O Outubro Rosa, uma campanha global de conscientização sobre o câncer de mama, teve início nos Estados Unidos na década de 1990 e ganhou força no Brasil a partir de 2002. No entanto, a conscientização efetiva sobre a doença começou a se espalhar mais intensamente a partir de 2008.
A campanha busca promover o diagnóstico precoce, intensificando a realização de exames detectivos, como a mamografia, para o principal grupo afetado pela doença: mulheres com idade entre 50 e 69 anos.
A conscientização sobre o câncer de mama durante o mês de outubro é uma oportunidade de desenvolver um diálogo sobre prevenção e autocuidado, para todas as mulheres, incentivando ações que possam levar a um diagnóstico precoce e um tratamento menos agressivo.
Em Bauru, alguns eventos colaboram com a campanha:
- UBS
Durante o mês de outubro, todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) em Bauru realizam palestras em salas de espera com o tema “Câncer de mama”, “Inspeção de mamas”, “Realização de coleta de papanicolau” e “Solicitação de mamografia”.
Já o Dia D oferece acolhimento das mulheres por demanda espontânea, sendo ofertados às usuárias, solicitação de exames de mamografia de rastreamento, inspeção de mamas e realização de coleta de Papanicolau. Ele ocorre dia 19 de outubro, sábado, das 8h às 16h.
As mulheres que passarem por triagem nas UBSs durante o mês de outubro e que necessitam de avaliação médica serão encaminhadas para o Serviço de Orientação e Prevenção ao Câncer (SOPC) para avaliação especializada.
- CASA DA MULHER
No dia 03/10 às 8h, no auditório da Casa da Mulher, haverá uma palestra, para os servidores da saúde, com o mastologista Dr. William Davila Delgallo sobre o tema “Câncer de mama: sinais e sintomas”.
Endereço: Av. Nações Unidas, 27-28
- BAURU SHOPPING
O Bauru Shopping lança uma campanha de arrecadação de lenços, a partir de 30 de setembro, com o objetivo de mobilizar a comunidade em celebração ao Outubro Rosa. Serão coletados lenços e doados ao Banco de Lenços, instituição que apoia mulheres em tratamento de câncer.
As doações podem ser feitas diretamente em um manequim especial, localizado na entrada da praça de alimentação do shopping.
Validade: 30/09 a 31/10
Endereço: R. Henrique Savi, 15- 55
- AMIGAS DO PEITO
Amigas do Peito é uma entidade filantrópica para mulheres que foram acometidas pelo câncer de mama. O grupo presta assistência quanto ao tratamento, além de ações informativas e preventivas.
No dia 20 de outubro, haverá a 15ª Caminhada pela Vida, ação anual promovida pelas Amigas do Peito. Além disso, diversas atividades são realizadas durante todo o mês de outubro. A programação pode ser conferida na página de Instagram @grupo.amigasdopeito.
Caminhada
Data: 20/10
Horário: 8h30
Saída: Praça Portugal
- SECONCI-SP
Todo mês, a Seconci Bauru trabalha uma temática específica durante o DDS (Diálogo Diário de Segurança) em formato de palestra com orientações, instruções e conscientização.
Durante outubro, a unidade inicia uma nova campanha alusiva à temática do mês. O DDS é realizado nos canteiros de obras e pode ser agendado pelas construtoras parceiras.
A Unidade de Bauru do Seconci-SP (Serviço Social da Construção Civil) é uma entidade que atende trabalhadores da construção civil e seus familiares, com atendimento médico-ambulatorial, oftalmológico e odontológico. Agendamentos de palestras pelo telefone: (14) 3570-1020.
CÂNCER DE MAMA
Para além das campanhas, é importante entender o que é o câncer de mama, doença relacionada ao Outubro Rosa, para que haja diagnósticos cada vez mais precoces e tratamentos eficazes.
Também conhecido como neoplasia, o câncer de mama é uma patologia maligna que se desenvolve nos tecidos mamários. É a segunda doença mais comum entre as mulheres, sendo crucial que todas realizem exames de rotina e estejam atentas a alterações em seus corpos, como nódulos ou mudanças na pele. Em uma conversa com a médica mastologista Caroline Lamberti (CRM/SP 150.616) foi possível entender mais sobre o assunto.
Segundo a mastologista, o diagnóstico precoce é um grande aliado no tratamento. “Atualmente, os avanços na medicina permitem diagnósticos cada vez mais cedo. Isso mudou a percepção sobre a doença, que antigamente era vista como uma sentença de morte. Hoje, sabemos que, quando diagnosticado precocemente, é possível optar por tratamentos menos invasivos, como a retirada parcial da mama”, informa Lamberti.
MAMOGRAFIA
A mamografia é um exame radiológico feito nas mamas, que possui alta resolução e fornece imagens detalhadas capazes de identificar precocemente o câncer de mama. O exame não previne o câncer, mas permite sua detecção antes do aparecimento de sintomas.
