Viver em outro país é uma vontade cada vez mais comum entre os jovens hoje em dia. E um dos destinos mais escolhidos, atualmente, é Dublin, na Irlanda. O local tem, em média, mais de 10 mil brasileiros estudando e trabalhando por lá.

O Social Bauru entrou em contato com alguns bauruenses que estão vivendo na capital irlandesa e soube um pouco sobre a rotina, os desafios de estar em outro país e as maravilhas desse destino tão procurado por brasileiros. Apesar das inúmeras vantagens da capital, eles ainda revelam que sentem falta de muita coisa de Bauru! Confira:

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Lucas Laronga, mora em Dublin há três anos e dois meses
“Eu queria viajar e conhecer o mundo. Vi no intercâmbio uma oportunidade de aprimorar meu inglês, possivelmente trabalhar no exterior e ganhar experiência com tudo isso. Tomei essa decisão no momento certo. Não tinha nada que me prendesse no Brasil. Hoje, trabalho em uma loja de presentes personalizados que estou há três anos, sou registrado, pago impostos e tenho uma vida pacata. Aqui é uma capital com gostinho de interior. Temos o acesso à diversas atividades como cinema, parques, festivais, turismo, viagens dentro da Irlanda ou no exterior por valores bem baixos. Então, é difícil definir o que mais gosto. É uma cidade cosmopolita. E eu ainda tenho contato com muitos bauruenses. Costumamos fazer uma brincadeira: sempre que tem mais de quatro bauruenses sobre o mesmo teto, tiramos uma foto. Por incrível que pareça não é muito difícil. Já estou colecionando fotos! O mundo é menor do que imaginamos. Já encontrei pessoas de Bauru a passeio, em baladas, nas ruas e pubs. Mesmo tanto tempo aqui, ainda sinto falta de alguns bares de Bauru, lugares que costumava reunir amigos pra comer feijoada e tomar uma cerveja. Apesar dos famosos pubs da Irlanda, nada como um bar brasileiro. Também tenho saudade da Luso, onde passei a maior parte da minha vida e que vou ficar com saudade eterna, pois foi demolido.”

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Thays Bejas está há três anos e um mês em Dublin
“Eu decidi vir para cá em 2011. Meu sonho era fazer um intercâmbio. Queria conhecer e morar em um lugar novo e aprender a falar inglês e escolhi Dublin, pois era o lugar mais rápido. Dublin é uma cidade apaixonante. É claro que tem seus problemas, aqui não é melhor e nem pior que o Brasil, simplesmente diferente. Mas gosto da facilidade como as coisas podem acontecer aqui. Gosto da acessibilidade às coisas, nada é restrito. Você pode curtir seu final de semana saindo para balada, indo ao teatro, shows, ou aos pubs que são os melhores que existem. São lugares com música irlandesa e muita gente feliz, bebendo e cantando. Você ainda pode passar a tarde nos parques que são uma ótima forma de relaxar, tomar sol, reunir os amigos ou ler um livro cercado por tulipas. Outra opção é visitar o interior da Irlanda que tem paisagens maravilhosas, construções e histórias antigas. Você ainda tem a facilidade de ir para outros países, conhecer lugares e culturas diferentes. É uma realidade totalmente diferente da que estamos acostumados e é isso o que mais me encanta. E ainda tenho contato com muitos bauruenses. Teve uma época que achei que Bauru estava vindo em caravanas para cá! (risos). Mas aqui você aprende a dar valor de verdade às suas relações. Percebe que o quanto é importante estar cercado das pessoas que você ama. Fora isso, sinto falta da comida: os lanches, o cachorro-quente da ‘tia’ da Luso, dos churrascos. Aqui fazemos churrascos, mas não com tanta frequência como no Brasil.”

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Kelli Franco está fora de Bauru há seis meses
“Já pensava em vir para cá há alguns anos, para melhorar o meu inglês e também para ter uma experiência nova. O problema é que eu não conseguia juntar dinheiro. Mas uma hora decidi, juntei e vim. Eu estudo inglês e cuido de três crianças para ter dinheiro suficiente para me manter. Os irlandeses, de um modo geral, são bastante educados e isso é sensacional. A Irlanda também é um país cheio de belezas naturais, o que eu adoro. Aqui eu lembro muito de Bauru quando estou no ônibus, quando ele quebra, quando tem greve ou há troca de motorista no meio da linha. Não faz muito sentido na verdade, porque não tem nem comparação os ônibus daqui com os daí. Aí, o prefeito deveria ter vergonha de continuar aumentando os preços. Também me lembra um pouco Bauru o clima. Bauru é calor, Dublin é frio, mas nas duas cidades já passei por várias mudanças de clima no mesmo dia. Frio de manhã, calorzão e frio de novo, o que em Bauru é comum. Aqui na Irlanda você pode ter as quatro estações no mesmo dia. É uma loucura. Dublin tem é muito brasileiro e, pra mim, parece que tem muito bauruense, mas talvez nos chame mais atenção algo que a gente conhece e só. Tem muito rio clarense aqui também, que é a cidade dos meus pais. Mas é aquela história: bauruense está em todos os lugares! E o que eu mais sinto saudade de Bauru? Vocês vão me matar se eu falar que é o calor? (risos) O frio aqui pode ser muito difícil para um bauruense. Outra coisa que senti falta essa semana foi de comer aquele queijo-quente com tomate delicioso aí de Bauru…nossa como é bom. Aqui não é tão fácil achar esses lanchinhos salgados e não tem pão de queijo. Também sinto falta de tomar uma cervejinha no barzinho e comer na vó Carmela. Enfim, tanta coisa. Amo Dublin, mas também sinto muita falta do Brasil.”

