Nunca imaginei que Godzilla e Kong: O Novo Império seria o sucesso comercial e segue de longe como o maior fenômeno de 2024. Na última semana, o filme estreou com US$80 milhões na bilheteria doméstica, enquanto fez US$194 na bilheteria internacional. E mostra que uma tendência nunca acaba, ela pode se adaptar, se atualizar, mas segue mais viva do que nunca. “O cinema de monstro ocupa o protagonismo dos blockbusters, aproveitando uma onda de cansaço de filmes de heróis.  Mas afinal, desde quando os monstros ocupavam as prateleiras do cinema?

Foto: Reprodução

Monstro é um ser fantástico e lendário que possui aparência, poderes e atitudes aterrorizantes. Nas histórias sua intenção é causar medo nas pessoas e, geralmente, representar o mal, enquanto há alguém do bem para derrotá-lo. 

O cinema frequentemente busca explorar a fascinação que o público tem pelo extraordinário, o desconhecido. Um dos temas recorrentes em produções de grande orçamento são os filmes de monstros gigantes. E os motivos para isso são variados, já que filmes com criaturas enormes possuem um apelo global, facilitando o sucesso dessas produções nos mercados internacionais. Afinal, é uma linguagem universal.

Os registros dessas manifestações vêm desde a antiguidade, sendo entidades consideradas folclóricas e fazem parte das culturas de praticamente todos os povos. O Brasil é um dos países que mais possui criaturas folclóricas, incluindo monstros e heróis da natureza. Muitos filmes sobre manifestações monstruosas têm fundo de verdade, pois são inúmeros os registros de lendas e mitos a respeito de monstros vistos através dos séculos. Além disso, obras que apresentam monstros colossais geralmente envolvem efeitos especiais exuberantes e tecnologia avançada, proporcionando espetáculos visuais impactantes que atraem o grande público. Nesse contexto, destacamos cinco grandes obras de monstros gigantes.

E esse protagonismo começou a reverberar nas premiações, pensando que em 2024, no Oscar, após 70 anos, “Godzilla Minus One” se torna o 1º filme da franquia a ganhar o Oscar. Nomeado na categoria de Melhores Efeitos Visuais, o longa entrou para a história de três formas diferentes. Infelizmente hoje (abr24) ainda não está em nenhuma plataforma de streaming. No longa, que se passa em um Japão devastado após a Segunda Guerra Mundial, Godzilla surge do mar para assolar ainda mais o país. Diante da ameaça, um grupo de veteranos se une para derrotar o monstro. Uma clara metáfora sobre a bomba atômica, aliás esse tema é recheado de alusões, mas também se você quiser apenas curtir um monstro destruindo tudo, funciona. 

Dessa forma, o cinema do horror e da monstruosidade questiona os ideais de perfeição, consciência e comportamento social, e assim cria o exercício de dissociar a feiura da maldade. Isso permite ao telespectador entrar em outra dimensão e refletir a partir do cinema de horror e da monstruosidade sobre a multiplicidade das questões humanas, a dicotomia entre “bem e mal” e “o bonito e o feio”, além de discutir a empatia e o que é realmente monstruoso na sociedade.

Separei alguns clássicos de monstros que vale a pena conferir

King Kong

Foto: Reprodução

Dá para fazer um texto só sobre o macacão mais famoso do cinema. Foi em 1933 que o planeta ficou conhecendo aquele que se viria a tornar num dos monstros mais icônicos da história do cinema e de toda a história ficcional – King Kong!

O primeiro filme do King Kong conta a história de um cineasta que ganhava a vida fazendo filmes sobre a vida selvagem e as suas criaturas. É assim que ele embarca para a Ilha da Caveira com toda a sua equipa de produção, filmagens e atores pois existia uma lenda sobre uma criatura gigante a que chamavam Kong.

