Por volta de 1950 nos Estados Unidos, algumas emissoras de rádio passaram a tocar discos musicais ao vivo e transmiti-los aos ouvintes. Os profissionais responsáveis por isso eram os Disc Jockeys, tradução para “operadores de discos” e reconhecidos hoje pela sigla DJ

Considerados também como “jukebox humanas”, os DJs alcançaram popularidade mais tarde, nos anos 60, com o avanço das casas noturnas e discotecas. Lá, conduziam a pista de dança ao conversar música e ouvidos do público e impedir que o silêncio ou desânimo invadissem o local. Ali começaram as técnicas de mixagem ao vivo, combinações e etc.

De lá para cá, muita coisa mudou no ramo e, seja nas casas de shows, bares, eventos ou festas de casamento, os DJs permaneceram, cada um com o próprio modo de conduzir a pista. Alguns continuam como começaram: com discos em vinil. Outros, por sua vez, já aderiram aos equipamentos mais modernos e músicas digitais. No entanto, dos mais tradicionais aos contemporâneos, quem ganha são os bauruenses que podem conhecer e dançar os vários sets criados pelos profissionais daqui.

Pensando nisso, o Social Bauru listou cinco DJs da cidade com o intuito de contar um pouco sobre o estilo musical, a escolha do set e carreira. São eles: DJ Channel, DJ Diego Monteiro, DJ Maria Máquina, DJ Papile e DJ Zago. Mas não se engane, o número de DJs é gigante e vai muito além dos que aqui ocupam um espaço.

Channel

DJ Channel é o nome artístico de Gabriela Caramigo, 23. Começou no ramo em 2019 durante a realização de festas que tinha como intuito angariar fundos para a comissão estudantil da faculdade onde cursa Relações Públicas. 

“Nossa comissão não tinha orçamento para contratar DJs profissionais. Acabei me oferecendo para tocar nas festas e fui me profissionalizando a partir daí. Fui aprendendo sozinha, com muita prática e alguns conselhos de outros DJs”, informa. 

Hoje em dia, Channel se apresenta majoritariamente em festas universitárias de grande porte, em outras cidades do interior paulista e é residente do Üne, com um set que traz músicas pop e funk com predominância de artistas LGBTQIA+.

Foto: Luan Porto

“A mistura do pop com o funk anima a pista e mostra algo diferente do que estão acostumados. [A escolha das músicas] é feita ao longo das semanas e é 100% autoral”, afirma. 

Apesar de considerar uma cidade que dá espaço para o surgimento e crescimento de DJs, Channel comenta que a parte mais delicada da profissão está atrelada ao machismo.

“Acho que a parte mais “difícil” no ramo é ser mulher e competir num ambiente que até poucos anos atrás era 100% masculino. Ainda recebemos muito menos que os DJs homens e precisamos correr o dobro, senão o triplo para alcançar o mesmo porte de eventos e cachê. Porém, no ano de 2022, vimos surgir várias DJs mulheres e cada vez mais estamos ganhando espaço. Acredito que 2023 será melhor ainda para aumentarmos a diversidade na cena”, finaliza. 

Diego Monteiro

“Se for escolher o meu carro-chefe da noite, acredito que o pop hoje é o estilo pelo qual as pessoas mais conhecem o meu set”, apresenta Diego Monteiro, 24, DJ residente no L’Oppen Café Bar, casa noturna na Av. Getúlio Vargas. 

Apaixonado por música e com o sonho de ser DJ, Diego começou no ramo acidentalmente durante uma festa de república em 2018. Na ocasião, a festa estava desanimada e ele pediu para comandar o som. Desde então, vem se aperfeiçoando na área. Hoje, funk, house e pop nacional e internacional fazem parte do set do DJ, que também agita os eventos no Üne e Oficina Bar com o intuito de representar a comunidade LGBTQIA+.

Foto: Üne/Guilherme Caixeta Andriani

“Como estamos em uma cidade onde o público universitário é muito presente nas festas, o que eles mais gostam de escutar na noite é funk. Porém, não podemos esquecer do público que cresceu escutando Lady Gaga, Rihanna, Miley Cyrus… Então consigo atingir essas duas pontas na pista”, afirma. “Sempre penso no que está em alta no momento e tento mesclar com os ‘hinos’ mais antigos que sempre precisam estar em meu set, como por exemplo ‘We Found Love’ da Rihanna, ‘Marry the Night’ da Lady Gaga e ‘On The Floor’ da Jennifer Lopez. Hoje como temos o TikTok que vem lançando muitas músicas para o mainstreaming e com coreografias, é uma ferramenta bastante utilizada também na busca do que está em alta”, complementa sobre a construção do set.

