Eu confesso que nunca imaginaria que eu teria uma continuação de um dos filmes mais divertidos da minha infância. Os Fantasmas se Divertem era mágico, tinha humor, tinha terror e um visual super diferente de tudo da época. E sempre me deixava com um gosto de quero mais. O filme era curto e mal dava para curtir tudo. Eu sempre pensava, EU QUERO MAIS!
Aí teve o desenho animado, mas não era a mesma coisa, um pouco depois eu assisti o filme do Máscara com o Jim Carrey, tinha a mesma pegada, mas era melhor e mais engraçado. O tempo passou e eu esqueci. Um pouco mais velho e entendendo mais o mundo, fui impactado pelos filmes do Tim Burton e lá no fundo da gaveta, esse filme voltou. E eu acho que não foi a mesma coisa, ele não envelheceu tão bem quanto eu gostava, mas ainda era bem legal. Anos depois virou cool novamente.
A relação de amor e frustração passaram, e voltei a dar o valor, voltei a curtir e entendi a proposta e as limitações da época, e de fato, o quanto esse filme influenciou uma geração, tanto pela estética, quanto pela ironia na história.
No meio de tantas sensações, sempre ficava o sentimento de “eu ouvi dizer que vai ter o dois”, isso em uma época pré banda larga e redes sociais, mas nunca aconteceu. E depois de uma pandemia, esse filme voltou.
Em épocas de nostalgias e um 2024 de continuações e remakes, este ano se tornou o período perfeito para o primeiro clássico de Burton voltar aos cinemas. Ano passado Keaton aqueceu nossos corações voltando como Batman no questionável filme do Flash (link), e agora volta com Burton.
Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice é a continuação direta do clássico pop Os Fantasmas se Divertem, dirigido por Tim Burton e lançado em 1988. Na nova trama, voltamos à casa em Winter River, onde três gerações da família Deetz se reúnem após uma tragédia inesperada. Lydia Deetz (Winona Ryder), agora adulta, é mãe da adolescente Astrid (Jenna Ortega).
A jovem introvertida, ao explorar o sótão da antiga casa, descobre a misteriosa maquete da cidade e, inadvertidamente, reabre o portal para o mundo dos mortos. Esse ato inesperado traz de volta o excêntrico fantasma Beetlejuice (Michael Keaton), que, mais uma vez, transforma a vida dos Deetz em um verdadeiro caos. Com seu humor peculiar e seu estilo único, Beetlejuice promete causar novas confusões, misturando o mundo dos vivos e dos mortos de uma forma que só ele sabe fazer.
O filme acaba repetindo muitas piadas do primeiro, falta um pouco de inspiração e se prende a nostalgia. Por um outro lado, o roteiro abre para muitas histórias menores, que no fim acabam sendo pouco exploradas. Fica a sensação que o Burton ficou preso na coleira. Faltou mais loucura, hoje tem recurso pra isso. Porém, focar no seguro é uma chave importante, acertou onde podia e errou onde era esperado. Faltou um elemento surpresa, muito marcante no primeiro.
O elenco novo tem carisma, Jenna Ortega é a nova cara do Tim, apesar que tenho inúmeras ressalvas sobre ela. Acho bem fraca, mas Winona rouba cena, Keaton sempre excelente, apesar que fiquei com a sensação/ e ou saudades da dublagem do primeiro filme. Monica Bellucci é a parte mais fraca, de longe. Seu arco na história não levou para lugar nenhum.
Depois de muito tempo, eu não percebia um Tim Burton mais inspirado, falamos bastante dele aqui na coluna (Link). Depois de uma série de adaptações da Disney pouco inspirada. Aqui temos um Burton no tempo certo para dar continuidade a sua própria história, algo que não víamos desde Batman, o Retorno de 1992.
Maturidade e a escolha de integrar os efeitos especiais com sua marca deixaram o filme visualmente mais marcante. Mas de novo, tinha cenário para pirar mais. Aqui temos muita comédia e o abuso da ironia, gosto mais assim do que aquele pastelão que ele estava. Acho que tenho que admitir que Wandinha fez muito bem pra ele.
O filme original contou com a composição do clássico Danny Elfman – responsável pelas trilhas dos filmes e desenhos como: Batman 1989, Simpsons, Gênio Indomável, MIB: Homens de Preto, Peixe Grande, Homem Aranha 2002, Edward Mão de Tesoura, etc… parceiro de inúmeros filmes do Tim Burton. Aqui ele ficou apenas como um espelho da sua própria criação. É basicamente a mesma coisa.
