A princípio, é importante que se esclareça: o início de Bauru se deu onde hoje encontramos a ‘Baixada do Silvino’, ou seja, o mais próximo possível da água.

Os primeiros habitantes do então povoado Bahuru, município de Espírito Santo de Fortaleza, na Serra dos Agudos, serviam-se, a partir de 1850, das águas do Ribeirão Bauru e do Córrego das Flores (canalizado posteriormente sob a atual Avenida Nações Unidas).

comercio bauru
 

Lógico que em tendo os moradores naquela região, um pequeno comércio começou a surgir para atender a todos, em especial quanto a gêneros alimentícios.

E foi assim até o advento das três ferrovias, que participaram do maior entroncamento ferroviário do país. Com a chegada da estrada de ferro, o comércio passou a ter como centro principal a região da estação ferroviária, a partir da Praça Machado de Mello, ocupando as ruas iniciais da Batista de Carvalho e Primeiro de Agosto.

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O grande fluxo de viajantes e homens a trabalho, principalmente na construção das ferrovias, concentrou um maior público masculino na região central. Apesar do predomínio de homens, o número de mulheres também crescia, e, assim, o comércio começou a se desenvolver para suprir as necessidades da população.

Com as linhas férreas, as mudanças econômicas na cidade se tornaram ainda mais evidentes. Por se tratar de um ‘chão de passagem’, Bauru começou a ser palco de um grande fluxo de pessoas e, consequentemente, de capital.

Com esse processo, o agronegócio deixou de ser a única fonte econômica e a cidade passou a lucrar também com o comércio.

Foi a partir desta mudança que se definiu o eixo que ia da Praça da Matriz (ou Rui Barbosa) até a estação ferroviária, na Praça Machado de Melo. Entretanto, na época, a maior movimentação de pessoas ainda se dava na Rua 1º de Agosto, e não na Batista de Carvalho.

Nos anos 30 e 40, o comércio continuava a se desenvolver, ainda por conta das ferrovias e seus operários. Foi neste período que as primeiras famílias começaram a construir suas casas na Avenida Rodrigues Alves.

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Ainda nesta época, a recebeu o nome de Batista de Carvalho, já que até então ela era conhecida como “Rua dos Esquecidos” (fazendo referência àquele que deu origem ao “apelido” da hoje principal rua de nosso comércio).

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E assim caminhou nosso comércio mais acentuado na Rua Batista de Carvalho, sendo até hoje referência na atividade. Pela foto abaixo, possivelmente da década de 1.930, podemos concluir pelo comércio na Batista, que era marcante e o mais procurado por clientes da cidade e da região.

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Até finais dos anos 1.980, o comércio ficou basicamente instalado na região central da cidade, ocupando mais acentuadamente a Rua Batista de Carvalho.

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Mas tudo começou em razão das ferrovias e pelo empenho no sentido de se ter água na região hoje central de Bauru.
Por volta de 1911, com a chegada da energia elétrica, na já emancipada Bauru, que já era portadora do entroncamento ferroviário (Estradas de Ferro Sorocabana, Noroeste e Cia. Paulista), foi colocado em prática o projeto do engenheiro da Noroeste do Brasil, Sylvio Saint Martin, para a construção do primeiro serviço de abastecimento de água no município.

Em 1912, o prefeito da época, José Carlos de Freire Figueiredo, iniciou efetivamente o abastecimento, construindo o primeiro reservatório de água na cidade, na esquina das Ruas Antônio Alves e Cussy Júnior (antiga sede do Bauru Tênis Clube).

Comércio para todos os bolsos
A separação entre classes sociais era evidente em Bauru. Fazendeiros e outros representantes da elite viviam na Avenida Rodrigues Alves. Hotéis e bordéis eram frequentes na 1º de Agosto, região habitada pelas camadas mais humildes.

Com o surgimento da Batista de Carvalho, que também já foi chamada de “Rua do Comércio”, um novo processo se iniciou: a divisão de uma parte do centro entre todas as classes, já que comprar era uma necessidade da população como um todo.

A ocupação do comércio na Batista de Carvalho se dividia em três centros. As lojas próximas à Praça Machado de Melo eram consideradas de comércio de baixa renda ou “Paraguaizinho”. Dali até a Rua Agenor Meira existia o comércio de classe média. A elite comprava na área entre a Rua Agenor Meira e a Praça Rui Barbosa.

O Calçadão da Bastista
O Calçadão da Batista de Carvalho também foi criado nesse ínterim, mas com a possibilidade de trânsito de camadas mais populares. O projeto do Calçadão, iniciado em 1992, tinha como justificativa o fato de Bauru ser a única cidade do interior que ainda não possuía um espaço comercial delimitado no centro da cidade. Hoje em dia, o “shopping a céu aberto” é um dos principais locais de comércio popular da região.

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A partir daí, passou a ter uma distribuição, com comércio muito forte em bairros como Vila Falcão, Parque Vista Alegre e Jardim Bela Vista, além do Redentor e, hoje, ocupa espaços de quase todos, na proposta de servir os moradores da região de forma mais prática e com menor distância de suas residências.

Outra “divisão” do comércio de Bauru ocorreu em meados da década de 1990, com a expansão do setor na zona sul da cidade, onde o desenvolvimento chega a 40% ao ano em pontos comerciais. A construção do Bauru Shopping (foto abaixo), que impulsionou o comércio nas redondezas do local em 1.980, define a zona sul como comércio preferencial não só voltado aos moradores da cidade, como de toda região, em razão de tudo que um comércio em local fechado (shopping) oferece.

O Bauru Shopping tem toda uma história que precisa ser contada, pois foi lançado em meados da década de 1970 e num memorável coquetel realizado no Bauru Tênis Clube, com a empresa proponente exibindo maquete e tudo que se faz uso em situações do tipo e, na mesma noite, todas as lojas foram comercializadas e maioria delas compradas (na planta), por proprietários de lojas da região central.

Passados alguns dias, quando da assinatura definitiva dos contratos, desistência de quase todas as compras e aquela decepção, se não fosse a persistência de seus idealizadores, não teríamos o que temos aí. Grande número de comerciantes da área central, “a posteriori”, se aproveitou e adquiriu seu espaço no importante e pioneiro shopping.

A profissionalização das empresas não tirou o tom “caseiro” de muitas lojas, cujas famílias estão há décadas à frente dos negócios. A tributação é o maior desafio do comércio varejista atualmente.

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