Unidos pela música, os bauruenses Marlon Oliveira, Marcelo Mello e Eduardo Barbieri criaram a Route Blues Band. Um dos diferenciais do grupo é o uso de instrumentos não convencionais, como o washboard, a gaita e o bandolim.

Nós batemos um papo com os integrantes da banda para entender um pouco mais sobre a trajetória, o repertório e os instrumentos que eles utilizam.

– Onde vocês se conheceram e por que decidiram formar a banda? Quando isso aconteceu?

Nós nos conhecemos nas redes sociais e por indicações de amigos em comum que também são músicos.

Eu, Marlon, adquiri o washboard e comecei a postar vídeos nas redes sociais tocando esse instrumento. O Luiz, dono do Bar Aeroclube, me chamou dizendo que havia gostado do estilo e queria que eu fosse tocar lá.

Eu ainda não tinha banda formada e só fazia vídeos tocando sozinho ou com acompanhamento de fundo musical do YouTube. Fui procurar amigos que se identificavam com o estilo e o gênero musical, e encontrei o Marcelo. Por ser um grande nome para o blues em Bauru, comecei a conversar com ele e mostrei a proposta.

Como nós já tínhamos lugar para tocar, começamos a pensar nas músicas, sempre mantendo contato com o Luiz até a banda estar ok para as apresentações. Também chamamos outro músico na época para tocar guitarra conosco.

Logo que tocamos nesse espaço, eu e Marcelo decidimos dar andamento ao projeto, que até então chamava-se Washboard Blues Band, um nome improvisado. Depois, com mais calma, chamei o Eduardo para compor a banda, fazendo a parte de guitarra e violão e ele topou.

O inicio da banda foi em outubro e no final de novembro o Eduardo entrou. Assim nós mudamos de nome e oficializamos como Route Blues.

– Vocês sempre tocaram rock e blues?

Eu, Marlon, tive minha introdução na música com a bateria, fazendo aulas e tocando na igreja que meus pais frequentavam, em 2001/2002. Desde então, toquei em bandas de rock gospel, bandas de louvores e posteriormente em bares e pubs com rock, sertanejo e até pagode, fazendo percussão e cajón.

O rock foi meu forte desde a época da igreja, o blues também sempre gostei, mas comecei a ouvir mais depois que conheci o washboard, desde os clássicos até os atuais.

Já eu, Marcelo, sou músico, e tudo o que possa ser música me interessa. Ganhei meu primeiro violão pra tocar rock, mas desde então me dediquei com paixão à música clássica (tenho mestrado em Composição Musical pela Unicamp), MPB, samba, pop/rock nacional e sobretudo ao blues, compondo e tocando violão, guitarra, teclado e gaita.

– O que é o washboard? Por que decidiram colocar esse instrumento?

O washboard (traduzido como “tábua de lavar”) foi utilizada como instrumento musical primeiramente nos Estados Unidos. Os donos das plantações não permitiam tambores, pois tinham receio que os escravos os usassem para se revoltar.

Por conta disso, os escravos faziam ritmos com os pés e mãos em diferentes partes do corpo para produzir sons diferentes (hamboning) assim como qualquer objeto que tivessem: garrafas, colheres, banheiras e as placas de lavar roupa (washboards).

O washboard foi o causador da formação da banda (risos)! Desde que conheci o washboard e conseguir ter o meu primeiro instrumento, já quis de todas as formas montar projetos em que ele seria tocado, pensando em ser diferente e único aqui em Bauru.

– Onde vocês conheceram o washboard e a sua história?

Conheci na internet, estava vendo vídeos de artistas de rua de outros países, e em um deles tinha uma dupla com um banjo country e uma mulher tocando spoons (colheres).

Achei interessante, comecei a pesquisar sobre e a treinar em casa – minha esposa amou eu ficar pegando as colheres da cozinha pra ficar tocando (risos) –, e nessas pesquisas encontrei a explicação sobre a origem dos spoons e também do washboard.

Pesquisei mais sobre washboard e onde poderia encontrar para comprar. Aqui em Bauru, muita gente não sabia o que era, não encontrei nem em antiquários. Consegui comprar apenas pela internet e adaptei alguns acessórios de percussão a ele.

– O que é mais interessante desse instrumento? Ele se parece com algum outro mais “comum” ou substitui algum?

Ele sempre chama atenção, pessoas acham graça, às vezes até desacreditam que é um instrumento. O nome ser em inglês também confunde um pouco, mas acredito que esse é o charme. Além de tudo, ele tem uma história muito marcante e um “peso” cultural muito forte na música e nos EUA.

O legal é que dá para tocar de várias formas e a que eu mais gostei foi preso em uma correia igual de guitarra, tocando em pé e deixando o músico mais livre no palco.

Até hoje não vi nenhum instrumento mais tradicional ou popular parecido com ele, por ser basicamente madeira e metal. A parte de metal, ao raspar com as dedeiras (dedal), lembra um reco-reco por conta do som de lata.

Sobre substituir, acredito que por ser um instrumento percussivo eu posso dar ritmo com ele como a bateria, e ele tem elementos de percussão grave, média e aguda com as mesmas funções musicais das peças da bateria.

– Quais são os outros instrumentos que vocês tocam? Mais algum é diferente?

Eduardo – Guitarra, violão e contrabaixo elétrico
Marlon – Bateria e percussão, mas na banda monta um set de bumbo com prato de bateria e carrilhão com o washboard
Marcelo – Violão, gaita, teclado e bandolim

A gaita, no início, foi criada para emitir apenas notas como referência para afinação, ou como um “brinquedo” musical. Posteriormente, ela foi incorporada pelos bluemen do Mississipi (EUA), que descobriram novas possibilidades e sonoridades musicais, para se tornar um som típico do blues e da música folclórica dos EUA.

Já o bandolim é um instrumento milenar com cordas duplas que têm a mesma afinação que o violino. Muitos compositores da música clássica elaboraram peças musicais exclusivamente para ele (Vivaldi, Beethoven, etc.), e no chorinho brasileiro é presença constante.

– Quais músicas/bandas estão no repertório de vocês?

Nosso repertório, basicamente, é de blues e seus derivados. Também estamos tocando clássicos do rock (que não podem faltar) e fazendo alguns country e bluegrass também.

Mas há um certo movimento internacional de incorporar sonoridades inusitadas a repertórios mais recentes ou diferentes, que nós temos tentado seguir, ao aplicar o som do “blues acústico” a possibilidades como o pop rock nacional, dance music, MPB, entre outros.

Tocamos músicas de cantores e bandas como B.B. King, John Meyer, Beatles, Eric Clapton, Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho e Cazuza, Deep Purple, Stevie Ray Vaughan, Robert Johnson, Guns’n’Roses, Alan Jackson, Michael Jackson, Raul Seixas, entre outros. No momento não temos músicas autorais, mas está nos planos futuros.

O Route Blues Band se apresenta em bares, pubs e casas de show de Bauru e região. Eles também estão disponíveis para eventos particulares e têm a intenção de se apresentar em feiras livres e parques.

Serviço
Route Blues Band
Contato: (14) 98225-4108
Instagram: @route_blues_bauru
Facebook: /routebluesbauru

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