Entregue em 1991, o Sambódromo de Bauru – o terceiro no país – transformou o Carnaval na cidade. Criou um espaço próprio para que as escolas de samba desfilem e mostrem a beleza de fantasias, alas, enredos e carros alegóricos. 

Isso foi uma realidade desde o primeiro desfile, há 31 anos. A distância e a chuva não atrapalharam a animação naquele dia 10 de fevereiro. E já que esse ano não terá Carnaval em fevereiro, vamos relembrar como foi o dia em que as escolas de samba estrearam no Sambódromo de Bauru.

Império da Vila Nova Esperança

SambódromoImpério da Vila Nova Esperança (foto: João Rosan/Arquivo Jornal da Cidade)

Quem abriu os desfiles no Sambódromo naquele ano foi a Império da Vila Nova Esperança. Com o tema ‘Alô, Bauru, seu programa está no Ar’, a escola de samba contou na avenida a história da comunicação radiofônica da cidade, trazendo referências sobre os programas de rádio e aspectos técnicos. 

A melhor atração da Império foi o acabamento das fantasias, alegorias e adereços, que utilizou materiais descartáveis, mostrando uma alternativa viável e criativa para compor os quesitos.

Segundo a reportagem do Jornal da Cidade na época, o figurinista, Paulo Burian, apostou nos efeitos de saco de ráfia, garrafas de água mineral, vasilhas de detergente, discos compactos e conduítes para as fantasias.

Deixa Falar

SambódromoDeixa Falar (foto: Malavolta/Arquivo Jornal da Cidade)

O segundo desfile foi da Deixa Falar, que levou o enredo ‘Quem não tem cão, caça com gato’. Por ser do Núcleo Geisel, bairro onde fica a avenida do samba, a agremiação teve apoio forte da torcida. Além disso, a escola contou sobre o dia a dia no bairro, o que garantiu ainda mais aplausos. 

A bateria era comandada pelo mestre Landinho, estava afinada e foi acompanhada pela animação do público. O ritmo foi o ponto alto do desfile. Ele era considerado o melhor mestre de bateria do Carnaval de rua de Bauru.

Entretanto, o enredo fraco, a falta de plasticidade nos figurinos e o exagero do improviso atrapalharam a agremiação.

Tradição da Bela Vista

SambódromoTradição da Bela Vista (foto: Malavolta/Arquivo Jornal da Cidade)

‘De Galanga a Chico Rei: o Sonho da Liberdade’ foi o tema seguinte na avenida do samba em 1991, apresentado pela Tradição da Bela Vista. Fundada em 1988, a escola fazia o seu terceiro desfile no Carnaval de Bauru.

Interpretando a trajetória de Chico Rei, o escravo que chegou ao Brasil no século XVII e conquistou liberdade, a escola usou os grafismos africanos para representar a produção do enredo em quase todas as alas. 

O destaque no Sambódromo naquela noite foram as fantasias de mestre-sala e porta-bandeira, destacados de branco na avenida do samba.

Mocidade Independente de Vila Falcão

SambódromoMocidade Independente de Vila Falcão (foto: Quioshi/Arquivo Jornal da Cidade)

Com fogos de artifício, a Mocidade Independente de Vila Falcão entrou no palco às 00h40 e fez a plateia se aglomerar para ver o desfile da escola, que tinha mais títulos na época. Com o enredo ‘Amazônia no Espelho das Águas’, a agremiação deixou claro que era a melhor entre as escolas de samba de 91.

Na época, o Jornal da Cidade escreveu: “o Carnaval da Mocidade foi um dos melhores nos últimos anos já filmado em Bauru. […] A escola não só cumpriu à risca todos os quesitos, como também escolheu a melhor maneira de frutificá-los”. 

A qualidade da escola de samba esteve presente desde a comissão de frente, nos cinco carros alegóricos e especialmente na ala Boto-Cor-de-Rosa, além da poesia do samba-enredo de Paulo Roberto Mamede e João Vecchi. A beleza do desfile foi complementada com a mensagem contra os desmandos humanos cometidos contra a natureza deu um toque especial ao desfile da Mocidade.

A epifania de cores, o luxo nos cinco carros alegóricos e a forma como todos os integrantes do desfile cantaram alto o samba-enredo foram outros fatores que garantiram a vitória da agremiação no Carnaval daquele ano.

O texto foi escrito com informações do arquivo do Jornal da Cidade.

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