No dia 29 de outubro, sábado, a partir das 10h, o Sesc Bauru inaugura a exposição “EntreMeadas”, que traz obras de diversas artesãs e artistas do estado de São Paulo. Com curadoria da crítica e historiadora do design Adélia Borges, a mostra foi idealizada pelo Sesc São Paulo e teve sua estreia no Sesc Vila Mariana, passando também pelo Sesc Guarulhos.

Em Bauru, a exposição fica na Unidade até março de 2023. As visitas podem ser realizadas de terça a sexta, das 13h às 21h30 e aos finais de semana e feriados, das 10h às 18h30, gratuitamente.

A mostra dá destaque ao artesanato brasileiro feito por mulheres, com o intuito de valorizar o patrimônio cultural e reunir o trabalho de artesãs e coletivos de diversas cidades paulistas, para as quais o artesanato é um meio de expressão, identidade e geração de renda.

Crédito: Mariana Chama

Com riqueza de trançados, cores e formas, a exposição apresenta obras artesanais e suas raízes – desde o material escolhido, a comunidade de origem e a artesã criadora.

O trabalho de curadoria se destaca pelo recorte geográfico, pois durante o processo de pesquisa, Adélia Borges mapeou uma rica diversidade artesanal, que tem como resultado uma mostra com obras feitas por 25 grupos de 18 municípios diferentes: Américo Brasiliense, Atibaia, Bariri, Bauru, Bertioga, Botucatu, Cananeia, Carapicuíba, Eldorado, Guapiara, Guarulhos, Miracatu, Olímpia, Osasco, Ourinhos, São Bento do Sapucaí, São Paulo e Tremembé.

Crédito: Mariana Chama

“Reconhecendo a pluralidade de discursos e práticas culturais presentes em território nacional, o Sesc cumpre seu compromisso educativo ao difundir tais patrimônios. Desta forma, a instituição instiga, por meio da arte, reflexões que possibilitam estabelecer conexões e sentidos, estimulando diferentes olhares para as manifestações expressivas populares.”

Sobre a curadora

Adelia Borges (Crédito: Mariana Chama)

Adélia Borges tem uma relação estreita com o artesanato: aprendeu a bordar com o grupo mineiro Matizes Dumont e realizou exposições e palestras, no Brasil e mundo, sobre a linha tênue entre o design e o artesanato.

Adélia foi a primeira mulher a receber o título Doutora Honoris Causa pela Unesp, a mais alta honraria concedida por uma Universidade. Ao longo dos 45 anos de história da Unesp, somente 16 pessoas foram agraciadas com o título.

Em seu currículo acumula 40 exposições e 16 livros, entre eles Design + Artesanato: O Caminho Brasileiro (2011), no qual traça um panorama da revitalização recente do objeto artesanal brasileiro. Por seu trabalho com a primeira montagem da mostra EntreMeadas no Sesc Vila Mariana, Adélia foi finalista no 11º Prêmio Governo do Estado de São Paulo para as Artes na categoria Patrimônio Cultural.

Odete Coradini, trancado de palha de milho (Crédito: Mariana Chama)

“O título se refere à capacidade de, juntas e misturadas, mulheres de diferentes gerações, procedências e classes sociais reinventarem poeticamente o mundo em que vivemos”.

Conheça algumas técnicas

Diferentes materiais e técnicas foram utilizados pelas artesãs na produção das obras expostas. A artesã bauruense, Eliana Bojikian Polito, especializou-se na renda Frivolité, uma técnica que usa linha de crochê e pode ser feita com agulha de crochê fina ou com um instrumento próprio, a naveta (também conhecido como navete).

Frivolité de Eliana Bojikian Polito (Crédito: Eliana Chama)

A peça selecionada para a exposição foi feita ao longo de dois meses pela artista, uma vez que este tipo de renda exige grande delicadeza e boa dose de paciência.

Há controvérsias quanto à origem precisa da técnica e de seu nome, que alguns atribuem a comentários frívolos que as mulheres supostamente fazem enquanto estão entre si. Em obras de arte europeias do século XIX, há cenas de mulheres da elite europeia segurando navetas.

Outra técnica utilizada na exposição é a do grupo informal batizado de “Artes em Amarrio”, e vem do verbo amarrar. O amarrio é uma técnica cujos primeiros registros datam do início do século XX, em Bariri, na região de Bauru. A origem é singela: trazer um toque de beleza às toalhas de banho e de mesa feitas com a reutilização de tecido de sacaria de arroz. O recurso era desfiar a barra do algodão rústico e fazer nós, compondo motivos geométricos- assim, a carência de recursos materiais ficaria amenizada.

Crédito: Mariana Chama

As mulheres teriam aprendido a fazer os nós observando pescadores do rio Tietê confeccionarem redes de pesca.
Hoje há duas modalidades da técnica. A primeira, também conhecida como abrolhos, consiste em desfiar o tecido e dar os nós, tal como se fazia com a sacaria. A segunda é o macramê, elaborado em geral em versão mini, com linhas de acrílico, para a elaboração de barrados posteriormente aplicados em toalhas industrializadas. O trabalho é feito apenas com as mãos. Agulhas são usadas somente para a costura dos barrados.

Em 2020, houve uma importante conquista: o modo de fazer amarrio foi reconhecido por lei municipal como patrimônio cultural imaterial de Bariri.

Serviço
Exposição “Entremeadas”
Data: de 29 de outubro de 2022 a 26 de março de 2023
Horário de visitação: terças a sextas, 13h às 21h30; sábados, domingos e feriados, 10h às 18h30
Agendamentos de visitas guiadas para grupos: [email protected]

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