Desde que foi decretado estado de emergência em Bauru, no último dia 20, o ritmo da cidade mudou. As medidas, que visam diminuir o número de pessoas circulando nos espaços públicos e privados, têm como objetivo frear a disseminação do novo coronavírus. 

Mais recentemente, neste último domingo (29), o prefeito Clodoaldo Gazzetta alterou o decreto para calamidade pública. Seu intuito é restringir ainda mais a circulação dos bauruenses para diminuir os possíveis impactos que o vírus pode causar na cidade. 

Ainda que necessárias, as ações impactam diversos setores da sociedade, que precisam paralisar suas atividades. Entre as áreas afetadas pelo isolamento social, destaca-se a cultural. 

Em meio à pandemia, teatros, cinemas, shows e festivais tiveram suas operações canceladas ou adiadas, já que reúnem muitas pessoas. Isso significa que cerca de 5 milhões de pessoas que trabalham no setor cultural brasileiro estão paralisados por um bem comum: frear a transmissão do coronavírus. 

Buscando alternativas 

No entanto, para que os artistas possam passar por essa crise – de saúde e financeira – é necessário o apoio da sociedade. Sendo assim, muitos artistas já estão se mobilizando por meio da internet para continuarem na ativa. 

Em lives, eles entretém o público de suas casas e também reúnem, de certa forma, as pessoas, mesmo que distantes fisicamente. Uma dessas iniciativas é o Festival Música em Casa, que transmitiu inúmeras apresentações de artistas entre os dias 20 e 29 de março pelo Instagram. 

Apesar de muito inovadora, a ideia do festival abarcou apenas artistas brasileiros já consagrados e famosos. Assim, fica a questão: e os músicos independentes da região, o que estão fazendo neste momento? 

A equipe do Social Bauru conversou com músicos de quatro bandas da cidade para saber como estão lidando com o momento de paralisação e como os bauruenses podem auxiliá-los. 

Overhead

Conhecidos pelo rock autoral que tocam, a Overhead, formada por André Moreno (vocal/guitarra), Bruno Bevenutti (guitarra solo), Ivo Ferreira (baixo) e Brendel Alba (bateria), é uma banda que surgiu em Bauru no ano de 2010. 


Foto: Divulgação/Facebook

Assim como muitos outros artistas, foram pegos de surpresa pelo coronavírus, e Ivo conta como o período de isolamento tem afetado-os. 

“O impacto foi gigante porque já tínhamos muitas apresentações agendadas, em cidades como São Paulo, Paraná, Minas, Rio de Janeiro e estava praticamente fechado na Argentina. Todas até julho foram cancelados e não sabemos como vai ser o retorno e o impacto de tudo que está acontecendo por causa do COVID -19”. 

Por conta da paralisação, Ivo comenta que os bauruenses podem auxiliar o grupo acessando suas redes sociais, assistindo e compartilhando o clipe da nova música: BR da Morte. 

Ainda, o baixista pontua que já está pensando em uma forma de driblar a distância física do público. Juntamente com Josiel Rusmont, da Criasom Estúdios – estúdio de música de Bauru – Ivo montou um projeto para apresentações online de artistas da região e já o encaminhou para a Secretaria de Cultura. 

“Este projeto abrange músicos e outros artistas locais, de teatro e dança, para tentar abrir um chamamento para entretenimento com a população que está em isolamento assistir via redes sociais. Esperamos que analisem e nos ajudem porque muitos artistas dependem disso para sobreviver, já que tiveram seus eventos cancelados”, explica o músico.

Sendo assim, o apoio da sociedade e do poder público, além da união entre os próprios artistas, são fundamentais neste momento. 

Por fim, Ivo já planeja o futuro após a crise causada pelo vírus: “Quando tudo passar esperamos fazer uma bela apresentação em nossa cidade e agradecer pela vida. Nessas horas vemos como somos frágeis e queremos mostrar nosso som”, finaliza.

yolomood

Uma banda bauruense, autoral e que mistura riffs dos anos setenta ao swing de funk norte-americano. É assim que se define a yolomood, grupo que surgiu em Bauru há cerca de dois anos. 

Composto por Guilherme Piva (guitarra e vocais), Caio Costanzo (bateria) e Marco Léo (baixo), o grupo, assim como outros artistas, também sente os efeitos do isolamento social, necessário por conta do coronavírus.


Foto: Divulgação/Facebook

Para nós é um entrave complicado, pois estamos no meio de um processo muito importante de uma luta conjunta na região para valorizar o trabalho das bandas autorais e criar um circuito ativo na cidade e pela nossa região”, explica o vocalista. 

