Com o filho no colo, ela pedia para ler as mãos dos que passavam (pela quadra 7 do Calçadão da Batista, em uma manhã de chuva fina, que aumentava o frio do inverno). “Não precisa nem pagar, se não gostar do seu destino”, dizia.
Um vendedor de frutas passou apressado: “Não. Minhas mãos estão ocupadas. Não vê que estou carregando esta carriola pesada com frutas? Preciso ganhar dinheiro também. E não acredito em nada disso”.
O senhor que tomava café, calmamente, tampouco estendeu as mãos para saber a sua sorte (ou o seu azar futuro). Não por falta de tempo ou descrença, mas, talvez, por estar satisfeito com seus dias e não ter curiosidade pelo tempo que lhe resta.
A moça que passava apressada com sacolas nas mãos, também não.
Talvez aquela senhora de sombrinha olhando a vitrine? Não. Mas sorriu.
A chuva caía mais forte. O bebê chorava. Quem sabe em outra quadra, ou quando a chuva passar. E a vida seguiu, com ou sem sorte naquele dia.