cronica-cigana
Ilustração: Marcella Marchesan

Com o filho no colo, ela pedia para ler as mãos dos que passavam (pela quadra 7 do Calçadão da Batista, em uma manhã de chuva fina, que aumentava o frio do inverno). “Não precisa nem pagar, se não gostar do seu destino”, dizia.

Um vendedor de frutas passou apressado: “Não. Minhas mãos estão ocupadas. Não vê que estou carregando esta carriola pesada com frutas? Preciso ganhar dinheiro também. E não acredito em nada disso”.

O senhor que tomava café, calmamente, tampouco estendeu as mãos para saber a sua sorte (ou o seu azar futuro). Não por falta de tempo ou descrença, mas, talvez, por estar satisfeito com seus dias e não ter curiosidade pelo tempo que lhe resta.

A moça que passava apressada com sacolas nas mãos, também não.

Talvez aquela senhora de sombrinha olhando a vitrine? Não. Mas sorriu.

A chuva caía mais forte. O bebê chorava. Quem sabe em outra quadra, ou quando a chuva passar. E a vida seguiu, com ou sem sorte naquele dia.

 

Compartilhe!
Carregar mais em Cultura
...

Verifique também

Elba Ramalho faz show gratuito na Arena Paulo Skaf em Bauru

No dia 10 de maio, às 20h, a Arena Paulo Skaf em Bauru recebe o show da Elba Ramalho. Conh…