A idade para a realização do exame depende de diversos fatores. O Ministério da Saúde recomenda que a mamografia seja feita em pacientes a partir dos 50 anos, a cada dois anos. Por outro lado, a Sociedade Brasileira de Mastologia sugere que o exame comece aos 40 anos e seja realizado anualmente. Em geral, no Sistema Único de Saúde (SUS), as recomendações seguem as diretrizes do Ministério da Saúde.
Para pacientes sem histórico familiar de câncer, a mamografia deve ser feita a partir dos 50 anos. No entanto, se há histórico familiar, é importante avaliar o grau de parentesco e a idade em que o familiar foi diagnosticado para determinar quando a paciente deve iniciar os exames.
Uma das principais dúvidas das pacientes em relação à mamografia é a dor. Lamberti nos conta que muitos acreditam que o exame é doloroso, pois envolve a compressão da mama entre duas placas, semelhante a um raio-X. Embora a dor possa variar de paciente para paciente, geralmente é uma sensação rápida e tolerável. “Eu costumo dizer que é uma ‘dorzinha que vale a pena’, já que a detecção precoce pode ter um grande impacto no diagnóstico e na cura”, esclarece Lamberti.
Além disso, a sensibilidade da mama pode aumentar durante o período pré-menstrual, então, se possível, é aconselhável agendar a mamografia para depois da menstruação, o que pode ajudar a minimizar o desconforto. O importante é lembrar que é um procedimento breve e o benefício de detectar o câncer precocemente supera qualquer desconforto temporário.
AUTOEXAME
Além da mamografia, o autoconhecimento das mamas é fundamental. As mulheres devem estar atentas às mudanças, buscando avaliação médica sempre que necessário.
A mastologista conta sobre o autoexame: “Antigamente, falava-se muito sobre ele nas campanhas de Outubro Rosa, com orientações específicas sobre como realizá-lo, como colocar a mão atrás da cabeça e fazer movimentos circulares. No entanto, hoje em dia não se discute tanto o autoexame”. A médica designa os motivos pelo fato que muitos pacientes acreditavam que o autoexame poderia substituir a mamografia, mas não é bem assim.
Lamberti também menciona o autoconhecimento das mamas, que é fundamental independentemente da idade. Não há uma maneira certa de apalpá-las; o ideal é tocar-se, por exemplo, durante o banho. Assim, ao se ensaboar, é possível perceber qualquer mudança, como uma proeminência, alteração na pele ou mudanças no mamilo.
Conhecer seu corpo ajuda a identificar sinais que podem indicar problemas. Se perceber algo diferente, é crucial procurar avaliação médica. Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, o número de casos de câncer de mama em mulheres jovens (abaixo dos 35 anos) saltou de 2% para 5%, trazendo o alerta para mulheres cada vez mais jovens.
SINTOMAS
Mulheres não precisam esperar o mês de outubro para se atentar aos sinais. É importante realizar exames de rotina e estar atentas ao corpo para identificar qualquer alteração o mais cedo possível. Os sintomas principais incluem:
- Presença de nódulos palpáveis;
- Alterações na pele, como escurecimento ou enrugamento;
- Mudanças na aparência do mamilo, como retração ou secreção.
FATORES DE RISCO
A causa do câncer de mama pode ser dada por diversos motivos, hereditários ou não. Alterações genéticas representam apenas 5% a 10% dos casos, enquanto o tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, sedentarismo e obesidade são responsáveis por outras parcelas.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTOS
O tratamento de câncer de mama afeta aspectos fundamentais da feminilidade, como a mama e, para aquelas que passam por quimioterapia, a perda do cabelo. Essas preocupações são comuns entre as pacientes.
Durante o diagnóstico, uma análise geralmente é feita por meio de uma biópsia, que identifica o tipo específico de câncer. Após o resultado, é possível planejar o tratamento, que não segue uma regra fixa. O tratamento do câncer de mama é fundamentado em quatro pilares: cirurgia, quimioterapia, radioterapia e bloqueio hormonal. No entanto, nem todas as pacientes passarão pelos quatro passos ou na mesma ordem, somente a cirurgia é recomendada para todas as pacientes, que pode ser a retirada parcial da mama, em vez da mastectomia total.
Ao conversar com Caroline, a médica também discorreu sobre a responsabilidade de diagnosticar pacientes: “A empatia torna-se fundamental. Cada paciente lida com a notícia de maneira diferente. Algumas querem saber todos os detalhes do tratamento, enquanto outras podem demorar mais a processar a informação. Algumas encaram a situação com otimismo, enquanto outras podem experimentar quadros de depressão. É comum pacientes com câncer precisarem de assistência psicológica e/ou medicação antidepressiva”, finalizou a mastologista.
CONSULTORIA
Esta entrevista utilizou dados e informações concedidas pela médica mastologista Caroline Lamberti (CRM/SP 150.616). Caroline realizou sua formação e residência na cidade de São Paulo, pelo Instituto Brasileiro de Controle do Câncer. Atualmente mora em Bauru, há aproximadamente dois anos e meio, onde atua como mastologista, além de atender em seu consultório particular. Também trabalha no Hospital da Beneficência Portuguesa, Rede OneCare e NAIC (Instituto do Câncer de Bauru).