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O bate-papo começou com aquele típico comentário de elevador: ‘está calor hoje em Bauru, né’? Mas em pouco tempo, tudo fluiu e Benedito Luis da Silva, o famoso Luis da Ótica Cidade, mostrou muito mais que comentários sobre o tempo para a equipe do Social Bauru.

Durante mais de uma hora de conversa na primeira loja que ele abriu em Bauru, há 26 anos, Luis relembrou todos os obstáculos que venceu na juventude para estar aonde está hoje. Com 14 anos, ele deixou a cidade de Reginópolis e se mudou para Bauru por causa de um acidente com o seu pai. Ele, que trabalhava dando vacinas para gado, arrumou em emprego em uma oficina, depois em um escritório de contabilidade, ficou seis anos na Servimed e foi representante de vendas de óculos até abrir a sua primeira ótica para ficar mais próximo dos filhos. “Eu me divorciei e, para ficar perto dos meus filhos, eu optei por abrir uma loja”, conta.

Mas o plano deu certo: hoje são quatro lojas em Bauru e quatro quiosques, inclusive no Paraná. Apaixonado pelo trabalho e, principalmente, pelos clientes (Luis faz questão de visitar àqueles que não podem mais andar e levar as armações pessoalmente), ele comentou sobre a sua trajetória, segredos para o sucesso e o planos para o futuro.

“O dia que eu não terei mais planos será o anterior à minha morte!” Confira a história de Luís que faz questão de transformar o ambiente de trabalho em uma verdadeira família.

Há quanto tempo o senhor tem as lojas?
Luis: A primeira loja eu abri há 26 anos. Na época, eu era representante da indústria de óculos e visitava outras óticas, vendendo. Aí eu me divorciei e, para ficar perto dos meus filhos, eu optei por abrir uma loja. A minha filha que hoje trabalha comigo tinha oito anos e o menor, tinha cinco. Hoje, tenho quatro lojas e quatro quiosques.

Todos em Bauru?
Luis: Não, eu tenho três quiosques no Paraná, nas cidades de Londrina e Maringá.

Em algum momento, nesses 26 anos, o senhor teve vontade de desistir? Imagino que muita coisa aconteceu nesse período…
Luis: Nossa, aconteceu muita coisa! (risos). Se você for ver o histórico de todo pequeno e microempresário brasileiro, de todos os segmentos, todo mundo já pensou em desistir um dia. Alguns até falam que nunca pensaram, mas é ‘papo furado’. A hora que a água bate… você tem que nadar! Então não é fácil. No meu caso, eu era de um outro segmento e optei investir na ótica. O ponto a meu favor é que eu sempre fui muito bem-relacionado, tinha muitos amigos e gostava de conversar com outras pessoas. Aí deu tudo certo. Também devo esse meu sucesso à minha filha, que é um ‘trem’ na administração! (risos).

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Então se o senhor não desistiu foi por causa da ajuda dela, né?
Luis: Ah, sim. Quando a minha filha tinha 13 anos, ela já saía da escola e vinha para cá. Ficava arrumando as vitrines, ajeitando os óculos, observando a gente a vender os óculos. Em pouco tempo, ela já estava vendendo também. E olha, é uma exímia vendedora!

Quais os aprendizados que a ótica trouxe para a vida do senhor?
Luis: Se você não tiver boa vontade, ética e um profundo respeito pelas pessoas, você não vai se dar bem em ramo algum. O meu não é diferente. Além disso, eu aprendi que é importante manter um bom círculo de amizades e tenho um grande envolvimento com os meus funcionários. Atualmente, eu tenho 22 funcionários nas lojas, além daqueles que trabalham nos quiosques. E eu procuro investir sempre em treinamento e qualificação deles. E não são só treinamentos técnicos com lentes e armações, mas também com cursos de informática, português, postura, cabelo, maquiagem, coaching e a assessoria direta que vai desde ‘eu vou largar o meu marido’ até ‘eu vou comprar uma casa’. É claro que dá trabalho e às vezes eu me decepciono com algumas pessoas – eu dou tudo o que eu posso e mais um pouco, e nem sempre eu recebo o mesmo em troca. Mesmo assim, vale a pena. O ano passado, por exemplo, quatro funcionárias compraram casas.

O senhor percebe que o consumidor mudou muito nesse tempo também?
Luis: Com certeza. Hoje ele já vem muito. Ele já pesquisou, viu vídeos e sabe o que é melhor para ele. Muitas vezes não sabe os detalhes técnicos, mas as informações do produto ele sabe. Então, se eu não tivesse essa equipe treinada, eu já estaria fora do mercado.