Maria Máquina 

Andreza Garcia, 27, dá vida à DJ Maria Máquina. A DJ nasceu em 2015 junto com o coletivo TRES4, grupo responsável por promover festas com atmosferas visuais, musicais e sociais dentro da cena musical eletrônica de Bauru. Com vontade de escolher as músicas que as pessoas iam dançar, começou no ramo nas festas do próprio coletivo. 

Atualmente, o repertório executado por Maria Máquina inclui, na maioria, techno e o electro, ambos de música eletrônica. Entretanto, ambiências como acid estão no escopo, além do house e funk que marcam presença às vezes. 

Foto: Guilherme Massuchini

A DJ conta que a setlist é produzida de acordo com o público que vai encontrar, levando em consideração as referências musicais do local, tipo de evento, tempo de festa e horário do show. Mas sem deixar de lado a apresentação de novas experiências.

“Eu acho que é importante ter esse jogo de cintura de aprender a equilibrar entre as referências do que determinado público consome e, ao mesmo tempo, ser a ponte para educá-lo a estar aberto a ouvir coisas fora da zona de conforto, como apreciar algo novo, usar disso para apresentar outras propostas, mostrar que existem várias sonoridades diferentes que ele não conhece e apreciar isso da melhor maneira, seja dançando numa pista, sentado em um bar, tomando um drink ou escutando um set gravado para ajudar a dar um gás na academia [risos]”, compartilha. 

É possível dançar ao som de Maria Máquina ao frequentar os eventos promovidos pelo TRES4 a cada dois meses e em ambientes como Mangue, Goró da Rosa, Üne, Mofo e Área 51. Ela também se apresenta em outras cidades do estado e incentiva mais mulheres a adentrarem à cena musical bauruense. 

Foto: TRES4

“Eu quero poder chegar em vários eventos aqui em Bauru (e todos os lugares) e ver um line recheado de mulheres talentosas ocupando esse espaço de visibilidade, sendo contratadas para estarem em posição de destaque. Inclusive, eu sou super aberta para trocar uma ideia com quem quiser aprender, tirar dúvidas, ajudar. Me disponibilizo para quem gostaria de saber mais sobre isso”, compartilha.

Papile

Paulo Papile, 42, é DJ há aproximadamente 20 anos. Quando criança era rodeado de referências musicais, como Michael Jackson e New Order.  

“Mas quando ganhei o disco do ‘Bomb the Bass’, com muitos samplers e efeitos, percebi que havia em meu sangue esse lance de ser DJ”, comenta.

No início, fez um curso para se profissionalizar no ramo na antiga escola Rock & Soul, na capital paulista. Hoje em dia, comanda as pistas de baladas, formaturas e demais eventos de datas comemorativas com tech house, black music, funk, além de remixes autorais. Os ambientes que recebem a setlist do DJ Papile são Üne, Jack Pub, ambos em Bauru, e em outras cidades da região. 

“Sempre estou atento ao que o público está ouvindo. Procuro levar remixes exclusivos, fazer mixagens e mashups ao vivo, usar o microfone para deixar a galera que está na pista animada”, afirma.

Foto: Jack Pub/BlackStar

Zago

Thiago Henrique Zago Silva, DJ Zago, 42, está por trás das caixas de som desde os 14 anos, quando começou animando festas de amigos e contratantes. 

Com influência dos pais, que eram ouvintes de disco music, funk e soul, Zago começou assistindo a campeonatos de DJs e vendo DJs mais velhos tocarem. Pegou toca discos do próprio pai e um microsystem. Mais tarde, passou a comprar equipamentos mais adequados e que permitiram melhorar a discotecagem. 

Foto: Üne

Já tocou em festas de música eletrônica, mas hoje aderiu ao formato aberto, onde pode explorar diversos ritmos. O estilo do DJ Zago é composto por soul, funk e brasilidades dançantes. “Busco sons que inspiram as pessoas a dançar. Faço uma pesquisa musical levando em conta o público do local. Sempre levo músicas que tocam, mas também coloco algumas não tão conhecidas para ver o efeito na pista”, conta.

Voodoo Lounge e Pub, Nesta Bodega, Acesso Popular, Nosso Quintal e Üne são os locais que Zago se apresenta em Bauru. De acordo com ele, são ambientes que permitem produzir um set musical com mais liberdade. 

Foto: arquivo pessoal

“Nas minhas apresentações busco sempre mixar músicas e fazer uma linha progressiva aumentando os BPMs (batidas por minutos) gradativamente. Tento fazer transições com qualidade e que criam uma terceira música mesclando com scratches e efeitos”, diz. “Gosto muito de discotecar em Bauru. Acho que é uma cidade com uma cena cultural bem legal e nichos rítmicos muito interessantes”, finaliza.

Compartilhe!
Carregar mais em Cultura

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Verifique também

Ao som de pagode, Sun7 no BTC terá shows da Envolvência, Kamisa 10 e Grupo Vibe

No dia 11 de maio, a partir das 18h, o BTC recebe a ‘Sun7’, uma festa ao som de pagode com…