Para fechar, Keaton é a alma do filme, é muito legal ver sua volta aos holofotes que desde Birdman, ele voltou com tudo. Ator é subestimado por anos, mas é um dos principais nomes de Hollywood dos anos 90 e que conseguiu se reinventar na hora certa. Ele repete muito dos maneirismos do filme original, mas a idade do ator com o tempo da história, ficou perfeito para dar a sensação de marasmo do tempo. Deu super certo.
Assim, como no primeiro, esse filme deixa um gosto de quero mais, cheguei em casa e fui abrir o Max para rever o primeiro, e ele, está excelente até hoje.
Filme de 1988
O filme fez muito sucesso, levando a uma série de desenho animado da televisão na década de 90. Tornou-se clássica uma cena do filme, na qual os Deetz e seus convidados do jantar dançam (possuídos pelos fantasmas) ao som da música “Day-O (Banana Boat Song)”, de Harry Belafonte. Michael Keaton gravou suas cenas no filme em apenas duas semanas. O personagem Beetlejuice utiliza 8 diferentes roupas ao longo de todo o filme.
Originalmente o filme seria um drama sobrenatural chamado “The Maitlands”, que abordaria as dificuldades de um casal em se adaptar com sua vida pós-morte. As cenas escritas no roteiro do filme e vários dos personagens eram bem mais mórbidos originalmente e foi apenas quando o ator Michael Keaton pediu a Tim Burton liberdade artística para desenvolver seu personagem que o diretor resolveu transformar o filme em uma comédia de humor negro.
Inicialmente a Warner Bros. era contra a utilização do título “Beetlejuice” e chegou a sugerir um outro título: “Scared Sheetless”.
Apesar do baixo orçamento, o filme foi um sucesso de bilheteria e abriu as portas para o diretor Tim Burton que anos mais tarde se tornaria um dos diretores mais respeitados de Hollywood.
Burton queria escalar Sammy Davis Jr. como o “bio-exorcista” Beetlejuice/ Betelgeuse (Besouro Suco), mas o estúdio não aceitou.
Jack Skellington, personagem protagonista de O Estranho Mundo de Jack aparece pela primeira vez em Os Fantasmas se Divertem (a caveira sorridente aparece no topo do chapéu circo/carrossel de Beetlejuice).
Catherine O’Hara entrou para o elenco do filme para substituir Anjelica Huston que, doente, precisou abandonar a produção.
A famosa cena do jantar seria embalada por uma música do grupo The Ink Spots, mas Jeffrey Jones e Catherine O’Hara achavam que a trilha deveria ser algo na linha do calipso, estilo musical afro-caribenho. Foi aí que Danny Elfman sugeriu “Banana Boat Song” de Harry Belafonte.
Beetlejuice usou diversos figurinos ao longo do filme, incluindo, além do famoso terno listrado, trajes de cowboy, guia de turismo, detetive dos anos 40, roupão de banho e um smoking rosa. Venceu na categoria de melhor maquiagem. Indicado na categoria de melhor maquiagem e melhores efeitos especiais. Venceu nas categorias de melhor filme de terror, melhor maquiagem e melhor atriz coadjuvante (Sylvia Sidney). Indicado nas categorias de melhor diretor, melhor música, melhor ator coadjuvante (Michael Keaton), melhor roteiro e melhores efeitos especiais.
O filme é legal, mas fica uma sensação de que demorou demais, afinal, ele é para quem era fã do antigo, ou para um novo público. Me lembrou o último Indiana Jones que saiu ano passado, ficou meio perdido no tempo. É feito para quem cresceu com o primeiro, mas ambienta para quem não conhece nada. Talvez esse tenha sido o problema. Ele foi uma obra do seu tempo, sua estética, piadas e hoje, um novo mundo, algumas coisas não rolam mais. Acabam ficando… como os jovens falam?! Cringe.
No geral, eu adorei, mas ficou fora do tempo, e acho que a gente esperou tanto tempo para uma continuação e ela saiu em um período que ninguém se importava mais. Espero que tenha público e que seja um sucesso, tem mais história para contar deste universo.
Ele é divertido e bem engraçado, fico aqui na torcida. Mas creio que passará batido nas bilheterias e assim, deve encerrar. E que talvez o terceiro “juice” não saia.
Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice, 2024
Veredito: 4/5
Onde assistir: Nos cinemas
Diretor: Tim Burton
Agregador no Rotten Tomatoes: 77%
Avaliação IMDB:7,2/10
OS FANTASMAS AINDA SE DIVERTEM: BEETLEJUICE BEETLEJUICE l Trailer Oficial #2