Calma, calma, eu adorei o filme, depois de mais de vinte anos, tivemos o Logan com seu traje amarelo. O filme é uma despedida do universo da Fox (já vai tarde) mas deixa em aberto os mutantes no MCU.
Dito pelo próprio Deadpool “Bem-vindo ao MCU, pena que você chegou em uma fase ruim”, acho que é um resumo perfeito da sensação que tive assistindo o filme. Ele tem tudo que a gente sempre quis e entregou tudo. Mas, faltou uma história um pouco mais complexa. Abarrotado de referências e piadas afinadas, cenas de ação divertidas, acho que foram as melhores da franquia. Porém, esse tema multiverso deu uma enjoada, convenhamos.
O filme reúne o icônico mercenário tagarela Wade Wilson (Ryan Reynolds) e o poderoso mutante Wolverine (Hugh Jackman) em uma aventura explosiva, escrita e produzida pelos mesmos talentos por trás de Deadpool (2016) e Deadpool 2 (2018). Wade Wilson desfruta de um momento de aparente calma ao lado de Vanessa (Morena Baccarin) e seus amigos e, em contrapartida, Wolverine se recupera de seus ferimentos. Um têm os seus caminhos cruzados com o outro, dando início a uma improvável aliança. Juntos, eles enfrentam um inimigo formidável em comum, desencadeando uma jornada repleta de ação, humor e reviravoltas surpreendentes. Deadpool & Wolverine promete ser uma aventura épica, cheia de referências aos quadrinhos e momentos de pura adrenalina, proporcionando aos fãs uma experiência única e inesquecível no universo dos super-heróis.
O filme é basicamente dividido em três atos, o primeiro de introdução, ou melhor, de uma nova introdução do Deadpool, o segundo a vilã é apresentada e o terceiro (o pior) é a resolução, no geral, o roteiro joga no seguro se torna bem previsível.
O ponto mais alto é a forma que eles conseguiram resgatar vários personagens dos primeiros filmes da franquia da Marvel na FOX. Algumas surpresas boas, outras renderam ótimas piadas, e outras, um pouco frustrantes. Quem cresceu no começo dos anos 2000 com os filmes do X-Men, Quarteto Fantástico, Blade, Demolidor (sim, aquele do Ben Affleck), Elektra vai curtir bastante. Apesar das piadas internas que servem apenas para quem está acostumado com o universo dos quadrinhos. Outros tempos…
E pensar que nessa época eu me empolgava em assistir o filme do Blade 3. Bate uma nostalgia, mas depois eu fico pensando, que esses filmes eram bem ruins. Era um sentimento “é o que tem pra hoje”. E hoje a gente tem a ousadia de reclamar dos filmes da Marvel.
Apesar de inúmeros personagens, piadas, referências e um Wolverine em destaque, o filme é dele, sempre dele, Deadpool tem o foco e tudo ao seu redor gira em torno disso. As cenas com os dois funcionam como os antigos filmes de “Buddy cop”, a dupla que se odeia, não se entendem, mas no fim, possuem carisma e muita sintonia, é uma fórmula muito comum, e que nesse filme, tanto pelos personagens e principalmente pelos atores, ela funciona muito bem. A dinâmica dos dois lembra filmes como: Máquina Mortífera (1987), A Hora do Rush (1998), Os Bad Boys, até MIB (1997), etc.
Em comparação aos filmes anteriores, a terceira parte é muito melhor, em todos os quesitos, apesar de achar que o primeiro filme se resolve melhor no roteiro. O Vilão é melhor, apesar do Cable no segundo ser bacana, isso porque eu não lembro de quase nada deles. Este, com certeza, é bem mais marcante. O problema aqui é um fiapo de história que não liga direito, nem ao universo da Marvel, e muito menos no universo da Fox, no fim, ele pareceu estar perdido no tempo. Joga no mínimo, mas no fim, quem se importa?! Eles entregaram o que prometeram, e isso basta, ou não.
A trilha sonora funciona muito bem e é mais dinâmica, segundo a própria cartilha dos filmes anteriores, mas aqui temos momentos incríveis ao som de ‘N Sync. Trocou o Hip Hop para sons mais pop. Tinha até Avril lá… Apesar que lá para o final, quando tocou Aretha Franklin me emocionou. Segue playlist: link
A direção ficou com o amigo da galera, Shawn Levy, do qual, ele, Hugh e Ryan são amigos de verdade, e essa química permitiu toda a liberdade que tiveram para promover o filme e conseguir a aprovação para tanta loucura. Tiveram coragem de emplacar um filme +18 em tempos de crise de estúdio e cinemas vazios, mas com certeza, esse filme já é um sucesso.
