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Rafael Oliveira é quadrinista e bauruense. Como a maioria das crianças, ele gostava de copiar e colorir seus desenhos favoritos. Influenciado pela mãe e pelos tios, que também desenhavam, a brincadeira de criança logo se tornou paixão. O quadrinista é formado em Design – o mais próximo das ilustrações que ele encontrou – e, logo, as “Tartarugas Ninjas” e os “X-Men” evoluíram para trabalhos autorais e elaborados.

Cada vez mais procurando aprimoramento, Rafael já trabalhou como designer gráfico no Jornal da Cidade, em Bauru, onde produzia algumas ilustrações e HQs para o caderno infantil. Foi no ano de 2015 que Rafael começou a focar no seu trabalho como ilustrador freelancer e quadrinista.

O Social Bauru conversou com o quadrinista, descobriu como é fazer HQs em uma cidade do interior, como funciona e quanto tempo leva a produção e se o fato do hobby ter virado profissão atrapalhou a paixão pelos quadrinhos. Confira!

Quando surgiu seu interesse pelos quadrinhos?
Rafael: Surgiu desde pequeno, com cinco ou seis anos de idade eu já folheava os quadrinhos. Eu lembro que eu ‘lia’ os quadrinhos da ‘Turma da Mônica’, mas eu via só as imagens, porque eu ainda não sabia ler. Então, foi desde pequeno mesmo que eu adquiri esse interesse, essa paixão. Eu me encantava muito pelas figuras, pelos desenhos.

Isso teve alguma influência de alguém da sua família?
Rafael: Acho que quem ajudou um pouco foi minha mãe e meus tios. Eles compravam os quadrinhos da ‘Turma da Mônica’ que na época eu lia bastante e eles desenhavam também. Então, isso ajudava bastante no contato com os desenhos, com a arte.

E você já desenhava desde criança?
Rafael: Sim. Acho que quase igual a todo mundo na questão de começar copiando desenhos que você gosta como, por exemplo, ‘Tartarugas Ninjas’. Depois vieram os heróis, os ‘X-Men’, isso no final dos anos 80 e começo dos anos 90.

O que você mais gosta ou gostava de desenhar, qual era seu preferido?
Rafael: Ah, com certeza os ‘X-Men’! Eu gostava bastante, principalmente o ‘Wolverine’. Na época passava um desenho animado e isso sempre me empolgava para desenhar. Ele era um personagem que eu copiava bastante.

Quando isso virou profissão?
Rafael: Acho que depois que eu entrei na faculdade. Eu sou formado em Design e foi o curso mais próximo que eu encontrei pra essa área de ilustração e história em quadrinho. Entrei na faculdade, fiz bastante coisa e depois eu comecei a me dedicar mais para o lado de ilustração mesmo. História em quadrinho eu estou começando a fazer agora. Faz uns cinco anos que eu me dedico muito a isso, principalmente as autorais.

E quais são essa publicações autorais?
Rafael: As duas primeiras que eu lancei foram ‘O Pagamento’ e ‘Esperança’. São histórias curtinhas que eu consegui lançar no FIQ, que é a Feira Internacional de Quadrinhos e acontece em Belo Horizonte a cada dois anos. As minhas histórias foram para lá em 2013. Então, de lá para cá eu comecei a publicar as minhas histórias independentes. Eu procuro sempre lançar uma história autoral por ano.

Você está trabalhando em alguma história agora?
Rafael: Eu trabalho como freelancer, tanto com ilustração quanto como quadrinista. Atualmente eu estou desenvolvendo uma história curta para um pessoal de Portugal, que será publicada lá. Também tenho alguns projetos com amigos roteiristas que está programado para ser realizado esse ano. E claro, pretendo também lançar um quadrinho autoral ainda em 2016. Vamos ver se dará certo!

Onde seus trabalhos autorais podem ser encontrados?
Rafael: Atualmente eu vendo pelo Facebook mesmo ou contato por e-mail. A galera manda mensagem pedindo e eu envio por correio para o Brasil inteiro. Em São Paulo eles são encontrados na Ugra Press, que é uma loja de quadrinhos, e também na Gibiteria.

