Muitas vezes, nós bauruenses, somos tentados a não valorizar a nossa gente, imaginando que os grandes filhos ilustres são sempre de outras cidades ou países, um verdadeiro complexo de “vira lata”. Desde o começo do século 21, quando o Brasil passou a conhecer o ilustre conterrâneo astronauta Marcos Pontes, que se preparava para uma missão no espaço, senti uma obstinação muito grande pela figura e trabalho deste engenheiro aeronáutico formado pelo ITA.

A conquistar os ares, temos outro grande brasileiro, Alberto Santos Dumont, mineiro de Palmira, cidade que posteriormente mudou sua denominação para o nome do aviador, que foi o primeiro a decolar a bordo de um avião impulsionado por um motor a gasolina, o 14 BIS, em 1906, no Campo de Bagatelle, em Paris.

Um século após o feito de Dumont, registra-se outra grande façanha, a de Pontes. Mas o que fez Pontes? Em 30 de março de 2006 partiu para a Estação Espacial Internacional a bordo da nave russa Soyuz TMA-8, transportando oito experimentos científicos brasileiros para serem elaborados em um ambiente de micro gravidade. Regressou à Terra em dia 8 de abril, a bordo da nave Soyuz TMA-7, que pousou no deserto do Cazaquistão.

Nem todo bauruense e, quero crer, nem mesmo muitos dos brasileiros, conhecem os requisitos encontrados em Marcos Pontes que o credenciou a se tornar um astronauta da NASA-Agência Espacial americana.

Para poder embarcar rumo ao espaço sideral, Pontes passou por um processo rigorosíssimo de treinamento e qualificação, que exigiram uma capacidade intelectual muito acima da média. Grande parte do seu treinamento de cosmonauta ocorreu na Cidade das Estrelas, a 25 km de Moscou, no Centro de Treinamento de Cosmonautas Yuri Gagarin.

Gagarin foi um cosmonauta soviético e o primeiro homem a viajar pelo espaço, em 1961, a bordo da Vostok 1. Yuri também foi treinado neste mesmo Centro. Para esse treinamento até o idioma russo Marcos precisou dominar.

Pontes, um idealista desde a tenra idade, procurou conjugar os estudos em escola pública em Bauru, com trabalho, que lhe permitisse concretizar o sonho de abraçar a carreira militar junto à Força Aérea Brasileira. Posteriormente, se candidatou em concurso junto à Agencia Espacial Brasileira, exatamente há 20 anos, para participar do Projeto da Estação Espacial Internacional, no qual saiu vencedor. Para iniciar nova etapa de sua vida, abriu mão de seu sonho da carreira militar para representar o país na NASA na condição de cosmonauta, uma carreira meramente civil.

Na NASA atuou como engenheiro junto ao Projeto da Estação Espacial. Para se ter uma visão mais clara do seu potencial, em 2006, participou da missão inicial espacial brasileira, ou seja, a Missão Centenário, tornando o primeiro astronauta do Brasil. Ainda mais, Pontes faz parte de um seleto grupo de cerca de 600 pessoas de um total de mais de 7,6 bilhões de terráqueos que conseguiram chegar ao espaço, em todos os tempos.

O astronauta bauruense continua à disposição do Programa Espacial Brasileiro. Desempenha as funções de embaixador da For Inspiration and Recognition of Sciense and Technology Foundation (FIRST) no Brasil e do WorldSkills International, além de presidente da Fundação Marcos Pontes para a Educação, Ciência e Tecnologia.

Marcos Pontes caminha ladeado com o também engenheiro aeronáutico bauruense Oziris Silva, fundador e ex-presidente da Embraer, ex-ministro da Infraestrutura e ex-presidente da Petrobrás.

São duas eminências do mais alto quilate. Ambos divulgam Bauru e o Brasil através de suas esplêndidas atuações, principalmente, nas áreas aeroespaciais.

Marcos e Oziris são profissionais de excelência e, como engenheiros que são, foram reconhecidos e homenageados como “engenheiro do ano” pela Associação de Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Bauru-Assenag.

A cidade de Bauru viveu no mês de junho passado a 5ª edição do evento Arraiá Aéreo, promovido pela Fundação Marcos Pontes, com o objetivo de difundir informações e conhecimentos das ciências aeroespaciais, principalmente para a população mais leiga. Contou com a participação de mais de 100 mil pessoas de Bauru e região. É um evento extraordinário!

Bauru deve sempre se lembrar de seus filhos ilustres e, Pontes e Silva, certamente estão entre os merecedores dos mais elevados louros por parte de seus conterrâneos bauruenses. A cidade deve se sentir plenamente honrada com os feitos extraordinários destes filhos que, apesar da fama que corre o mundo, são pessoas de uma humildade ímpar, o que torna essas figuras humanas ainda mais notáveis. Eles levam o nome de Bauru, literalmente, ao espaço, em direção ao infinito.

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