No início de setembro, ocorreu o 9º Campeonato Mundial de Kung Fu em Emeishan, na China. Entre os participantes estavam Bia Pavan e William Pense, aluna e treinador da Associação Wei Lian de Kung Fu de Bauru. Do país fundador do esporte, Bia trouxe para casa uma medalha de bronze.

Foi a primeira vez que a atleta conheceu a nação asiática e, segundo ela, foi a realização de um sonho que julgava distante. 

Dentro das condições de competição, de ansiedade e nervosismo, eu me senti preparada para estar ali e consegui dar o meu melhor naquele momento. Fora a emoção de saber que você está competindo com os melhores do mundo, no lugar que o esporte foi desenvolvido”, afirma. 

Foto: Arquivo pessoal

Conhecendo os esportistas 

Beatriz Danielle Pavan (33) é bióloga, nascida e criada em Bauru. Praticou kung fu na adolescência, parou por um tempo e desde os 23 anos é adepta ao esporte ininterruptamente. Em 2015, entrou para a seleção brasileira de kung fu. Com isso, já participou de diversos campeonatos nacionais, sendo o deste ano, o segundo internacional.

Enquanto William é educador físico e professor. E, a paixão pelo esporte começou na infância. 

Eu tive uma infância assistindo a TV Manchete, com programas como Jiraya, Go Go Five, depois veio Power Ranger, filmes do Bruce Lee e Jackie Chan, Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball. Era engraçado de ver, de saber lutar e se virar com aquilo ali, não era só uma arte marcial, era para aprender a cair e levantar, via um nível de superação e isso me chamava a atenção”, explica William. 

Assim, ele ingressou num projeto da prefeitura que oferecia aulas de judô, e posteriormente kung fu. O que era brincadeira de criança tornou-se profissional. O professor também integra a seleção brasileira desde 2006. 

A arte milenar 

No ocidente, o termo popular é kung fu, contudo o nome correto é wushu, denominação que define as artes marciais de origem chinesa. Na China antiga, eram usadas como táticas de guerra, unindo combate físico e armas como lanças e facas. 

Ao longo do tempo, tornou-se uma expressão cultural com influências religiosas, mitológicas e filosóficas, além de ser uma terapia para o corpo e mente. São inúmeros estilos de luta, a modalidade praticada pela Bia Pavan é o Tai Chi Chuan. 

O Tai Chi Chuan pode ser apenas demonstrativo ou realizar o combate. A parte da luta tem soco, chute e projeção. Já  a parte de apresentação entra as mãos livres, ou seja, o que a gente pode mostrar de técnicas de mãos ou com aparatos e armas. Então, o tai chi é uma vertente voltada para o esporte e para a saúde”, explica o professor William.

Na China, Bia competiu nas categorias apresentação dos movimentos com as mãos (levou a medalha nessa) e demonstrativo usando armas. 

Embora tenha regulamentos, o kung fu é considerado um esporte amador. O que consequentemente dificulta o investimento dos atletas. 

Por não ser um esporte olímpico, a gente tem algumas limitações até em ser exclusivamente atletas. Por isso também temos outras carreiras”, complementa Bia.  

Tanto que para ir até o outro lado do mundo, a atleta precisou fazer vaquinha, rifas e contar com a ajuda de amigos e familiares para conseguir o valor necessário da viagem. O que, de acordo com ela, valeu muito a pena. 

Quando voltei a competir ano passado [2022], depois da pausa da pandemia, tinha deixado esse sonho de lado, aceitado que talvez minha hora tivesse passado… E olha aí, não tinha!”, comemora Bia.


Foto: Vitor Toyonaga

Benefícios de praticar o kung fu

O kung fu pode ser realizado por pessoas de todas as idades. Entre as vantagens para o corpo estão aumento da força, melhora na coordenação motora, melhora na respiração, fortalecimento dos ossos, melhora do condicionamento cardiovascular, entre outros. 

E sendo um estilo de vida, a prática da arte marcial, especialmente o tai chi chuan, funciona como meditação ativa porque exige concentração e foco. 

Além disso, o kung fu é praticado em grupo, então isso já promove a socialização. Outros benefícios são a melhora do equilíbrio, da flexibilidade e da memória. Às vezes, a pessoa não tem noção do próprio corpo e aí com o tempo ela já vai desenvolvendo toda essa competência corporal”, finaliza Bia.  

O trabalho dos atletas pode ser acompanhado pelas redes sociais.

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