã e fez parte da minha vida. Eu analisava as letras de música deles, eu analisava que eles escreviam as rimas todas em proparoxítonas, é raríssimo isso, é um talento muito bom!

Então quando eu tive a noção de que estava perto dela, que foi tão parte da infância, fez muita diferença.

– Você foi para os EUA ser ator, mas é cantor, modelo.. Então os planos para sua carreira mudaram ou você vai conciliar tudo isso?

Desde muito novo as pessoas falavam “Renato você faz de tudo”. Porque eu desenho, eu pinto, eu canto, eu gosto de fazer tudo! Então para as pessoas era “o que você não faz?”. Quando eu comecei com a Karen, eu percebi que aquilo sou eu. Se eu só focar na Karen, ou só em ser ator, eu vou viver uma vida que não é a minha.

A Karen está me dando a oportunidade de ser eu, então eu quero ser eu. Eu gravo a Karen, tiro a roupa, então agora eu sou o Renato. E ele está fazendo projeto de música infantil, projeto de álbum musical, projeto de filme, documentário, tem outras coisas que eu fico trabalhando.

O projeto de música infantil no Youtube, por exemplo, é a Karen que tem esse projeto, mas quem faz é o Renato, quem escreve as músicas, quem desenha os personagens. Eu podia enviar para uma produtora, mas eu prefiro fazer eu mesmo.

– Quando você vem a Bauru, o que não pode deixar de fazer?

Tirando ver meus amigos e a minha família, seria fazer o cabelo com o Mateus (risos). Eu gosto muito da Praça da Paz, comer as coisas de lá! Eu adoro.

– E você voltaria para Bauru?

Só se eu virasse prefeito. Se eu fosse prefeito eu voltava para Bauru, agora, de qualquer outra forma, não.

– Se você fosse prefeito, o que você faria?

Eu não gosto da política de Bauru. A cidade tem um potencial muito grande, desde pequeno eu vejo muito isso. Fico pensando, ‘porque Bauru não faz isso?’; ‘porque o transporte é desse jeito?’; ‘porque não tem um ônibus interbairros gratuito?’.

Pra mim, a cidade poderia fazer mais e não faz. Isso sempre me chateou muito. A minha mãe era diarista, e eu via minha mãe sair sete horas da manhã, andar 40 minutos a pé para fazer faxina, porque ela não tinha dinheiro para o ônibus, porque se pagasse já era 30% do salário do dia. Então eu sofri na pele a política de Bauru ser tão ruim. Então se fosse pra mudar isso, eu moraria aqui.

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