Imagine que um dia você está voltando para casa e seu telefone toca com uma mensagem de áudio de ninguém menos que Nany People! O bauruense Rafael Botta não imaginava, mas foi o que aconteceu com ele. Diretor do documentário “Como Somos“, Rafa estava gravando uma entrevista com Paulo Balderramas quando comentou sobre a Nany, que era um dos nomes cotados para narrar a história.

“No caminho de volta, eu deixei o Paulo e meu celular tocou. Era uma mensagem no Whatsapp da Nany People com um link do filme que ela tinha narrado e perguntou se era isso que eu estava procurando. Pelo link já dava para ter uma ideia da voz e era exatamente o que queríamos. Eu fiquei surpreso porque foi muito rápido”, relembra.

O motivo de aceitar, quase que imediatamente, a responsabilidade do trabalho é claro: trazer de volta o lado político da comunidade LGBT, falar sobre a temática do orgulho gay e de “você ser e fazer respeitar” como ela mesma esclarece. “O documentário é importante porque além de registrar, pontuar, esclarecer e anunciar, ele projeta a conscientização de que Bauru também está avante com leis que permitem uma vida mais harmoniosa, mais humana, mais civilizada e mais viável”, explica Nany.

Personalidade não só no meio LGBT, Nany People tem representatividade também na cultura brasileira. Além de ser uma profissional completa, a relação que ela tem com a cidade vai enriquecer o documentário. Nany será Bauru, ou seja, a narração será feita como se fosse a cidade contando o que se passa dentro dela. Por isso, ela tem papel fundamental, é por meio de sua voz que as pessoas vão se situar na história.

“A Nany vem pronta, completa, ela já é artista, é atriz, ela tem um trabalho de voz, ela tem uma maturidade na voz dela e tem a questão de que eu não queria uma voz extremamente feminina nem masculina. A voz dela representa muito o que a gente tá discutindo dentro do filme, então achamos por certo que teria uma coerência enorme que ela fosse a narradora”, diz Rafael.

E se você acha que Nany People é uma pessoa inacessível, já pode desconstruir essa ideia, segundo ela mesma “eles me acham muito intocável (risos)”, mas a verdade é que ela não é. Tanto que nos encontramos em uma passagem dela pela cidade. Nany estava em Bauru para provar o vestido do casamento de Fabio Porchat. Conversamos ali mesmo, no ateliê do estilista Fabio Ferreira, e entre histórias e costuras ela revelou sua opinião sobre a iniciativa de Rafael.

“Eu achei o máximo um documentário da história de Bauru para a consciência da realidade, porque ninguém dá valor aqui. É no registro que você consegue captar e expandir e chegar a muito mais pessoas. A proposta e a identidade do projeto são lindas e tem lugares sobre os quais eu vou falar que eu estava ali, eu vivi aquilo. Esse lado político de você ser e fazer respeitar, vindo de uma pessoa tão jovem como o Rafa é o máximo”, revela.

Reta final de “Como Somos”

Com data prevista para finalizar ainda no primeiro semestre de 2018, as filmagens do documentário estão praticamente concluídas. “Como Somos” se trata da trajetória e da luta LGBT em Bauru abordando temas como o início das boates voltadas ao público gay na década de 90, o surgimento de ONGs a favor da população LGBT, saúde, violência, educação, religião e as transexuais – com um episódio destinado à elas, por conta do pioneirismo em Bauru.

Assuntos como o presente, como vive essa população hoje e as expectativas para o futuro também fazem parte do documentário. Além de falar sobre a Parada da Diversidade, sua importância e sobre o que ocorreu esse ano, com o cancelamento do show da Pablo Vittar, mostrando o que Bauru aprendeu com o cancelamento do show e o que ficou.

Mesmo na reta final e com realização do Programa de Estímulo à Cultura, os produtores ainda estão em busca de apoios para finalizar o documentário. Quem tiver interesse em ajudar essa iniciativa pode entrar em contato com o Rafael Botta pelo telefone (11) 98215-0453.

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