Desde 1933 que foram lançado nove filmes centrados no monstro, sendo eles:

  • King Kong (1933)
  • O Filho de King Kong (1933)
  • King Kong vs Godzilla (1962)
  • King Kong Escapes (1967)
  • King Kong (1976) – Remake da versão original
  • King Kong Vive! (1986)
  • King Kong (2005) – Segunda tentativa do filme original, agora pelas mãos do Peter Jackson! Sensacional!
  • Kong: Ilha da Caveira (2017)
  • Godzilla vs. Kong (2020)
  • Godzilla e Kong: O Novo Império

Godzilla

Em 1954, a Toho Studios lançou o primeiro filme do monstro no Japão, Godzilla, dirigido por Ishiro Honda, mas poucos sabem que a criatura, na verdade, foi originalmente batizada de Gojira. O nome é o resultado da junção das palavras em japonês “gorira” e “kujira”, que significam “gorila” e “baleia”, respectivamente. Já existem mais de 30 filmes sobre a criatura, cada um deles trazendo algumas diferenças na história de sua origem. Há os que fazem referência aos ataques dos Estados Unidos às cidades de Hiroshima e Nagasaki, durante a Segunda Guerra Mundial, sendo o Godzilla a consequência das mutações provocadas pela radiação. São mais de trinta filmes, mas separei os mais expressivos:

  • Godzilla (1954)
  • Godzilla Contra Ataca (1955)
  • King Kong vs. Godzilla (1962)
  • Mothra vs. Godzilla (1964)
  • Godzilla (1998) – Versão americana que se passa em Nova York.
  • Godzilla (2014) – Versão recente, início do “monstroverso”
  • Godzilla II: Rei dos Monstros (2019)
  • Godzilla vs. Kong (2020)
  • Godzilla e Kong: O Novo Império
  • Godzilla Minus One (2023) – Super curioso pra ver!

Círculo de Fogo (Guillermo del Toro, 2013)

Quando várias criaturas monstruosas, conhecidas como Kaiju, começam a emergir do mar, tem início uma batalha entre estes seres e os humanos. Para combatê-los, a humanidade desenvolve uma série de robôs gigantescos, os Jaegers, cada um controlado por duas pessoas através de uma conexão neural. Entretanto, mesmo os Jaegers se mostram insuficientes para derrotar os Kaiju. Diante deste cenário, a última esperança é um velho robô, obsoleto, que passa a ser comandado por um antigo piloto (Charlie Hunnam) e uma treinadora (Rinko Kikuchi).

Filmaço, Para quem cresceu na década de 80, Círculo de Fogo atende de maneira espantosa toda a carência enraizada por uma geração que conviveu com os clássicos seriados japoneses. Del Toro pesa sua mão como diretor e entrega um filme divertido, pena que não fez tanta grana. Mas vale conferir. Está no catálogo da Max e do Prime Video.

O Ataque dos Vermes Malditos (Ron Underwood, 1990)

Perfection é uma pequena vila isolada no meio do estado de Nevada onde, indo de encontro à calmaria costumeira, passa a sofrer uma série de abalos sísmicos estranhos. Para investigar as vibrações a estudande de sismologia Rhonda (Finn Carter) instala aparelhos no deserto. É quando dois trapaceiros, Val (Kevin Bacon) e Earl (Fred Ward), descobrem que embaixo da cidade está uma ninhada de vermes gigantes e fedorentos, com tentáculos na boca e que se movem sob a terra em alta velocidade. Acuada pelas criaturas, os habitantes da cidade se unem para encontrar uma solução e eliminá-los.

Clássico do extinto Cinema em Casa do SBT, o filme ajudou a lançar Kevin Bacon para o grande público. Disponível hoje, apenas para locação.

O Hospedeiro (Bong Joon Ho, 2007)

Na beira do rio Han moram Hie-bong (Byeon Hie-bong) e sua família, donos de uma barraca de comida no parque. Seu filho mais velho, Kang-du (Song Kang-ho), tem 40 anos, mas é um tanto imaturo. A filha do meio é arqueira do time olímpico coreano e o filho mais novo está desempregado. Todos cuidam da menina Hyun-seo (Ko Ah-sung), filha de Kang-du, cuja mãe saiu de casa há muito tempo. Um dia surge um monstro no rio, causando terror nas margens e levando com ele a neta de Hie-bong. É quando, em busca da menina, os membros da família decidem enfrentar o monstro.

O filme é tenso, hipnotizante que vai te deixar preso do início ao fim. O primeiro grande sucesso de Bong Joon-ho (Parasita). Atualmente não está em nenhum catálogo de streaming.

