Como lidar com os comportamentos das crianças? Seja uma ‘birra’ ou desobediência, essa é uma das grandes preocupações dos pais. Para responder à pergunta, existem diversas abordagens, e a pesquisa de Francisco Medeiros, doutorando de psicologia da Unesp Bauru, estuda uma delas.
É o ‘Promove-Pais’, um programa de intervenção psicológica desenvolvido pela Dra. Alessandra Turini Bolsoni Silva, orientadora do Francisco. “O método já teve resultados positivos em outros estudos. A minha pesquisa visa aumentar a quantidade de evidências da eficácia”, explica Francisco.
A partir do Promove-Pais, é pensado e discutido com os pais novas estratégias para lidar com os comportamentos dos filhos que podem gerar problemas futuros ao seu desenvolvimento. Da mesma forma, busca aprimorar a relação entre pais e filhos.
Para Francisco, isso significa uma possibilidade de melhora ao desenvolvimento da criança e para o ambiente familiar. “Comportamentos difíceis pode influenciar a qualidade da relação conjugal, conflito com irmãos e colegas. Elaborar estratégias positivas para lidar com estes comportamentos, diminui as chances de conflito e ajuda a criar um vínculo afetivo maior, entre pais e filhos, gerando um bem-estar à família”, enfatiza o pesquisador.
Atendimentos gratuitos para os pais
Para a pesquisa de doutorado, Francisco abriu vagas para atendimento gratuito a pais de filhos de 5 a 8 anos, em formato de parceria. “É uma parceria. Oferecemos atendimento semanais aos pais, os quais estão vinculados a uma pesquisa de doutorado e contamos com a colaboração deles ao responder questionários e nos fornecer informações sobre a rotina familiar, as quais também são incluídas como parte essencial dos atendimentos, uma vez que o programa é adaptado para cada participante”, resume.
Ou seja, de um lado, os pais terão 14 sessões de cerca de 90 minutos, que podem ser online ou presenciais, durante um prazo de três meses. Feita por um psicólogo apenas com os pais, os encontros visam entender as ações dos filhos, descobrir boas atitudes e quais podem mudar.
Durante o processo, o especialista e os pais vão elaborar estratégias para lidar com os comportamentos. “Vamos instrumentalizar os pais ao mostrar práticas educativas alternativas para desenvolver as habilidades sociais nas crianças. Crianças não vêm com manual de instruções, por isso é preciso aprender a lidar com as atitudes, entender por que ocorrem, entender que elas podem mudar”, explica.
Os comportamentos investigados
Um dos aspectos centrais da pesquisa de Francisco é entender como passar de costumes que precisam ser corrigidos para atitudes mais positivas.
Hábitos como desobediência, a birra, agressividade, timidez excessiva, dificuldade de se comunicar e não conseguir expor as vontades são questões que precisam ser cuidadas. “Não são problemáticos em si, mas podem comprometer o desenvolvimento”, diz Francisco.
Hábitos como desobediência, a birra, agressividade, timidez excessiva, dificuldade de se comunicar e não conseguir expor opiniões são questões que precisam ser cuidadas. “As crianças não são problemáticas em si, mas podem se comportar de modo a comprometer o seu desenvolvimento saudável”, diz Francisco.
“Por exemplo, uma criança que não solicita o que quer, como ir brincar com um colega no fim de semana. Por não pedir, ela não socializa e fica isolada. É algo que consideramos como um comportamento que pode ser alterado”, acrescenta.
Em seguida, o programa vai pensar em como reforçar ações positivas, nesse caso, as habilidades sociais. São comportamentos como iniciar e manter conversas, fazer pedidos de modo apropriado, criar relações de amizade, saber defender os direitos próprios, respeitar o outro, entre outros.
Como mudar os comportamentos?
Assim, os atendimentos vinculados a pesquisa têm por proposta central auxiliar os pais a encontrar meios de fazer essa transição de práticas educativas. Como explica Francisco, é desconstruir mitos de criação dos filhos e apresentar estratégias para sair de práticas educativas negativas para as positivas.
Alguns comportamentos que são trabalhados:
- Criar um um vínculo entre os pais e filhos para que facilite o estabelecimento de regras como acordo, e não apenas como imposição;
- Lidar com o choro a partir de uma conversa para compreender a motivação e como resolver;
- Saber fazer perguntas, responder perguntas e expressar sentimentos;
- Dar feedback, mostrando por que uma atitude pode ser negativa, e por que outra é positiva;
- Passar um tempo de qualidade com os filhos, que não seja apenas sentado vendo televisão. É preciso perguntar por que aquele programa é interessante, o que ele gosta, etc. É conversar de verdade.
Quer participar da pesquisa?
Pais interessados no atendimento devem acessar o formulário da pesquisa. Para mais informações, entre em contato pelo WhatsApp (18) 98149-8005 ou e-mail ([email protected]) para agendar uma entrevista. Nela, os pais responderão algumas perguntas e preencherão questionários sobre os comportamentos deles e dos filhos.
QR Code para o formulário
Os critérios para a participação são:
– serem pais biológicos da criança;
– pai e mãe participarem juntos dos encontros semanais;
– residir em Bauru ou estarem disposto a comparecer para as reuniões semanais;
– ambos os pais biológicos residirem com a criança;
– as crianças terem entre cinco e oito anos;
– pai e mãe devem estar com a imunização completa contra a COVID-19.
Financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), a pesquisa de doutorado em ‘Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem’ está vinculada ao Laboratório de Laboratório de Aprendizagem, Desenvolvimento e Saúde (LADS) e ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Análise do Comportamento Aplicada e Habilidades Sociais (GEPEACAHS).
