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Muitos jovens talvez não saibam, mas a Banda do Liceu já está há 77 anos realizando atividades na cidade de Bauru. Fundada pelo professor José Ranieri, a banda precisou suas atividades em 2014, por falta de recursos financeiros, e voltou aos ensaios há um pouco mais de um mês.

Patrimônio bauruense, a Banda do Liceu está de portas abertas para receber jovens a partir de 11 anos de idade que queiram iniciar na música, dedicar-se a algo novo e sonham a possibilidade de um futuro novo. Sem custos algum, o projeto possibilita o conhecimento musical, o fortalecimento dos valores humanos, novas amizades e diferentes experiências, como contou o maestro Adalberto Alves da Costa, nesta entrevista realizada pela equipe do Social Bauru – ao som de muita música!

Confira o bate-papo:

Há quanto tempo a banda do Liceu existe em Bauru?
Adalberto: O registro mais antigo que temos é de 1939. Claro que, naquela época, não era uma banda e sim uma fanfarra. Mas ela já tem uma longevidade incrível.O fundador, professor José Ranieri, já faleceu e, por isso, não tenho a certeza de como ela foi fundada, mas sei que, em 1935 ele fundou a escola Liceu. Já vi algumas fotos desta época e é interessante ver como a cidade era totalmente diferente. Aí, em 1939, tem-se a foto da fanfarra com ele à frente. Aliás, acredito que ele tenha sido um grande visionário. Ele fundou uma escola em uma cidade, que na época era um vilarejo, e deu uma formação musical a esses alunos – só quem é muito ousado e empreendedor que faria algo assim. Posteriormente, a família Ranieri levou a banda adiante até 2014, quando foi preciso parar com as atividades, por falta de recursos financeiros. A partir disso, foi feito um trabalho liderado pelo deputado Celso Nascimento e a banda retomou às atividades, no dia 6 de fevereiro.

É recente então…
Adalberto: Sim, faz pouco tempo. Quase voltamos antes, mas, por conta da burocracia, não conseguimos. Mas desde que voltamos, temos ensaiado de segunda a sábado, das 14h às 17h30. Não são todos os dias com os mesmos alunos – aí seria um sonho! Mas, como dependemos da disponibilidade de cada um, temos mais alunos aos sábados.

Imagino que este ensaio do sábado seja totalmente diferente dos outros dias…
Adalberto: Com certeza. Quando conseguimos juntar todos os alunos em um único encontro, é sempre mais produtivo. Costumo falar que o meu trabalho é de formiguinha; ensino um a um. No começo, estamos todos no meio do oceano sem bússola! (risos). Mas com paciência e trabalho duro, conseguimos achar uma direção.

Atualmente, a banda tem quantos participantes?
Adalberto: Estamos com cerca de 33 pessoas participando. Ainda não está do tamanho que queremos, mas vamos chegar lá.

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Então, ainda tem vagas?
Adalberto: Ah, sim! Na verdade, durante todo o ano recebo alunos. E é importante ressaltar que não precisa ser aluno da escola Liceu para poder participar.

Quais os pré-requisitos para entrar na banda?
Adalberto: Ter uma idade mínima de 11 anos. Mas é importante que o aluno venha sabendo que música é algo que requer tempo e dedicação. Muitos alunos vêm aqui achando que em uma semana, em 15 dias, já vão estar tocando igual a grandes músicos. E aí, como já vêm com uma grande expectativa, acabam desistindo.

Quem tem algum conhecimento musical, também pode participar?
Adalberto: Sim, sem problemas. Qualquer um pode participar da banda. Muitas pessoas ficam com vergonha de vir, mas é importante saber que todo mundo está aqui para aprender. Eu sempre digo a eles que a primeira lição que temos na vida é o nascer. Quando nascemos, o médico dá o primeiro estímulo, que é um tapa em nós, para conseguirmos respirar. Então, precisamos de ajuda desde o nascimento. Não saber algo não é problema; é preciso ter curiosidade para aprender.

Tem algum custo?
Adalberto: Não, nenhum. O mais importante é que sejam pessoas interessantes e aplicadas. Minha avó sempre dizia que ‘Deus ajuda quem cedo madruga’. Mas, muito sábia, ela sempre me disse que não adianta acordar de madrugada e ficar de braços cruzados. Então, é necessário muito estudo e dedicação.

E como a música surgiu na sua vida?
Adalberto: Surgiu quando eu era muito novo. Eu via a banda do Liceu tocando na Rodrigues Alves e, na época, a banda tinha vencido o campeonato da Rede Record. Quando eu vi a banda, já pedi para a minha mãe inscrever. Mas eu era muito novo e não pude participar. Quando cresci, aí entrei, em 1976. Na época, era uma banda masculina; só depois que mudou. Mas foi uma fase muito importante, onde todos ensaiavam e estudavam muito. Vencemos campeonatos pelo país e fomos até pra fora. A banda não só ganhou títulos, como também formou cidadãos. É isso o que eu mais falo para os meus alunos. A música é muito importante na vida de todos. Vi a realidade de muita gente mudar a partir da música. Quando eu consigo mudar a vida de um jovem; tirá-lo da droga ou transformar a realidade dele de alguma forma, eu sinto o maior orgulho. É isso que faz valer a pena.

Os ensaios são realizados na Rua Rodrigues Alves, 7-30.
Os interessados em participar do projeto podem entrar em contato com o maestro a partir do email: [email protected]

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