Além da ótica, o senhor também tem um trabalho na Legião Mirim de Bauru?
Luis: Atualmente eu sou presidente da Legião Mirim, ao lado do Murilo Aiello. Temos uma reunião semanal e é um lugar muito bem administrado. Claro que temos muitos problemas… toda semana, na verdade. Imagina, temos cerca de 1.000 inscritos. Então são muitos problemas, ainda mais com a crise do país. Hoje, muitas empresas não estão contratando esses jovens. Todos os anos, temos 10% de contratação desta mão de obra. Este ano, infelizmente, não vamos atingir nem 2%.

Eles procuram muito o senhor para conversar?
Luis: Sim, muito.

E como o senhor faz para não passar este desânimo para eles?
Luis: Contando a minha própria história. É a única forma. Eu morava em um sítio perto de Reginópolis e trabalhava vacinando gado. Meu pai sofreu um acidente lá e fico paralítico. Por isso, nos mudamos para Bauru quando eu tinha 14 anos. Minha mãe era costureira e eu trabalhava em uma oficina mecânica, comprando peças de bicicleta. Aí, tinha um funcionário de um escritório de contabilidade daqui de Bauru que me indicou para um trabalho. Fiquei lá por dois anos e depois fui trabalhar na Servimed, no departamento pessoal e auxiliando o gerente de vendas. Quando fiz 18 anos, eu estava fazendo a folha de pagamento dos funcionários com o pessoal do estoque, quando chegou o dono da empresa e chamou o pessoal para beber uma cerveja depois do trabalho. Ele sempre foi de ficar muito próximo dos funcionários, sabe? Então saímos todos e fomos para o Skinão – depois eu ainda voltei para a casa embora a pé. Na época, eu morava atrás da Igreja Santo Antônio. Andei bastante, mas já estava acostumado. Na verdade, nada era difícil. Tudo era muito gostoso. Aí no dia seguinte, ele me chamou cedo na sala dele. Logo que cheguei, perguntou a minha idade e se eu tinha carro. Eu disse que tinha 18 anos e que não tinha carro, e ele respondeu: ‘olha, acho melhor você dar um jeito de comprar um carro porque você vai ser promovido a vendedor!’. Eu quase caí da cadeira! (risos). Eu ganhava dois salários mínimos e o vendedor recebia cerca de 20 salários. Aí fiquei seis anos neste laboratório até o meu casamento. O meu sogro era representante de óculos e foi assim que eu comecei.

Naquele momento em que o senhor mudou totalmente de profissão: saiu da Servimed para ser representante de óculos, deu algum medo?
Luis: Olha, a palavra medo não estava no meu dicionários, assim como não tem até hoje! (risos). Mas eu senti um frio na barriga. Pensava:’será que eu devo fazer isso’? Mas essa adrenalina é a graça de tudo. Mas eu aprendi muito neste tempo. Além de hoje ser um outro cliente, eu aprendi a fazer o contato com ele, o chamado pós-venda. Todos os meus funcionários sempre entram em contato para saber o que o cliente está achando dos óculos e assim eu resolvo todos os problemas. O pós-venda é a introdução da próxima venda. E isso não é fácil. Com dinheiro você constrói a loja, agora manter é mais difícil. Tirar o cliente lá da calçada e colocar ele aqui dentro é mais difícil ainda.

Para o futuro, o senhor tem algum plano?
Luis: Olha, o dia que eu não terei mais planos será o anterior à minha morte! (risos). Nós temos que ter planos todos os dias. Eu tenho muitos planos. Eu, por exemplo, amo as minhas lojas, mas também amo os meus clientes – e são duas coisas completamente diferentes. Eu tenho clientes que estão comigo desde o começo, muitas vezes são idosos, não andam mais, mas eu faço questão de ir na casa de cada um e entregar pessoalmente. Às vezes eu chego na cozinha deles e tem uma mesa já preparada com um café e isso tudo é muito bom. Outra coisa: não consigo oferecer um produto muito caro para um cliente que eu sei que vai sentir muita dificuldade para pagar. A pior coisa é o peso na consciência.

Serviço
Em Bauru, a Ótica Cidade está localizada em quatro unidades nos seguintes endereços:
Loja 1: Rua Antonio Alves, 22-29. Telefone: 3226-2166
Loja 2: Avenida Getúlio Vargas, 2-40. Telefone: 3227-4416
Loja 3: Batista de Carvalho, 7-56. Telefone: 3206-3379
Loja 4: Gustavo Maciel, 26-60. Telefone: 3313-7828
Para saber mais, acesse: www.facebook.com/opticacidade.bauru

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