O Nevoeiro (Frank Darabont, 2010)

Após uma violenta tempestade devastar a cidade de Maine, David Drayton (Thomas Jane) e Billy (Nathan Gamble), seu filho de 8 anos, correm rumo ao supermercado, temendo que os suprimentos se esgotem. Porém um estranho nevoeiro toma conta da cidade, o que faz com que David, Billy e outras pessoas fiquem presas no supermercado. Logo David descobre que há algo de sobrenatural envolvido e que, caso deixem o local, isto pode ser fatal.

Adaptação de Stephen King e com a direção do excelente  Frank Darabont o filme tem um dos finais mais tensos da atualidade. Está no catálogo da Netflix e Prime Video.

Cloverfield – Monstro (Matt Reeves, 2008)

Rob Hawkins (Michael Stahl-David) mora em Nova York e está prestes a se mudar para o Japão. Ele reúne os amigos em uma festa de despedida, na qual pretende revelar sentimentos mal resolvidos. Entretanto, um forte solavanco assusta os convidados. Todos buscam notícias sobre o ocorrido na TV, que diz que a cidade sofreu um terremoto. Ao chegar ao terraço para ver os estragos, o grupo nota uma bola de fogo gigante, seguida pela queda de luz na cidade. O pânico toma conta de todos, o que aumenta ainda mais quando eles enfim conseguem chegar à rua.

Baita surpresa de 2008, filme em primeira pessoa produzido pelo J. J. Abrams (na época que a gente gostava dele) e dirigido pelo (na época) Matt Reeves. Filmão, mas só está disponível para locação.

 Tubarão

Foto: Reprodução

Um terrível ataque a banhistas é o sinal de que a praia da pequena cidade de Amity virou refeitório de um gigantesco tubarão branco, que começa a se alimentar dos turistas. Embora o prefeito queira esconder os fatos da mídia, o xerife local (Roy Scheider) pede ajuda a um ictiologista (Richard Dreyfuss) e a um pescador veterano (Robert Shaw) para caçar o animal. Mas a missão vai ser mais complicada do que eles imaginavam. 

Engraçado como grandes diretores sempre começam suas carreiras com filmes de monstros. Aqui não é diferente, na verdade, aqui é o início. Steven Spielberg inovou o cinema com o termo blockbuster, transformando em um sucesso comercial. No catálogo do Telecine/globoplay.

Monstros da UNIVERSAL

Entre as décadas de 1920 e 1950, a Universal Pictures Studios produziu uma série de filmes de terror que se tornaram clássicos atemporais do gênero. Não só isso, eles criaram ícones imortais do cinema com nomes como Bela Lugosi, Boris Karloff e Lon Chaney Jr., nos filmes ‘Drácula’, ‘Frankenstein’ e ‘O Lobisomem’ que, para o bem ou para o mal, têm sido as referências para as representações subsequentes desses personagens na tela. 

Os principais nomes são: Drácula (1931); Frankenstein (1931); A Múmia (1932); O Homem Invisível (1933); A Noiva de Frankenstein (1935). A maioria desses filmes estão de graça no Youtube (de forma legal).

Engraçado que a Universal criou o universo compartilhado a quase 100 anos atrás, e a gente achando que a Marvel inovou…

Com o tempo, porém, esse fascínio pelos gigantes vai se esgotando, seja pelo uso cada vez maior de efeitos especiais ou pelo esgotamento rápido da temática. Por não conseguirem desenvolver nesse gênero uma grande variedade de temas além do duelo entre monstros ou entre monstros e seres humanos. Aliás, eu deixo bem claro aqui que esse novo filme do Kong e do Godzilla é horrível… Esses filmes em geral optam por dar ao fascínio uma sobrevida, criando seres maiores, mais ameaçadores, com mais dentes, mas que no fundo não são mais interessantes do que a centena de outros seres já criados pelo cinema. Os monstros criam tendência e sobrevivem a cada geração nos cinemas, afinal, eles fazem parte da construção do imaginário do mundo, isso é cinema. E ah, Godzilla e Kong: O Novo Império está nos cinemas: link

Confira mais textos do colunista: www.socialbauru.com.br/author/gabrielcandido

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