O bauruense Bruno Sanches já incentiva a literatura na cidade há algum tempo, já que é um dos criadores do clube de leitura Cevadas Literárias. Agora, mais uma vez, ele expande este universo de histórias com o seu primeiro livro de contos!

Intitulado “O Fim e o Começo”, a coletânea será lançada nesta quarta-feira (15), às 20h, em uma live. Transmitido pelo Instagram @mirevejaeditora, o bate-papo conta com o autor e convidados ligados à literatura em Bauru.

Segundo Bruno, o livro traz contos com alma de crônica, na medida em que tangenciam um cotidiano fugaz, com personagens delicadamente verossímeis. Ao mesmo tempo, permitem reflexões mais profundas sobre a existência humana e a imprevisibilidade da vida.

“A maioria dos textos tem uma relação com os ciclos, como morte e vida, com perdas e ganhos, com histórias que começam no fim ou terminam no começo. Aliás, nasce daí o título”, explica o escritor. A ideia dos ciclos também foi traduzida para o projeto gráfico, assinado pelo designer bauruense Gustavo Domingues, com imagens de lagartas (capa) e borboletas (miolo) para simbolizar as metamorfoses de um inseto, metáfora exposta em vários contos.

Histórias além do livro

Com o objetivo de que a leitura não acabasse com o fim do livro, “O Fim e o Começo” traz conteúdos exclusivos na internet. Um QR Code direciona o leitor para uma página de conteúdo extra, incluindo clipes das músicas citadas nos contos e depoimentos do autor.

Bruno ainda lê trechos dos contos e explica como nasceram alguns textos. O código vem impresso numa das orelhas do livro e pode ser lido pelos smartphones, apontando a câmera.

“O Fim e o Começo” está sendo publicado pela Editora Mireveja, de Bauru. Para adquirir um exemplar, acesse: editoramireveja.com/livroofimeocomeco.

Entrevista com o autor

Para saber mais sobre o novo livro, a equipe do Social Bauru entrevistou o autor Bruno Sanches. Confira:

– Você criou um clube de leitura aqui em Bauru, quando exatamente sua história com os livros começou?

Minha história com o livro não começou exatamente na escola, naquela época eu queria jogar videogame e brincar, estava pensando em outras coisas. Eu não era a criança nerd que ficava lendo. A literatura veio depois. Com o tempo eu comecei a frequentar o centro espírita e lá algumas pessoas me incentivavam bastante, tanto para ler obras espíritas, quanto não espíritas. Foi quando eu comecei a me interessar por literatura, comecei a ler ficção e várias histórias. Fiz graduação em Ciências Sociais, que tem uma carga de leitura grande, então lia toda a parte acadêmica e continuava lendo os livros de literatura, como Dostoiévski, Gabriel García Márquez, Lygia Fagundes Telles. Fui por esse caminho e, desde então, não parei mais. Já são, pelo menos, 20 anos que a literatura é importante na minha vida em diversos aspectos.

– Quando surgiu a ideia de escrever um livro?

Eu já escrevia antes mesmo de ser um leitor. Eram poesias, coisas de adolescente, não muito fundamentada, não muito boa. Depois comecei a ler e ver que, o que eu escrevia, era muito ruim (risos). Por um tempo eu li muito e não escrevi nada. Não lembro exatamente quando, eu pensei ‘vou tentar escrever algumas histórias’. Eu comecei a ter algumas ideias, a olhar mais o cotidiano como forma de escrever histórias. Eu ainda me considero muito mais um leitor do que um escritor. A escrita vem depois da própria leitura e eu considero também que não existe um bom escritor sem ser um bom leitor.

– “O Fim e o Começo” é o seu primeiro livro, certo? Qual a sensação de vê-lo concretizado?

Sim, eu já havia escrito algumas antologias da cidade com outros escritores, mas esse é o primeiro livro solo, com textos só meus. Poxa, é uma alegria! Eu contatei a Editora Mireveja e o João Correia, que é meu amigo pessoal também, em fevereiro, então foram alguns meses de bastante trabalho até chegar nesse resultado. Quando o livro chegou foi uma alegria, olhá-lo pelo computador é uma coisa, quando ele chega é uma outra sensação. Então eu fiquei muito feliz por ter concretizado essa vontade de ter um livro publicado.

– O que você espera passar para os leitores com seus textos?

Eu tenho uma ideia de literatura que não é uma linguagem muito complicada, eu acho que, principalmente, preciso ter uma boa história. Também preciso contá-la de uma forma interessante para o leitor. Nessa questão é uma parte experimental, não é só primeira ou terceira pessoa. A narrativa não é linear, às vezes, a história começa pela metade, eu retorno para o começo e o fim, de repente, não é o fim. Fui experimentando nesse sentido. O “Silent Lucidity”, que é um dos contos, escrevi em primeira pessoa e é uma mulher contando uma história que ela teve com a avó. Então foi uma forma de tentar essas experimentações com a forma de uma mulher falar. É interessante esse método de tentar se colocar no lugar do outro. A ideia é colocar o leitor dentro dessa história, para ele se sentir dentro desse universo e poder desfrutar ao máximo.

– Além do livro, você também desenvolveu outros conteúdos relacionados, como surgiu essa ideia?

Eu e o João pensamos em outras plataformas de divulgação, que seriam os vídeos. Então coloquei alguns vídeos no Youtube e no livro tem um QR Code que leva até uma área do site da editora com conteúdo exclusivo. Lá tem playlists de música, já que tem muita música relacionada no livro, músicas que inspiraram os contos e outras informações. Então a gente pensou nesse formato para não acabar no livro. É até uma forma de se pensar o livro como um produto inacabado. Então a gente leva para outras direções, até porque as próprias histórias não terminam ali. É uma forma de utilizar esse recurso a favor do livro.

– Uma curiosidade, se é que você pode dar esse spoiler, por que o fim vem antes do começo?

O último conto do livro é “O Fim e o Começo”, fala de um personagem que descobre que o mundo vai acabar. Até para a nossa época é bem sugestivo (risos). Ele, resignado, aceita aquilo e começa a pensar na vida dele, mas no fim a história não tem um fim realmente, eu coloco isso como uma reflexão. A questão do fim e o começo, o João e a revisora, Fabiana Biscaro, viram, no meu texto, essa questão dos contos não serem cronológicos, não é cartesiano, de começo e fim. Têm histórias que começam no fim, nem sempre o fim da história é o fim, então são formas de narrativas a partir do título do livro.

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