12 anos. Esse foi o tempo que Rick Ferreira, ex-secretário da Cultura de Bauru e atual presidente da Associação Bauruense pela Diversidade (ABD), levou para publicar o livro “Espetáculo de Cidadania”.

Pela ótica das relações públicas, área em que o bauruense graduou-se, o autor aborda o estudo de caso sobre as três primeiras edições da Parada da Diversidade, hoje Encontro da Diversidade, evento que viria ser o uma das maiores do estado de São Paulo.

Para isso, o relações públicas discorre sobre a agenda política e direitos de diversidade, com enfoque sobre questões de gênero e sexualidade. Em complemento, discute a situação do preconceito e as estatísticas da intolerância; traz ao centro a contracultura queer e o desenvolvimento do pink money na região, termo em inglês que refere-se ao poder de compra da comunidade LGBTQIA+, e apresenta o caso da ABD, com a luta pelos direitos à cidadania por parte da comunidade.

“Os capítulos apresentam a mescla das nossas intervenções, tanto no aspecto econômico, quanto nos aspectos políticos e sociais junto ao movimento LGBTQIA+ em Bauru”, informa Rick na apresentação.

Pronto desde 2010, mas sempre atualizado

“Espetáculo da Cidadania: pela ótica das relações públicas” está pronto desde 2010. O livro é resultado da monografia de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Rick Ferreira, que graduou-se em Relações Públicas na antiga Universidade do Sagrado Coração (USC), atual Unisagrado.

Entretanto, não foi publicado anteriormente por conta de acontecimentos na vida do autor. A começar pelo falecimento do próprio pai, que estava sob tratamento quimioterápico e o deixou dois meses após a entrega da monografia à universidade.

“O pai morreu no começo de 2011, enquanto eu estava me especializando em antropologia na Itália. Naquele momento, perdi meu pai, perdi tudo. Não pensei duas vezes em voltar para ficar com a minha família e já não queria mais lançar o livro”, lembra.

O bauruense, natural do Jardim Ferraz, continuou estudando. Terminou a pós-graduação em Antropologia e Patrimônio Cultural e sempre contou com apoio de professores e amigos para prosseguir com a publicação. Mais de uma década depois, ele resolveu fazer isso e, mesmo com a produção fazendo aniversário, não deixou de atualizar o conteúdo.

“Desde quando comecei a escrever o livro, as classificações de gênero aumentaram. Tinha GLS [gays, lésbicas e simpatizantes], depois LGBT [lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros], depois LGBTQIA+ [lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queer, intersexo e assexual], depois LGBTQIAP+ [lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queer, intersexo, assexual e panssexual]. As siglas foram aumentando, conforme os estudos foram avançando, e o livro foi sendo atualizado”, informa.

O lançamento do livro ocorreu no final de agosto deste ano, como parte da programação da “Semana de Combate ao Preconceito e à Discriminação”, na Jalovi Papelaria e Livraria.

 

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Influências durante o processo de produção

Ainda durante a faculdade e ao lado do então companheiro João Winck e do amigo e sócio Marcos Souza, Rick criou a Labirinthus, casa noturna bauruense voltada para o público LGBTQIA+, e a Associação Bauruense pela Diversidade (ABD).

Era por meio dessas organizações que o relações públicas aplicava o conhecimento acadêmico na prática. Ia desde a realização de eventos privados até às ações de apoio à comunidade, luta por direitos e combate ao preconceito. Foi nesse caldeirão que também nasceu a Primeira Parada da Diversidade de Bauru. O ano era 2008 e Rick estava no segundo ano de faculdade.

Pouco tempo depois e não à toa, as experiências práticas voltaram para dentro da universidade e viraram estudo de caso da monografia de TCC, por isso o nome: “Espetáculo de Cidadania: pela ótica das relações públicas”.

Ali, o dia a dia de Rick e de diversos bauruenses foi analisado sob a perspectiva da profissão que tem como intuito, basicamente, a gestão de estratégias mutuamente benéficas entre organizações e público-alvo.

“Nós fizemos a primeira parada em Bauru. Foi um marco! Conseguimos reunir 15 mil pessoas e foi o maior evento de concentração pública da história, maior até que o Diretas Já”, conta.

O segundo ano foi maior. De acordo com ele, cerca de 30 mil pessoas cobriram as ruas de Bauru sob o manto da diversidade. Idosos, pessoas não-brancas, pessoas com deficiência, pessoas da comunidade LGBTQIA+ estavam a postos.

Tamanha visibilidade rendeu participação no programa global Fantástico por meio do quadro “Me Leva Brasil”, especial em que o repórter Maurício Kubrusly percorria o país para encontrar curiosos personagens e histórias.

Rick Ferreira e Maurício Kubrusly durante viagem e reportagem sobre a então “Parada Gay” de São Paulo (Foto: reprodução/G1)

Neste ano, após muita luta e resistência, o Encontro da Diversidade completou a 15° edição.

15° Encontro da Diversidade de Bauru. De acordo com estimativas da ABD, o evento reuniu cerca de 40 mil pessoas de Bauru e região em volta do Parque Vitória Régia

Lançamento do Espetáculo de Cidadania

Com o lançamento do livro, é possível adquirir um exemplar por meio do site da editora Pessotto ou na Papelaria e Livraria Jalovi.

Toda a venda foi e será revertida para o Projeto ABD Acolhimento, iniciativa que atende pessoas da comunidade LGBTQIA+ vítimas de violência e que estão em estado de vulnerabilidade social em Bauru.

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