Parece comum, para nós, falar. A fala é algo natural do ser humano, seja ele brasileiro ou não. Pela fala nós nos comunicamos, expressamos opiniões, informamos e até cultivamos nossa cultura.

Contudo, as línguas orais, como o português, o inglês, o espanhol, entre outras, não são acessíveis para grande parte das pessoas.

Em 2017, existiam mais de 10 milhões de surdos no Brasil, sendo que 70% deles tinham dificuldades de entender a língua portuguesa, tendo que se comunicar unicamente pela Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).

Reconhecida oficialmente a partir da lei nº10.436 de 2012, a LIBRAS é mais do que uma forma de comunicação, é um meio de unir uma comunidade.

A importância da LIBRAS

Aqui em Bauru, foi inaugurada em 2018, a Associação dos Surdos de Bauru e Região (ASBA). Um dos colaboradores do grupo é o professor de LIBRAS, Luis Matheus da Silva, que teve o primeiro contato com a língua em 1999, muito antes dela ser oficializada.

“Eu fui aprender por interesse, não tenho nenhum familiar surdo e não tinha contato com a língua, mas à medida que  tive esse contato no curso, comecei a buscar uma formação continuada” conta.

Ele explica que aprender LIBRAS não tem como objetivo ajudar os surdos, mas sim, conhecer uma segunda língua e dar o respeito necessário que essa comunidade precisa, já que muitas vezes, os surdos sofrem com preconceitos.

Segunda língua brasileira

Não é só a língua portuguesa que tem suas variações e dificuldade, a Língua Brasileira de Sinais também tem desafios a serem enfrentados.

Bárbara Ethienne é aluna de LIBRAS no Senac de Bauru há seis meses, e decidiu aprender a língua quando ainda estava no ensino fundamental. Um de seus professores, com deficiência auditiva, abordou a temática da surdez em uma aula, deixando a garota completamente apaixonada.

“A LIBRAS era e ainda é de difícil acessibilidade e somente com a escolha da minha graduação em 2016, que é pedagogia, resolvi pesquisar mais sobre a Identidade Surda e fazer um curso dessa língua”, explica ela.

Barbará ainda conta que uma das dificuldades da LIBRAS é a falta de contato no dia a dia e sua variação entre as comunidade e cidades. Ainda assim, um dos grandes problemas da língua é o preconceito.

“A dificuldade mais gritante é ver como uma segunda língua brasileira é tão escondida, estereotipada e agora no contexto político, usada como forma de populismo e alienação das pessoas, aumentando o estereótipo principalmente da pessoa surda em alguns casos e aumentando a resistência da sua aprendizagem em outros”.

LIBRAS em Bauru

Aqui em Bauru, as aulas da Língua Brasileira de Sinais são oferecidas pelo Senac desde de 2013, pela professora Andressa Lins, que está há 14 anos ensinando LIBRAS.

A professora conta que devido ao seu grande contato com a comunidade surda, ingressou em seu primeiro curso de LIBRAS em 1996.

Para ela, a língua é importante para “a comunicação dos surdos entre ouvintes. Os surdos são usuários da língua de sinais e os locais de atendimento, seja público ou privado, necessitam de pessoas com a capacitação em LIBRAS para que o surdo seja atendido adequadamente. Além disso, ao se deparar com um surdo, cumprimentá-lo na sua língua mostra respeito pela pessoa. Hoje, muitos surdos ainda vivem isolados em casa, sem acesso a serviços, por não serem compreendidos”.

O curso tem uma vaga gratuita para pessoas com renda familiar de até dois salários mínimos, contudo, todo mundo pode se inscrever para as aulas a partir dos 13 anos de idade.

Se joga de cabeça!

A primeira coisa que um aluno de LIBRAS deve ter em mente é separar a língua portuguesa da língua de sinais, pois cada uma tem regras gramaticais próprias.

Contudo, para quem se interessa pela língua, a professora Andressa recomenda cursos presenciais, para que o aluno consiga entender as diferenças entre as regiões e se dedique à língua.

“Estude, tenha dedicação e além de tudo isso, ame o surdo!”, conclui a professora.

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