Neste domingo (18), às 20h, a bailarina e atriz Andréia Nhur realiza a apresentação solo “Mulher sem Fim” no Teatro Universitário da FOB-USP. A artista faz parte do grupo Katharsis Teatro, foi finalista do prêmio APCA de 2015 na categoria Melhor Atriz por “As Estrelas São Para Sempre?”.

O espetáculo é gratuito, com classificação livre e para garantir o ingresso, o público deve chegar com 1 hora de antecedência. A obra foi contemplada pelo Edital Proac-04/2022 (Programa de Ação Cultural do Governo do Estado de São Paulo) para circulação estadual.

Neste trabalho, Andréia contou com colaboração dos demais integrantes do Katharsis Teatro: a musicista e bailarina Janice Vieira, o dramaturgo, diretor e iluminador Roberto Gill Camargo e a atriz e produtora Paola Bertolini. Em cena, a artista dança, canta e representa em uma narrativa descontínua corpos de mulheres tomados pelos contextos em que elas vivem.

Sinopse

“Mulher sem fim” é uma peça multiartística que transita entre dança, teatro, música e performance para edificar um corpo constantemente trespassado por ecos de mulheres presentes nas memórias de diversas culturas. De Madame Bovary a Lady Macbeth, passando por Carmen Miranda, o trabalho traça uma dramaturgia da transformação corpórea de uma performer que desenha e apaga sua própria identidade de gênero, por meio de citações de outras mulheres.

O trabalho anuncia relações corpóreas e sonoras sobre a construção do feminino, opressão, liberdade, loucura, devaneio, poder, resistência e infinitude, por meio de uma proposta estética que mistura dança contemporânea, teatro, música e performance. A estrutura cênica se ancora na fisicalidade e na vocalidade, trazendo questões femininas e feministas em movimento intermitente.

Para criar o solo, Andréia recorreu a um recurso central na pesquisa do Katharsis – a busca da materialidade da cena antes de algum significado imediato – as mulheres construídas por Andréia transitam de uma para a outra por associações que se mostram em seus gestos e textos.

No Katharsis buscamos as associações antes dos significados. Procuramos entender onde o gesto, a voz e outros elementos conduzem o corpo”, explica Andréia.

Sendo assim, a representação de uma reza árabe vira a imagem de uma escultura de Afrodite para logo em seguida se tornar a canção Jesus, Alegria dos Homens, de Bach. “As culturas vão se transformando no corpo a partir do que cada som ou movimento lembra. A partitura corre pelo meu corpo e chega nas imagens dos cantos, por exemplo”, conta a artista.

Em alguns dos quadros, a atriz referencia personagens femininas conhecidas mundialmente, como Emma Bovary, do romance francês de Gustave Flaubert Madame Bovary, e Lady Macbeth, da peça Macbeth, de William Shakespeare.

A visão que Emma criou da liberdade está muito associada ao que um homem poderia oferecer a ela. Emma é uma espécie de heroína aprisionada, porque tudo que existia em seu universo era parte de uma construção masculina”, avalia Andréia. Sobre Lady Macbeth, ela pontua o fato de que ambicionar o poder e arquitetar sua liberdade – e a de seu marido – lhe custou a vida.

Andréia também reproduz o canto de uma pastora cristã para experimentar o que “a voz da religião pode fazer com a voz de uma mulher” e se referencia a mulheres assassinadas por regimentos totalitários na história universal, como Joana D’arc, queimada viva, e Mary Stuart, decapitada.

A artista ainda conduz o público num canto à Nossa Senhora do Rosário que resulta do relato de Dadá, esposa de Corisco (cangaceiro de Lampião) – cuja morte foi fundamental para o enfraquecimento do cangaço – e passa por uma menção à cantora e atriz luso-brasileira Carmen Miranda.

São várias narrativas que se encerram e chegam nas outras”, sintetiza Andréia, reforçando no entanto que o que conduz “Mulher Sem Fim” é a narrativa de mulheres vivendo nos limites do que suas culturas oferecem.

Ficha Técnica

Texto, Criação e Performance: Andréia Nhur
Colaboradores: Janice Vieira, Paola Bertolini e Roberto Gill Camargo
Iluminação: Roberto Gill Camargo
Produção, Fotos e Operação de Luz: Paola Bertolini
Duração: 45 minutos | Livre

Serviço

Mulher Sem Fim
Dia 18 de junho, domingo, às 20h
Local: Teatro Universitário da FOB-USP (Alameda Doutor Octávio Pinheiro Brisolla, 9-75, Cidade Universitária, Bauru-SP)
Duração: 45 minutos
Classificação: Livre
Ingressos: Grátis (Chegar com 1 hora de antecedência)

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