Shawn Levy é um bom diretor e já tem um histórico de ter trabalhado com os dois atores em diferentes momentos, diretor de filmes como O Projeto Adam, Uma Noite no Museu 1, 2 e 3, o divertido Os Estagiários. Esteve com Hugh em Gigantes de Aço e com o Ryan no mediano Free Guy. Ele tem um bom histórico com comédias e isso com certeza foi fundamental para que esse filme seja o mais engraçado dos três.
Ryan Reynolds está mais solto do que nunca, esse é o seu grande trabalho, apesar de certos exageros, um lado mais egocêntrico e vaidoso, mas o Deadpool está bem mais “maduro” com aspas. Hugh Jackman sempre excelente como Logan, mas aqui é um versão bem diferente de tudo que a gente já viu. Outro destaque é a Vossa Majestade Emma Corrin (famosa por interpretar Diana em The Crown) que está muito bem, até o final, onde o roteiro fez ela perder completamente sua motivação, mas Corrin entrega muito bem.
O filme está abarrotado de referências, quando sair a versão digital, valerá a pena pausar frame a frame para identificar. Alguns são gratuitos, outros são divertidos. Algumas piadas internas, MAS BEM INTERNAS, outras mais simples. Baita ponto positivo que eles souberam investir. Mas assim, olhando por esse lado, até justifica uma história simplória, afinal, para ver esse filme, você não precisa ter visto nada muito recente para entender. Ajuda, mas não é tão necessário. TVA e a Logo da 20th Century Fox são auto explicativas durante o filme. O restante não posso falar, para não dar spoiler, mas se você cresceu/ sofreu com os filmes da Marvel no começo dos anos 2000, você irá reconhecer muita coisa.
Vamos lá, o filme é uma nova versão do ULTIMATO? O filme vai mudar o rumo do MCU? É o melhor filme dos mutantes?
Não…
Minha grande decepção foi o fato dele não conseguir escolher exatamente o que ele quer ser. Tudo o que acontece no filme não muda NADA. Nenhuma consequência reverbera, aliás, esse é o grande problema da Marvel atual. O filme termina basicamente do mesmo jeito que começa. A bagunça cronológica continua, a falta de equilíbrio sobre o multiverso se mantém. Aliás, nesse ponto, fica aqui minha polêmica: Doutor Estranho no Multiverso da Loucura> Homem-Aranha: Sem Volta para Casa> Deadpool & Wolverine. Goste ou não, Dr. Estranho é muito mais bem resolvido sobre o tema.
Chego a conclusão que Deadpool & Wolverine não chegam nem no TOP 5, se pensar bem, não chega a ser TOP 10. Mas tudo bem.
Deadpool & Wolverine é honesto, atinge nossa emoção e nostalgia, trouxe ótimas piadas, se alongou em outras, mas no final, o resultado é bem positivo. Talvez o maior problema seja a bendita EXPECTATIVA. Mas as cenas de ação são ótimas, a dinâmica funciona muito bem e trouxe um quentinho no coração para os fãs do X-Men. A nostalgia de uma época mais simples (vídeo pós crédito da FOX), mas que tenho zero saudades. Ainda bem que hoje reclamo de um filmão como esse, porque eu já tive o azar de ir ao cinema (antigo Cine Bauru na 13 de Maio) para assistir Elektra e Quarteto Fantástico. Eita 2004/2005…
No geral, o filme é um alívio necessário, desviando-se da saturação dos filmes da Marvel. Seja por ser a única produção do estúdio neste ano ou por atender às expectativas dos fãs, exibindo Logan em ação com seu traje original e entregando duas horas de puro entretenimento. Se a essência era divertir, deu certo, mas podiam sim, ter entregue uma historinha um pouquinho assim melhor, algo que pudesse enfim, colocar os mutantes dentro do universo da Marvel.
Enfim, bom mesmo era ver Motoqueiro Fantasma de 2007 com Nicolas Cage, né Gabriel… só reclama MEU DEUS!
Escrevo enquanto quebro a quarta parede. Acho que preciso ver esse filme novamente.
Deadpool & Wolverine
Veredito: 3,5/5
Onde assistir: Nos cinemas
Diretor: Shawn Levy
Agregador no Rotten Tomatoes: 82%
Avaliação IMDB: 8,3/10
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