Ilustração: Marcella Pascucci
Ilustração: Marcella Pascucci

Veja bem, não quero falar do que Bauru faz por você, seja isso algo positivo ou negativo, mas quero falar sobre aquilo que a cidade acaba mudando, adaptando e transformando em cada uma das pessoas que a adotam como moradia. E se essas coisas são positivas ou negativas aí é por conta das suas conclusões.

É claro que não podemos generalizar as situações, muito menos nos esquecer de que cada indivíduo chega por aqui carregando uma bagagem diferente do outro e, por isso, a forma como cada pessoa se sentirá acolhida pela cidade é bem particular e única. Mas existem coisas que Bauru faz pela maioria dos que vêm para cá, estejam esses chegando de perto ou de longe.

Bauru te deixa mais à vontade, isso é verdade. Quem vem de cidades grandes, acaba tendo aquela visão de que aqui é interior, mais fácil de locomover-se e chegar a qualquer lugar, um pouco mais tranquilo e sossegado que capitais como São Paulo, por exemplo. Vocês, mulheres, podem ir ao shopping de chinelo e a uma festa de tênis sem que ninguém te olhe torto. Já quem vem de cidades menores enxerga uma Bauru mais descolada, jovem e despreocupada, e por isso também acaba relaxando um pouco mais por aqui, sem sentir a pressão social de falar primeiro o sobrenome antes mesmo do nome e adotando a bermuda como peça oficial do vestuário.

Bauru te deixa mais bronzeado. E olha que o mar e as praias estão bem longe daqui. Mas se você não é das pessoas que fazem questão de ir de carro mesmo quando a distância é um mero quarteirão, com certeza já deve ter reparado que a cidade-sanduíche tem um sol mais forte que o amor eterno de muita gente. Já experimentou andar pela famosa Avenida Nações Unidas no meio da manhã ou da tarde? Arrisco dizer que só Jesus Cristo fazendo um milagre tão grande quanto andar sobre as águas seria capaz de fazer surgir uma sombra nessas calçadas.

E já que o assunto é o clima, se você não é dos mais chegados na claridão dos raios, essa cidade vai te deixar com medo ou, no mínimo, receoso. Isso porque a chuva nem precisa ser tão longa ou de muita força, mas é certeza que alguns raios cruzarão o céu bauruense.

Fujam de ficar embaixo das árvores!

Bauru também aumenta sua resistência: alcoólica, ao sono, às mudanças repentinas das pessoas e das circunstâncias… Aumenta a sua paciência, a saudade por quem está longe, a raiva pelos ônibus que demoram tanto, a frustração quando aquele filme que está concorrendo ao Oscar estreia em apenas uma sessão. E dublada! Aumenta a vontade de comer em tudo quanto é casa/restaurante/boteco/carrinho de churros típico da cidade, o que também pode aumentar o seu peso. Mas não se preocupe, a culpa é da cerveja.

Ah, são tantas as coisas que Bauru faz por você! Ela pode te dar amigos, emprego, diploma, amor. Não que seja fácil encontrar, mas pelo menos nunca ouvi nenhum rima dizendo que não existe amor em Bauru. Isso ficou em SP. Às vezes não tem água em alguns lugares, mas amor está sobrando. É o que dizem!

E cá entre nós, quando Bauru te causa danos e dores de cabeça com ruas alagadas, buracos sem fim e segurança precária, não é bem a cidade quem está te deixando na mão. Aí é coisa de quem cuida (ou deveria cuidar) dela. Pobrezinha!

Ficaríamos até amanhã falando sobre o que Bauru faz na vida de quem se propõe, seja lá por qual motivo, viver aqui. Já diria o Robertão: “São tantas emoções!”. Mas prefiro terminar com outra citação, a que sempre ouço de amigos próximos e até mesmo daqueles que já abandonaram a cidade, e que representa muito bem as boas histórias que essa cidade nos dá: “Bauru é foda!”

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