A expressão do traço, o fator artesanal e a ligação com a cultura popular são algumas características que chamam a atenção de Natália Bispo na xilogravura, técnica que consiste em entalhar uma imagem na madeira e reproduzir no papel (similar a um carimbo).

Aliás, foi justamente esta técnica que a artista escolheu para representar animais ameaçados de extinção em um série de 12 obras. O tema abordado, bem como a técnica utilizada, surge do interesse pessoal de Natália em homenagear e destacar a importância da riqueza natural que compõe o território do país.

A partir deste sábado (25), os bauruenses poderão visitar a exposição “Biomas do Brasil”, da artista Natália Bispo. Além das obras, os visitantes também poderão conhecer mais sobre a xilogravura e conferir as matrizes de origem das obras.

A abertura contará com apresentaçao musical da produtora Redskywalkersounds e a mostra fica até o dia 15 de julho no Centro Cultural Acesso Popular.

A curadoria da exposição é de Ana Maria Barbosa Machado, que conheceu Natália em um curso de produção cultural do Senac. De acordo com a curadora, que revela admiração pela sensibilidade da artista, dois pontos que chamam atenção nas obras são a delicadeza e o realismo.

“O que mais chama atenção nas obras da Natália é o talento dela. A delicadeza com que ela fez as matrizes e os animais em extinção. A impressão que a gente tem quando olhamos as obras é de ver o animal e sentir a fragilidade dele”, aponta Ana Maria.

Para conhecer um pouco mais sobre “Biomas do Brasil”, conversamos com Natália Bispo. Confira o bate-papo:

– Para esta exposição você escolheu a xilogravura. Você trabalha com outras técnicas?

Escolhi a xilogravura porque é a linguagem que eu tenho desenvolvido nos últimos anos. A estética e a linguagem da xilogravura representam mais essa série que eu quis realizar. Mas eu trabalho com outras técnicas sim, como desenho, pintura, gosto muito de edição de vídeo também e foto. Essas são algumas das linguagens que eu tenho trabalhado mais.

– Por que a xilogravura para “Biomas do Brasil”?

A característica dela tem uma raiz histórica no mundo das artes e uma ligação muito forte com o popular, com a arte popular, com a cultura popular. Aqui no Brasil, por exemplo, a literatura de cordel tem as poesias ilustradas com a técnica e linguagem da xilogravura. Então, para falar do Brasil, das características do país, das riquezas naturais, da fauna e da flora, a xilogravura conversaria muito mais com o trabalho.

A escolha para esta série é caracterizar a técnica que não é tão disseminada e conhecida por todos os públicos. Eu quis divulgar um pouco essa arte que eu me interesso muito, que eu vejo uma característica visual bem interessante de expressão.

– O que mais te chama atenção nesta técnica?

A forma como ela expressa o traço. O fato de ser preto e branco e de trabalhar os contrastes. Além de, ao longo da dinâmica, exigir bastante paciência, porque é um trabalho artesanal de entalhe na madeira. Então, dependendo da imagem que você escolher, vai demorar mais tempo. Por isso desenvolve outros lados do artista que eu acho importante.

Além disso, coloca-se um diálogo muito interessante de processo artístico em relação a incorporar o erro. A partir do momento que você cava a madeira, não dá para desfazer o traço que você fez com a ferramenta. Fez está feito!

Se algo saiu dos planos, você vai ter que incorporar aquele traço de uma maneira que fique interessante e que não perca o trabalho. Lidar com o inesperado é uma das coisas que me interessam também nessa linguagem.

Sobre Natália Bispo

Natural da cidade de São Paulo, Natália Bispo percebeu o interesse pela área artística desde criança. “Eu gostava muito de desenhar no período escolar. Então lá pelos meus oito, dez anos eu pegava revistas e coisas que me interessavam, e ficava olhando e copiando, fazendo desenho de observação”, relembra a artista.

Formada em Arte Visuais pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e pós-graduada em Arte-Educação, Natália começou a realizar trabalhos aqui em Bauru, onde mora há cinco anos.

Ela percorre um caminho onde o ensino das artes se fez presente, atuando em escolas, projetos sociais e culturais. Junto a este percurso realizou trabalhos nas artes visuais que destacam a xilogravura, desenho e vídeo. Seus trabalhos abordam os espaços, lugares e mapas subjetivos, que expressam de maneira “geográfica” sentimentos e afetos.

Serviço
Exposição “Biomas do Brasil”
Data: de 25 de junho a 15 de julho
Local: Centro Cultural Acesso Popular (Rua Araújo Leite 15-88)
Horário de funcionamento: de quarta a domingo, a partir das 20h
Instagram: @nataliabispo.gossler e @mapazultrajetosartisticos

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