Teruo Kosaka é DJ e apaixonado por música
Teruo Kosaka é DJ e apaixonado por música

Toda moda volta. Os anos passam, o mundo muda, as roupas mudam e as pessoas também, mas aquela peça que elas usavam há 20 anos vai voltar. Não à toa, os brechós sobrevivem atualmente com muita força. Assim como as roupas, os objetos entram na mesma linha. O vinil, maior exemplo, é peça rara e de colecionador, visado por muitos. Um modelo do mundo alternativo e “hipster”, ou simplesmente um caminho para os nostálgicos. Lembra da fita cassete (ou k7)? “Moda é isso mesmo, uma repetição cíclica. No Brasil, o k7 deixou de ser popular há décadas, só vivendo mais no meio da música independente”, afirma Aran Carriel, proprietário de uma loja de vinil em Bauru.

A fita cassete foi lançada oficialmente em 1963, mas foi nos anos 70 e 80 que chegou ao seu auge. “O k7 foi o primeiro formato portátil que existiu em questão de som. Você podia levar a música para qualquer lugar, isso era inimaginável na época”, explica João Lima, discotecário e produtor da Rádio Unesp FM.

O que surpreende na volta desses meios de reprodução é que, atualmente, o mundo tem uma possibilidade gigantesca e variada de como escutar música. O mundo online oferece serviços das mais variadas formas para ter acesso a qualquer música, desde Youtube até o Spotify. “Nós vivemos em uma era de convergência midiática. As mesmas histórias contadas em plataformas diferentes e em formatos distintos. A fita voltou em um contexto de re-significação de coisas”, afirma João.

O mundo da música resgata não só o cassete, mas uma infinidade de formatos e, ao mesmo tempo, busca adaptá-los às plataformas atuais. Um exemplo contundente é a diva pop Beyoncé. Já são dois álbuns visuais lançados nos últimos três anos. O trabalho de 2016, Lemonade, em especial conta uma história em vídeo e em música do começo ao fim, exatamente o conceito que o vinil trazia. “O CD quebrou um pouco essa mística do vinil e da k7, porque ele dava uma liberdade muito grande na hora da escolha da música”, explica João. Mas é a velha história da moda cíclica. Lemonade prova, e faz isso com qualidade.

João Lima, discotecário e produtor da Rádio Unesp FM
João Lima, discotecário e produtor da Rádio Unesp FM

Mas por que, mesmo com formatos parecidos em mídias atuais, as pessoas ainda buscam os vinis e cassetes? Para João, o contato físico e material é intrínseco ao ser humano. “A necessidade de ter contato com as coisas, essa questão fetichista da mercadoria, a questão do desejo, isso tudo desgasta esse consumo imaterial. Na minha opinião, é um formato que nasceu fadado ao esgotamento, porque você não toca, não vê”. Por isso, para ele, não só a nostalgia influencia, não só rodar a fita com a caneta bic, mas também o contato tátil com o produto. Já Emil Shayeb, produtor musical e proprietário da Valetes Records, em Bauru, concorda com a questão ‘palpável’, mas não vê o produto como opção, diferentemente de algumas gravadoras de São Paulo que têm utilizado o k7 para divulgar novos artistas. “Acho a ideia super legal e muitas pessoas querem alguma coisa física para pegar, comprar, guardar e até colecionar. Mas, financeiramente tenho minhas dúvidas se é viável ou não, essa prática é muito recente para saber se é apenas uma ‘modinha’ ou algo que vai voltar realmente”.

Não só a nostalgia, mas também ela. As experiências anteriores com um produto também chamam a pessoa a usá-lo novamente. “Faz parte do ser humano colecionar antiguidades, uns mais outros menos. Tudo o que me deu prazer enquanto criança e adolescente, tento resgatar e manter viva na memoria”, conta o DJ Teruo Kosaka, que ainda possui algumas em sua casa.

A memória de João, por exemplo, não tem a ver com música. Ela tem a ver com uma outra paixão do produtor. “Eu sou corinthiano. A minha memória favorita da fita cassete foi quando o Corinthians foi campeão brasileiro pela primeira vez em 1990. Era um time um pouco limitado, mas que tinha a raça corinthiana. E eu consegui gravar o jogo final contra o São Paulo, naquele histórico gol do Tupãzinho. Até arrepia lembrar. De vez em quando eu ainda escuto ela, com a narração do José Silvério”, conta João.

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