Contudo, Guilherme reflete que simples ações podem contribuir nesta ocasião, como ouvir o EP de estreia da banda, “Floating Around the Feelings”, no Spotify e também segui-los nas redes sociais

Enquanto isso, o integrante detalha que, durante o isolamento, a banda trabalhará em composições inéditas para serem gravadas quando a situação se normalizar. Ainda, ele pontua sobre a importância dos artistas na sociedade, especialmente em situações como esta: 

“[Temos que] Manter vivo o pensamento de que, mesmo em tempos difíceis, e, principalmente, em momentos assim, o trabalho do artista é imprescindível para que as pessoas mantenham o equilíbrio mental e sejam positivas. A música existe para conectar e harmonizar as pessoas! Sigam os artistas da sua cidade, apoiem e divulguem seus trabalhos, sem incentivo não há renovação no cenário atual!”, finaliza

Zandare

A banda bauruense autoral de rock progressivo e brasilidades, composta por Sol (vocais), Vitinho Zangerolamo (guitarra), Vini Iared (teclado e sintetizador), Léo Diman (baixo) e Felipe Cassiola (bateria), também nos contou como está lidando com a situação causada pelo novo coronavírus. 

Saiba como apoiar bandas bauruenses durante esse período de isolamento por conta do coronavírus
Foto: Divulgação/Facebook

Surgida a partir de uma república de alunos da Unesp de Bauru, a formação atual existe há cerca de dois anos. O baixista comenta que a quarentena voluntária tem impactado os músicos, principalmente, na parte prática. 

“Tínhamos vários eventos marcados (não só com a Zandare, mas também com o coletivo bauruense que integramos – Sanduíche ATK!), vendas de ingressos em andamento e vários planejamentos acontecendo, mas devido à quarentena tivemos que adiar todos eles. Isso também atrasa os processos de criação pois não podemos estar tão juntos como gostaríamos”, explica

Em contrapartida ao atraso prático, no dia 21 de março o grupo lançou uma nova música – a primeira do próximo EP, que se chamará “Cosmoflora” – “Noites de um Bar”. Ela já está disponível em todas as plataformas digitais, bem como o lançamento anterior ‘Pestanas Diurnas’

Enquanto o isolamento social destaca-se como a melhor forma para conter o vírus, a Zandare também optou pela internet como uma forma de manter-se conectada ao público. 

Apesar de desacelerarem, os músicos veem o momento como uma oportunidade de introspecção, estudo, prática e criação de novos conteúdos. Léo também destaca que a relevância do apoio aos artistas, principalmente, aos independentes. 

“É indispensável o apoio de todas as pessoas que nos acompanham através das redes sociais e da divulgação orgânica através do ‘boca-a-boca’, agora digital”. 

Portanto, assim que o afastamento social passar, a banda tem certeza que fará o que mais gosta: retornará aos palcos! Você pode conferir o lançamento e também o primeiro EP do grupo no Spotify por meio deste link

Calibrados

Figurinha carimbada na noite bauruense, o Calibrados existe desde 2008. A banda bauruense é formada por Thiago Xavier (vocalista), Rica Nogueira (guitarrista), Euler Silva (baterista) e Márcio Lanzarini (baixista).

O grupo possui o estilo pautado no Rock’n’Roll, mas em cada apresentação apresenta uma proposta diferente. Agora, com as medidas de isolamento social, Márcio lamenta o cancelamento de eventos, já os shows são a única fonte de renda dos músicos.

Saiba como apoiar bandas bauruenses durante esse período de isolamento por conta do coronavírus
Foto: Divulgação

Contudo, explica que os bauruenses podem auxiliá-los de casa mesmo, ouvindo suas músicas no Spotify, Deezer, iTunes e compartilhando com os amigos.

“Criei uma playlist colaborativa no Spotify, onde todos podem incluir sons das suas bandas (preferencialmente independentes) favoritas, chamada ‘A União Faz a Fita’. Já tem mais de trinta bandas e a única coisa que peço é o compartilhamento, para que todos sejamos ouvidos”, continua o baixista. 

Por ora, o Calibrados já está participando de uma iniciativa que visa amparar diversos músicos durante esse período: o Rock do Bem. 

“[O projeto] vai iniciar um cadastramento de bandas independentes para reunir material e enviar para as rádios da região. O Calibrados já está preparando um material e a Supersônica está finalizando alguns singles para lançar nas plataformas”, acrescenta Márcio.

Ademais, ele também ressalta que Bauru é extremamente rica em artistas, contando com ótimos músicos, poetas, escritores, desenhistas, dançarinos, etc., e que a cultura local deve ser preservada – hoje e sempre. 

Sobre o atual momento que todos enfrentam, reflete: “O mundo todo está sendo obrigado a rever suas atitudes e a forma como lidam com o próximo. Muitas pessoas estão ou ficarão em situação precária e só a união e a empatia podem amenizar esse estrago”

A playlist “A União Faz a Fita” pode ser escutada aqui

Agora, mais que nunca, essas bandas que animam as noites bauruenses precisam da sua ajuda. Então, ajude escutando, curtindo a página ou compartilhando com os amigos. Um play, neste momento, significa muito! 

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