O fato de isso ter virado profissão, tirou o prazer de hobby?
Rafael: Eu acho que tudo que envolve prazo, tira um pouco o prazer. Quando deixa de ser um hobby e vira profissão existem alguns contrapontos, tem que lidar com editor, são muitas exigências. Mas isso é normal, quando eu deito pra dormir depois de produzir uma ou duas páginas de quadrinho eu me sinto realizado. Uma sensação que eu não encontro em outro lugar.

Qual o ritmo de trabalho de um quadrinista?
Rafael: Quando eu tenho que desenhar o roteiro de outra pessoa, eu leio ele primeiro, faço a decupagem do roteiro em layouts, que nós chamamos de thumbnails, que são a composição da página em uma tamanho reduzido. Assim, eu consigo ter a noção da composição. Depois, se o roteirista aprovar esse layout todo, nós começamos a fazer em formato final que – como eu trabalho com o método tradicional com lápis, lapiseira e caneta – é no tamanho A3. Eu produzo em torno de uma página, uma página e meia por dia. Cada página leva em torno de oito horas de trabalho, dependendo da complexidade. Como eu faço todas as etapas, que envolvem fazer o lápis, a arte final em cima disso, colocar tons de cinza e fazer a parte do ‘letreramento’, o trabalho se torna um pouco repetitivo. Mas, eu que sou apaixonado por fazer quadrinhos, não me importo de ficar oito horas em uma prancheta desenhando.

É difícil trabalhar com quadrinhos em uma cidade como Bauru, fora do centro que é São Paulo?
Rafael: É bem complicado sim. Às vezes, nós somos mais conhecidos em São Paulo do que na própria cidade, pelo fato do maior número de consumidores estarem em São Paulo, porque os eventos acontecem lá ou em outras capitias. Então, o público que te reconhece normalmente fica fora da sua cidade. Mas eu sempre procuro participar ou elaborar eventos que ocorrem em Bauru para ajudar a categoria a crescer aqui e dar ao bauruense a oportunidade de conhecer nosso trabalho. Nós fizemos até uma exposição no Poupatempo ano passado.

Você se sente valorizado?
Rafael: De certa forma sim, eu me sinto valorizado. Eu acho que a questão de ser valorizado, para mim, é algo muito pessoal. Eu não dependo dos outros para me sentir assim. Eu me sinto valorizado pelo o que eu faço, não pelo o que os outros esperam de mim. Acho que reconhecimento é diferente e, nesse sentido, eu ainda estou caminhando. Talvez eu não tenha alcançado um reconhecimento tão amplo como alguns outros profissionais, mas é um trabalho constante. Como eu publico de forma independente, eu tenho que desenhar, imprimir, fazer o marketing pessoal, correr pra vender, porque se você não faz isso, as coisas não acontecem, ninguém irá fazer para você.

Tem algum grande evento que você já participou ou pretende participar?
Rafael: Eu tive o prazer de participar da Comic Con Experience em 2014 quando ela inaugurou, que foi o primeiro evento da Comic Con no Brasil e foi fantástico. Eu participei junto com meus amigos do coletivo Red Door HQs, que tem o Bruno Mute e o Daniel Queiroz. Nós conseguimos a mesa, participamos do evento, foram quatro dias. E é maravilhoso, uma experiência épica. Você tem contato direto com o leitor e isso é muito gratificante. Você faz seu quadrinho durante três ou quatro meses de forma isolada e a pessoa lê em cinco minutos, então é muito bom quando o feedback, principalmente positivo, ocorre. Às vezes a pessoa ia em um dia do evento, comprava seu quadrinho e no outro dia ela voltava e falava que tinha gostado e que já estava esperando pelo próximo número. Acho que isso é o combustível que, pelo menos para mim, funciona e dá gás para a continuação do trabalho.

Algum incentivo para a galera que pretende seguir esse caminho?
Rafael: O meu conselho é que se você quer produzir quadrinhos, não existe outra forma além de sentar e colocar a mão na massa, fazer os quadrinhos. Não adianta fazer ilustração, não adianta fazer desenhos avulsos. Pratica fazendo história em quadrinho, treina narrativa que é o importante. Paciência e persistência, a produção que leva à evolução.

Para conhecer melhor o trabalho de Rafael Oliveira, acesse: wwwrafaeloliveirabr.blogspot.com.br

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