Combinando conhecimento científico com saberes tradicionais e populares, a agroecologia é uma forma de agricultura sustentável que vem ganhando espaço.
Não é de hoje que ela existe e, ao contrário do modelo de monocultura imposto pelo agronegócio que compromete a biodiversidade e a segurança alimentar e nutricional dos brasileiros, o movimento produz uma variedade de produtos de maneira harmoniosa com a natureza, sociedade e cultura.
É o que explica Thais Souza, bióloga pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e integrante do grupo Mulherando Agroecologia, iniciativa agroecológica da região de Bauru.
“Agroecologia está relacionada com um modo de vida. É ciência, prática e movimento. É o exercício do olhar sistêmico sobre o todo, integrar de forma holística e harmônica a existência do ser humano com a natureza e todos os outros seres, respeitando assim, a história, a cultura e a conservação dos territórios”, afirma.
Thais Souza comercializa produtos agroecológicos e trabalhos manuais em feira (Foto: arquivo pessoal)
Como exemplo disso estão as produções, sem uso de agrotóxico, fertilizantes artificiais e transgênicos, de alguns territórios ocupados pelos povos da floresta, comunidades tradicionais e agricultores familiares.
Foto: divulgação/Mulherando Agroecologia
Agroecologia em Bauru
Aqui em Bauru há algumas experiências que produzem e comercializam produtos agroecológicos, dentre elas: Mãe Terra, Mulherando Agroecologia e Luiz Beltrame.
Todas as iniciativas mencionadas cultivam os alimentos em assentamentos, unidades agrícolas instaladas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), onde anteriormente existia um território rural sem função social.
Os produtos englobam desde frutas, verduras e legumes a laticínios, massas, grãos, temperos, sucos e demais produtos artesanais, como geleias, doces e bolos.
Foto: divulgação/Mulherando Agroecologia
Dificuldades
Entretanto, apesar da atuação ao longo dos anos, esse modelo de agricultura enfrenta algumas dificuldades.
“A agroecologia se constrói como contra-hegemonia ao modo de produção do agronegócio, portanto, é um grande desafio massificar esse projeto. Nos falta recursos e maquinários adequados – de baixo impacto, necessitamos de investimento para pesquisas dentro da área e, mais do que tudo, políticas públicas de incentivo”, informa Thais.
Apesar disso, a bióloga cita o auxílio recebido de outras organizações, como Articulação Paulista de Agroecologia (APA), a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e o Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Foto: divulgação/Mulherando Agroecologia
Onde e como comprar
Em contrapartida, as iniciativas bauruenses apostam na comercialização direta com o consumidor, uma das formas de continuar produzindo comida de verdade e gerando renda às famílias assentadas.
Para isso, elas utilizam redes sociais próprias (Instagram, Facebook e grupos no WhatsApp) e a plataforma Faz a Feira, site gratuito que possibilita a criação de uma loja virtual para cada pequeno produtor.
Segundo Renata Caroline, membro do assentamento Laudenor de Souza e do projeto Mulherando Agroecologia, o Faz a Feira facilita a comercialização direta dos insumos produzidos pela unidade, situada em Brasília Paulista, distrito de Piratininga.
“O e-commerce possibilita que façamos as vendas locais, fomentando o comércio local e a economia solidária. É fácil de ser utilizada pelo comprador e ainda nos gera um sistema de gestão de vendas, com relatórios completos”, afirma.
Foto: divulgação/Mulherando Agroecologia
Lá, é possível encomendar cestas prontas ou solicitar produtos avulsos. Depois do pedido feito, as entregas ocorrem na área urbana de Bauru uma vez por semana. Normalmente, isso é decidido de acordo com cada iniciativa.
De acordo com os desenvolvedores do Faz a Feira, a plataforma visa fortalecer os laços entre produtores e consumidores, visto que “quando fazemos compras em um supermercado convencional, menos de 5 centavos de cada real gasto vai para quem produziu”.
Assim, há a possibilidade de investimento no próprio processo de produção alimentar, além de melhorar a qualidade de vida de quem é trabalhador do campo.
O preço da agroecologia
Por sair da lógica dos supermercados e produzir alimentos de forma sustentável com o meio ambiente, cultura e trabalhadores, o preço dos produtos variam conforme a colheita.
Foto: divulgação/Mulherando Agroecologia
Mesmo assim, a longo prazo, os benefícios são múltiplos, tanto para quem produz, quanto para quem consome. Em entrevista ao Social Bauru em 2018, Henrique Baviera, agricultor familiar, ressalta a importância de consumir alimentos sem veneno.
“Pensando pelo lado da saúde, você está investindo para que no futuro não gaste com consultas médicas e nem com remédios, podendo assim ter uma qualidade de vida melhor, promovendo também mais saúde para quem planta e incentivando o agricultor a continuar nesse caminho. Além de contribuir com uma produção sustentável que não agride e contamina o meio ambiente”, explica Henrique.
Serviço
Mulherando Agroecologia
Telefone: (14) 99153-9497
Site: www.fazafeira.com/cestasagroecologicasmulherando
Instagram: @cestas.agroecologia
Facebook: /cestasagroecologicasbauru
Luiz Beltrame
Telefone: (14) 98128-3194
Site: www.fazafeira.com/assentamentoluizbeltrame
Instagram: @cestas_agroecologicas_beltrame
Mãe Terra
Telefone: (14) 99695-3609
Site: www.fazafeira.com//cestasmaeterrabauru
Instagram: @cestasmaeterra