Todo mundo, em alguma fase da vida, já abriu uma história em quadrinhos para ler, seja os HQ’s da Turma da Mônica ou até mesmo as tirinhas do Garfield que vinham nos jornais de domingo.

A primeira HQ publicada oficialmente foi a “The Yellow Kid”, em 1895, que estampava os cadernos do New York Times. Desde então, os quadrinhos passaram por várias fases: dos registros históricos de grandes guerras e conflitos, aos momentos de preconceito e adoração.

Hoje, os comics são uma verdadeira paixão para os bauruenses!

Pontapé inicial

Felipe Dias é fanático pelos quadrinhos e seu primeiro contato com esse conteúdo foi como o da maioria das pessoas: com os gibis da Turma da Mônica.

Hoje, seus HQ’s favoritos são Watchmen, Incal, Daytripper, Av. Paulista, mas, dos grandes selos americanos, o favorito é o Vertigo, da DC.

Para ele, “o que mais atrai nos quadrinhos é que, como na literatura, o papel aceita qualquer coisa. Cenários complexos e surrealistas são tão comuns quanto um quarto de criança”, explica Felipe.

E, com toda certeza, os quadrinhos brasileiros não são uma porta de entrada só para os fãs, mas para os próprios quadrinistas.

O bauruense Milton Nakata é ilustrador e designer , após 35 anos de carreira, ele ainda é completamente apaixonado por quadrinhos.

Professor de design na Unesp de Bauru, Milton viu muitos de seus alunos seguirem o caminho dos quadrinhos, levando seus trabalhos para grandes eventos como a Comic Con. Um de seus alunos, Gustavo Duarte, hoje é ilustrador dos estúdios DC e Marvel Comics, e trabalha com a história “Os Guardiões da Galáxia”.

“O Brasil está abrindo um grande mercado para os quadrinhos, não chega a ser ainda como nos EUA, Europa e Japão, mas estamos abrindo caminho”, comenta Nakata.

Muito mais do que um desenho

Se engana quem pensa que os quadrinhos são apenas “um desenho”. A ilustração pode passar tanta informação quanto o texto escrito.

Nakata comenta que, no ocidente, os quadrinhos possuem muito texto e legendas nas imagens. Contudo, os famosos Mangás orientais se valem de longas páginas, apenas com imagens e ilustrações, que conseguem passar a mesma informação que uma HQ do Homem de Ferro, por exemplo, passaria.

“O desenho não serve só para contemplação, mas para acompanhar uma narrativa e uma história, que vai além de só uma estética do quadrinho”, explica o designer.

Os quadrinhos são mídias tão completas quanto um programa de TV, um filme ou um livro. Felipe relembra uma fala de Michael Straczynski, escritor e produtor estadunidense, roteirista do filme “Thor”, do estúdio Marvel.

“Quadrinhos são como cinema, mas com orçamento infinito. Dessa forma, o trabalho visual, como no cinema, a criação de atmosferas e a aparência dos personagens, aparece instantaneamente para o leitor, tornando a leitura mais rápida”, cita.

Quadrinhos nas telonas

E se os quadrinhos são como o cinema com um orçamento infinito, não dá para ficar sem comentar o sucessos que os estúdios de comics estão fazendo nas telonas.

Um dos exemplos mais atuais é “Vingadores: Guerra Infinita”, da Marvel, uma das maiores bilheterias de 2018, acumulando um total de 2.049 bilhões de dólares.

Além disso, logo no começo de 2019, o filme da DC, “Aquaman”, já é uma das maiores bilheterias do estúdio, arrecadando um bilhão de dólares até agora.

Com tamanho sucesso, é inevitável questionar como os filmes influenciam a visão das pessoas com os quadrinhos e como as adaptações cinematográficas transformam os HQ’s.

Pedro Fonseca é estudante de jornalismo e fã assíduo de quadrinhos. Grande fã dos estúdios DC e Marvel, ele acredita que os filmes ajudaram a criar uma visão positiva para os comics, acabando com o preconceito que a sociedade via essa arte.

“E com a ida dos quadrinhos para o cinema no início do século, em filmes como X-Men, Blade e, principalmente, com a saga de Batman, do Christopher Nolan, e o primeiro filme do Homem de Ferro, os quadrinhos foram mais ‘reconhecidos’ pela sociedade”, afirma Pedro.

quadrinhos bauru
Pedro Fonseca com alguns dos quadrinhos de sua coleção

Contudo, muitas vezes, as adaptações de cinema não fazem muito o gosto dos fãs de HQ’s, já que muito das histórias e dos personagens são distorcidos.

É o que comenta Bruno Sandri, aluno de Bauru que já leu mais de 500 HQ’s. Para ele, “às vezes, eles moldam as histórias por causa dos filmes e ficam estranhos”, conta.

Ainda assim, com pontos negativos e positivos, o cinema é uma forma de alimentar os quadrinhos, e vice-versa, é o que afirma o designer Nakata.

“Se o quadrinho ficasse só no âmbito do quadrinho, eu não sei quanto tempo duraria uma história. Quando ele é levado para outra mídia, toma uma relevância maior, atingindo muita gente. É uma troca interessante”, analisa Nakata.

Veiculação na internet

Com a era da internet, o cinema não é a única forma de veiculação dos quadrinhos. A rapidez e a instantaneidade também entram nos HQ’s, afinal, para encontrar alguma história, basta dar uma busca rápida no computador ou no celular e pronto, lá está!

Contudo, a internet também é uma ferramente que ajuda na pirataria, pois muitas pessoas veiculam os HQ’s de forma irregular.

Para Pedro, existem muitas pessoas que ainda leem exemplares pirateados, no entanto, as empresas estão criando formatos para acabar com a pirataria.

“Parece que muitas empresas querem copiar o modelo das indústrias de streaming de filmes para lançar seus produtos oficiais no mundo online. A Marvel, por exemplo, lançou o aplicativo Marvel Unlimited, já a Crunchyroll tem o aplicativo para ler mangás”, conta Pedro.

Online, no papel ou nos filmes. Não importa como, o importante é curtir os quadrinhos!

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