Regina Damiati, 54, tinha apenas sete anos quando começou no mundo da música. Durante as visitas na casa da tia, em Birigui-SP, passava horas brincando com o piano da família. Ao perceber a vontade da filha, a mãe de Regina resolveu inscrevê-la em aulas do instrumento.

“Minha mãe chegou no colégio e falou para a irmã assim: Olha, só estou trazendo ela para fazer piano porque ela pede todos os dias! Mas se ela não tiver dom, não tem problema”, lembra enquanto ri.

A verdade é que Regina tinha vontade e fez de um gosto de infância a profissão da vida. Começou ali na escola, onde aprendeu a dar os primeiros acordes no piano com a ajuda da madre Gina Toigo, professora que a recebia com atenção, cumprimentos carinhosos e paciência. Ao crescer, continuou na área em outras instituições até se formar no instrumento.

Já em Bauru, a ourinhense investiu no curso de educação artística com licenciatura em música, na então Universidade do Sagrado Coração (USC), atual Unisagrado. Naquela altura, na casa dos 20 anos, colecionava anos de experiência no ramo, além de alunos de piano e iniciação musical. Ali, ela já sabia que, para além de ser musicista, uma das suas maiores aptidões consistia em ensinar.

Primeiros passos de uma regente

Entretanto, tudo começou a mudar com o pedido de um pai de uma aluna de piano. Por meio dele, a professora e pianista passou a conceber a ideia de ser regente. O ano era 1994 e Regina montava o primeiro coral infantil.

“Eu dava aula de piano em Bauru e um pai chegou em mim e perguntou: ‘Regina, por que você não monta um coral? Criança adora cantar!’ Eu disse que eu não era regente, mas ele insistiu. Então, peguei os alunos, levei em casa e montei um coral. Mais tarde, fiz a audição dos alunos de piano e coral. O coral fez mais sucesso que a atuação dos alunos ao piano. Foi então que comecei a pensar em formar um coro”, lembra.

Foto: arquivo pessoal

Na época, sem acesso à internet, Regina conta que era uma tarefa árdua conseguir material didático ou de repertório sobre o tema. Ainda mais tratando-se de coro infantil, que distingue-se do coro adulto desde o método de ensino à capacidade física, motora e de repertório de cada participante.

Exatamente por isso ela investiu em cursos profissionalizantes e, com o tempo, os frutos foram visíveis. Por volta de 2000, seis anos após a produção do primeiro coral, a regente já colecionava coros adultos e infantis em iniciativas públicas e privadas.

“Cheguei a manter dez corais em Bauru ao mesmo tempo. Fazia até 13 ensaios por semana! Teve um Natal em que fiz 60 apresentações”, informa.

Alunos abraçam Regina após apresentação (Foto: Divulgação/Washington Rodrigo)

São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul foram os estados que a profissional já passou para aprender com quem entende. Hoje em dia, Regina tem 54 cursos, além da graduação em licenciatura em música e pós-graduação em Regência, que concluiu em 2009. Quando se trata de corais em que foi regente, a profissional soma 21.

Além das profissionalizações, Regina contou com algumas influências. A começar pela parceria com a professora universitária Vera Marcondes, que a estimulou a adentrar na área e reger mais iniciativas infantis. Já a maestrina Mara Campos (na foto acima), expoente do canto e regência no Brasil, entrou como uma das grandes referências da profissional. (Foto: arquivo pessoal)

Como nasceu o Rumo ao Duo?

Foi durante alguns cursos e workshops que a profissional resolveu escrever um livro sobre regência com o intuito de que os coros saíssem do uníssono, modo em que um conjunto de vozes canta igual, sem diferenciação entre elas.

“Nos cursos em que eu ia, sempre perguntavam: ‘Como faço para sair do uníssono?’ E ninguém sabia ao certo ou respondiam ‘cânone’. Mas não concordo. Em uma das aulas, comecei a pensar e a escrever sobre como eu poderia fazer as crianças dividirem a melodia e então criei sete passos, ao todo, o Rumo ao Duo apresenta dez passos [para alcançar a divisão em vozes]”, afirma a regente.

Nessas ocasiões começou a nascer o “Rumo ao Duo”, livro lançado em agosto deste ano com o intuito de, antes de qualquer coisa, fortalecer a prática do coral no Brasil. Por meio dele, a regente traça um sistema metodológico em que ensina aos profissionais da música e amadores a conduzirem os coros à abertura de vozes, estilo em que cada pessoa canta de um modo. Por conta disso, de acordo com a autora, o assunto e o método são inéditos na área e foram patenteados.

“O livro é um sistema metodológico musical para gerar eficiência na abertura em vozes. É uma trajetória que foi baseada no processo cognitivo de aprendizagem, por meio da percepção auditiva, e que visa conseguir cantar uma melodia mesmo que tenha outras interferências concomitantes”, informa. “Mas ele não fala só sobre isso. No livro, relato sobre a preparação do regente, importância da colocação vocal, coordenação motora, autoconhecimento etc.  Ainda apresento o papel do regente, planejamento e relatório, como elaborar um projeto, diário de ensaio, como dividir em vozes escolhendo quem vai fazer o que.” complementa.

O Rumo ao Duo levou cerca de oito anos para ficar pronto, tendo no período da pandemia o momento de maior produção, já que a autora conseguiu selecionar tempo para estudo e escrita. Ele foi pensado e elaborado levando em consideração os coros infantis e infantojuvenis. Entretanto, a autora ressalta que o material tem cunho didático, pode e deve ser utilizado por qualquer faixa etária, ideologia, segmento e categoria.

Nele, há teorias, exercícios, planejamentos e até noções de organização de projetos. Um trabalho autoral elaborado por Regina, que levou para às páginas mais de 30 anos de experiência no ramo.

Venda do livro Rumo ao Duo e capacitações

O Rumo ao Duo está disponível para compra em plataformas digitais (Amazon, Submarino, Americanas, ShopeTime e Editora Fontenele) ou por meio de contato direto com Regina com o telefone (14) 99792-6740.

Ela conta que já vendeu 25% dos exemplares em menos de um mês de lançamento, juntamente com capacitação sobre o tema. Tem oficinas marcadas em alguns estados brasileiros.

“Estou com alguns exemplares porque quero levá-los durante as capacitações que quero dar presencialmente. Por exemplo, tem um regente em Brasília que está viabilizando uma maneira de montar um espetáculo de final de ano comigo, onde também eu ficaria responsável por capacitar quatro regentes que participarão deste evento”, finaliza.

Além disso, Regina compartilha que alguns estudiosos da área estão utilizando o material dentro das universidades e centros de estudos.

É possível saber mais por meio do site da publicação www.rumoaoduo.com.br.

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