Ele pode até passar despercebido, mas está na composição de quase tudo no nosso dia a dia: nas embalagens, nas roupas e até nos carros. O plástico, derivado do petróleo e existente em diversas formas, começou a ser produzido nos anos 50 e se acumula até hoje, pois demora cerca de 400 anos para começar a se decompor.

Aliás este é o motivo pelo qual o plástico é um dos principais componentes de poluição do meio ambiente. Segundo dados do Banco Mundial, divulgado pela WWF (Fundo Mundial para a Natureza), mais de 2,4 milhões de toneladas de plástico brasileiro são descartadas de forma irregular, sem qualquer tipo de tratamento. Outros 7,7 milhões de toneladas vão para aterros sanitários. Além de mais de 1 milhão de toneladas que sequer são recolhidas pelos sistemas de coleta.

Produção e reciclagem de plástico no mundo

Os números referem-se a toneladas. *Valor total de lixo plástico descartado em resíduos sólidos urbanos, resíduos industriais, resíduos de construção, lixo eletrônico e resíduos agrícolas, na fabricação de produtos durante um ano (Fonte: WWF / Banco Mundial – What a Waste 2.0: A Global Snapshot of Solid Waste Management to 2050) 

De acordo com o estudo da WWF, se continuar assim, até 2030, encontraremos o equivalente a 26 mil garrafas de plástico no mar a cada km². Diante dos dados, pessoas preocupadas em diminuir os impactos no mundo se unem para tentar mudar o futuro do planeta.

Julho sem Plástico

Assim, surgiu em 2011 na Austrália o movimento Free Plastic July ou Julho sem Plástico. O objetivo é incentivar práticas que levam a um futuro sem – ou com menos – consumo de plástico. O motivo é simples, os plásticos são consumidos apenas uma vez e logo descartados, gerando muito lixo.

De forma global, a iniciativa ajuda pessoas a serem parte de uma solução para a poluição, oferecendo ideias e recursos que podem ser praticados no dia a dia.

Portanto, o movimento ensina como reduzir os plásticos de uso único, como copos, talheres e embalagens alimentícias. Embora a iniciativa seja proposta para julho, o mês escolhido é apenas uma data base para dar início à redução do consumo de plástico, mas o ideal é levar adiante.

O primeiro passo para diminuir o consumo de plástico

Há cinco anos, a bauruense Fabiana Araújo Silva começou uma jornada para diminuir o lixo que produzia, em especial, o lixo plástico. Aos poucos foi evitando os de uso único e sacolinhas, entretanto, em 2017, ela percebeu que a quantidade de resíduos que gerava ainda era grande. O incômodo fez com que as mudanças fossem ainda maiores.

Para ela, o segredo para evitar o plástico é o autoconhecimento. “Se você observar sua rotina, começa a identificar quais os momentos e tarefas o plástico está presente. Também é interessante acumular todo o lixo reciclável da sua semana, até aquele que você gerou fora de casa, para observar o que está se destacando. Depois disso, pesquisar quais alternativas você tem para poder substituir aqueles itens”, explica.

Embora tenha reduzido o consumo plástico, Fabiana revela que é impossível eliminá-lo por completo. Isso, porque o material está na composição de muitos produtos. “As coisas vão ficando mais complicadas quando observamos o tanto de plástico ‘bônus’ que consumimos ao comprar uma pasta de dente, por exemplo. Quando vamos mudar os detalhes, é necessário ter um pouco mais de cuidado e de paciência com nós mesmos. Não é fácil mudar tudo de uma vez, entendo o movimento zero lixo como um processo, revela a bauruense.

Fabiana Araújo Silva começou a repensar seu consumo de plástico em 2015

Além da produção de lixo

Idealizadora do Terra Fecunda Ecologia, Fabiana faz muito mais do que reduzir o lixo, oferecendo dicas e alternativas mais sustentáveis. Além de muita informação, ela também produz e vende produtos que ajudam para uma rotina mais ecológica, como kit de talheres, saquinhos reutilizáveis e até produtos de limpeza.

Ainda, ela alerta que o problema do plástico vai além do lixo, já que possui substâncias que desregulam os hormônios, afetando também a saúde. “Os plásticos contém disruptores endócrinos que alteram nossos hormônios, principalmente os femininos, e estão relacionados com infertilidade, doenças ginecológicas e câncer”, diz. Para quem quer saber mais sobre o assunto, uma dica é assistir ao documentário “Oceano de Plástico”.

Saquinho de feira, alternativa para as sacolas plásticas (Foto: Terra Fecunda Ecologia) 

Empresas podem e devem aderir ao movimento

Morar em Bauru foi um marco para Alaíssa Mariana, que começou a praticar o reducionismo ao mudar para a cidade em 2018. Assim, ela refletiu sobre o lixo que gerava, a forma como se alimentava e como se colocava no mundo. Atualmente, as práticas vão além da vida pessoal.

Idealizadora da Ártemis, loja de cosmetologia natural e intuitiva, ela aderiu ao Julho sem Plástico por acreditar que, assim, poderia atingir mais pessoas.

“Acredito que as grandes revoluções se iniciam de dentro para fora, em pequenas atitudes, no cotidiano e quanto mais pessoas conseguir alcançar, levando informação de qualidade, clareza ou mudando um pequeno gesto, ou um pequeno olhar sobre como querem se colocar no mundo, já será uma enorme contribuição ao nosso planeta, a humanidade”, declara.

Produtos da Ártemis em embalagens de vidro que podem ser reutilizados (Foto: Ártemis)

Com grande poder influenciador, as marcas e empresas podem conscientizar seus consumidores. Além disso, muitas delas, são as maiores responsáveis pela geração de plástico de uso único. Portanto, Alaíssa ressalta que as empresa têm o dever moral e social de contribuir de forma positiva para o movimento.

“As pessoas partem seus princípios a partir daquilo que consomem. Se o meu produto gera uma consciência sobre opções sustentáveis, ecológicas e acessíveis, porque não utilizar dessa ferramenta poderosa? O custo sobre os descartáveis é gigantesco em vista do que podemos reutilizar. As opções são diversas e consequentemente a economia em dinheiro, dentro da empresa, será muito maior. É um ato revolucionário, econômico e sustentável para todos”, aponta.

Imagem: Juliana Oba/ Social Bauru

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