O tempo em casa durante a quarentena tem sido um fator relevante para refletirmos sobre diversos assuntos. Além de permitir nos reconectarmos com a nossa casa e a nossa vida. Após algumas semanas sem sair, me deparei com uma irritação que logo identifiquei, como culpado, o meu guarda-roupa. Quando foi que juntei tantas peças que, há tempos, não saem para dar uma voltinha? O acúmulo acabou gerando uma desorganização que me tirava o ar a cada vez que abria a gaveta para pegar – muitas vezes – as mesmas roupas.

A campanha do agasalho aqui em Bauru  é uma boa oportunidade para quem, assim como eu, procura organizar o guarda-roupa e ainda ajudar outros bauruenses. Por isso conversei com uma especialista para descobrir como organizar, separar e doar as peças. Vanessa Manton é personal organizer e conta que, assim como em vários aspectos da vida, o guarda-roupa é regido pela Princípio de Pareto.

“Em 80% do nosso tempo, usamos apenas 20% das nossas coisas. Temos a calça jeans que a gente ama e que sempre usamos, a jaqueta que sempre usamos, o sapato que é super confortável e vira e mexe a gente tá com o pé dentro, isso é muito natural. Mas mesmo assim a gente compra, porque vivemos em uma sociedade capitalista, somos movidos pelo consumo”, explica.

Portanto, se usamos apenas 20% das roupas que temos, por que manter os 80%, quando há outras pessoas que necessitam? Se você também fez esse questionamento, saiba que é o primeiro passo para começar a separar peças para a doação. Vanessa afirma que, para desapegar, é necessário querer, assim, o trabalho fica mais fácil.

Desafio aceito! Por onde começo?

Se você está disposto a seguir com a tarefa, saiba que ir tirando tudo de uma vez do armário não ajuda em nada. Segundo a personal organizer, fazer isso pode te levar a desistir com mais facilidade. “Comece por partes, ou seja, por uma das portas do guarda-roupa ou pelas gavetas. Se você fizer aos poucos, cada parte que você conseguir realizar é uma vitória. É importante para que a gente não desista, não se frustre. Então vai devagarzinho”, diz.

Ela ainda aponta que o ideal é que cada pessoa analise suas próprias coisas. Isso também vale para as crianças, então deixem que elas olhem suas roupas e sinalizem as que mais gostam.

Antes de começar a separação, arrume caixas para setorizar as peças. Diferencie-as por cores ou por etiquetas.

“Verde é o que está decidido e vai para a doação. A caixa amarela é para peças que você ainda não tem certeza se vai ou se fica. Já a vermelha para os itens que ficam. Com as crianças isso pode até ser lúdico e divertido”, indica Vanessa.

Vanessa leva os próprios cestos coloridos para ajudar os clientes no processo de escolha das roupas

Fica ou não fica?

Outro aspecto que ajuda a separar as roupas que poderão ser doadas é pensar em critérios para a escolha. Faça perguntas que irão te ajudar a encontrar o motivo para ficar ou desapegar daquele item. Se você está procurando uma razão para ficar com a roupa pode ser sinal de que ela tem que ir embora.

“Coisas que eu gosto muito, que eu uso ou não uso muito, peças que não me servem, que eu ganhei ou comprei por impulso e não valoriza o meu corpo. Com relação ao tamanho, se não está servindo, quantos números a roupa está maior ou menor em você, se será possível chegar a esse número novamente e, quando chegar, você vai querer usar essa roupa novamente?”, enumera Vanessa.

A especialista ainda diz que as roupas estão muito ligadas ao momento da nossa vida. Por isso, avalie as mudanças pelas quais passou e se aquele estilo de peça se encaixa na sua rotina atualmente. “Por exemplo, uma executiva que se aposentou, ela vai voltar a usar aquelas roupas em que situação? Portanto, as mudanças na vida também servem para reavaliar o guarda-roupa”, completa.

Apego emocional: devo ou não devo me desfazer?

Todo mundo tem aquela peça que não consegue desapegar de jeito nenhum. Embora ela esteja escondida em algum canto do armário e você nunca usa, algo impede de doá-la. Para esses casos, a personal organizer conta que é necessário fazer uma reflexão.

“Primeiro, faça uma avaliação bem profunda do porquê está apegado. Que tipo de memória ela traz. Faça uma avaliação emocional desse vínculo e compreenda se faz sentido você colocar essas emoções e lembranças em algo físico. Ou se se vale a pena mudar o padrão de pensamento e compreender que memórias e lembranças são guardadas na cabeça e no coração, então não precisam estar traduzidas em uma peça”, indica.

Se, após a reflexão, você ainda precisa – e quer – de outro motivador, lembre-se da campanha do agasalho. A “Aquece Bauru” existe por um motivo, ajudar pessoas que não têm condições para comprar uma roupa. Por isso, quando pensar em quanto tempo aquela blusinha ficou parada, lembre-se que há pessoas que dariam mais sentido à função dela.

Como descartar as peças que vão para a doação?

Quando pensamos em doação precisamos refletir que uma outra pessoa vai receber aquela peça. Portanto, não é legal doar roupas rasgadas ou manchadas, mas sim, em bom estado. Por isso, Vanessa alerta que existem as peças de descarte e de doação.

“Temos que pensar que são peças que serão bem usadas, então têm que estar minimamente dentro de uma condição de uso ideal. Se precisar arrumar, faça isso, recupere a peça e depois doe. Isso serve para os calçados também, tênis com a sola descolada, por exemplo, não é para doar. Se estiver bom, cole a sola e doe. Porque fica desagradável entregar para uma pessoa algo que está desabilitado para uso”, sinaliza.

Com a pandemia do novo coronavírus, a campanha do agasalho pede para que as doações sejam higienizadas e embaladas. As doações podem ser entregues das 8h às 17h, na Sebes (avenida Alfredo Maia, quadra 1). Caso as peças estejam muito danificadas e precisem ser descartadas, direcione para o lixo reciclável.

Desorganização no guarda-roupa pode ser sinal de excesso

Mesmo com todas as dicas acima, se você ainda acha que precisa de muitas peças para ter diversidade no guarda-roupa, saiba que isso pode ter o efeito contrário. Por fim, Vanessa esclarece que a desordem se instala quando existe um desequilíbrio entre o que temos e o espaço disponível para armazenar.

“Quando existe uma equalização, essa relação é mais saudável e tudo funciona melhor. Inclusive a gente consegue usar mais coisas, porque o que não é visto, não é lembrado e o que não é lembrado, não é usado. Então a quantidade de coisas impacta. Quanto mais coisas tiver, mais difícil de manter organizado”, finaliza.

Consultoria
Vanessa Manton – Personal Organizer / www.facebook.com/organizaqui / @organizaqui / Telefone: (14) 99644-7182.

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