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Camila Hanada está fora de Bauru há um ano
“Eu estava muito resolvida e feliz no Brasil. Tinha acabado de me formar, estava trabalhando no emprego dos sonhos e era muito feliz no que fazia. Também não saí do Brasil por problemas na família ou com namorado. Minha família é ótima e é o que me faz querer voltar. Vim porque era hora de tentar algo novo, hora de ter experiências que não teria no Brasil. Vim para estudar inglês e, de quebra, arranjar um emprego para fazer algumas viagens. No começo, tive alguns empregos meio incertos, mas agora tenho dois empregos fixos: um como faxineira e outro como babá, já que estou férias da escola. Com esses empregos, recebo três vezes mais do que recebia no Brasil e ainda consigo fazer várias viagens, fazer compras em lojas que no Brasil não tinha coragem de entrar, pagar contas e mandar presentes para Brasil. Mas é difícil saber o que eu mais gosto daqui. Consigo responder ‘na lata’ o que eu menos gosto, que é o tempo. Mas o que eu mais gosto? Gosto das pessoas, que estão sempre abertas a te ajudar e responder perguntas, gosto do bom humor dos irlandeses e como eles valorizam o dia quando aparece um solzinho; gosto da segurança de andar à meia noite na rua sem nenhum medo, das noites divertidas nos pubs e das pessoas que conheci. Mas eu não acho aqui muito parecido com Bauru. Para mim, tudo é completamente diferente. Eu realmente amo Bauru, a cidade que morei toda a minha vida, mas a tranquilidade de andar na rua à noite e as belezas que vejo de dia aqui não tem como comparar. A educação das pessoas e o jeito deles darem ‘bom dia’ e pedirem desculpa a todo momento são coisas que nunca vi em Bauru e no Brasil. Um dia, eu trombei com uma pessoa na rua e a pessoa me pediu desculpa. Caramba, foi minha culpa! Apesar disso, eu sinto falta de sair à 6 horas da manhã da balada e ir direto comer algo em um carrinho de lanche ou comer pastel na feira. Também sinto muita falta das comidas de Bauru e restaurantes; de dar uma volta em um domingo e comer açaí à tarde na Getúlio.”

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Leonardo Portes está em Dublin há um ano e três meses
“Eu sempre tive vontade de fazer um intercâmbio e de viver essa experiência. Eu também precisava melhorar meu inglês. Com 24 anos eu já achava que era um pouco tarde para passar um ano fora do Brasil – pensando na minha carreira profissional – mas ao mesmo tempo eu via que poderia ser uma última oportunidade (antes tarde do que mais tarde). Fora tudo isso, a Pati, minha namorada, e mais dois amigos estavam com a mesma ideia que a gente. Então, juntamos ‘a fome com a vontade de comer’. O que mais gosto em Dublin é a sensação de segurança. Acho que a maioria dos brasileiros dizem a mesma coisa, mas realmente a sensação de você poder andar pelas ruas a hora que quiser sem ficar com medo, pensando que está correndo perigo, é muito boa. Mas pra mim não é só isso. Dublin é a capital da Irlanda e é uma cidade de porte. Então, a cena cultural aqui é muito forte. Sempre tem shows, festivais de música, de cinema e feiras em espaços públicos. Durante o verão tem uma galera que organiza exibição de filmes em parques públicos a um custo bem acessível. Fora os vários pubs que são bem legais. Antes de vir pra cá eu também tinha uma visão de que tinham muitos bauruenses vivendo aqui. Acho que o que influencia isso é o fato de você ver que outras pessoas que você conhece moram aqui, estudam, trabalham e, principalmente, gostam da experiência. Enfim, você vê que é possível, há aquela quebra de barreira de que morar no exterior é algo fora do alcance. Mas o que eu mais sinto falta de Bauru é da comida da minha mãe, dos shows no SESC, das festas de república e dos amigos que tenho aí. E um pouco do calor também! (risos).”

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Babi Zanda está em Dublin há um ano e três meses
“Eu estava em uma época onde eu poderia pegar as economias de toda a minha vida e ter um carro novo ou pagar o começo de um apartamento. Então, pensei que tinha feito muitas escolhas para ter aquele dinheiro. Nunca tive um carro meu, roupas de marca, bolsas ou sapatos de grife, sempre escolhi ir para praia uma vez ao ano ou visitar minha amiga que não morava na mesma cidade. Eu me na oportunidade raízes: afinal ter um bem é de uma certa forma estar ali. Foi aí que pensei: ‘quando tiver raízes, qual o tipo de terra vou querer que elas permaneçam? Uma bem fértil com certeza, com algo para contar e acrescentar. Então, enquanto não crio raízes, vou fortalecer minhas asas!’. Hoje, a minha relação com Dublin é como em qualquer relacionamento amoroso: horas amo com toda minha alma, outras me pergunto o que faço aqui. Mas a parte cultural, histórica e as pessoas me conquistam cada dia mais. Tem problemas? Muitos! É difícil? Muito também! Mas tem sempre música… aqui é muito musical e alguém com a cara fechada sempre vai te ajudar e um pouco antes vai abrir um sorriso meio tímido. Eles são assim: apenas diferentes. E quando eu decidi vir, eu coloquei na minha cabeça que precisava me despir de qualquer apego ou hábito. Então, o que eu mais sinto falta são as pessoas. Eu perdi uma pessoa muito especial durante o intercâmbio e é nessa hora que temos a real noção de que tijolos, tecidos ou motores potentes não fazem a menor diferença em nossa vida. Eu não sinto falta da árvore ou do banco, sinto falta de sentar nesse banco, que fica embaixo dessa árvore, esperando o fim do horário de almoço de quem é especial.”

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