Depois de seis meses de pesquisa e de montagem, estava pronto o espetáculo “A Dança da Ema – Kohixoti Kipaé”. O teatro conta um pouco da história dos índios de etnia Terena.

A dramaturgia da peça utiliza a oralidade indígena, difundindo e enaltecendo os mitos de origem. Assim, o teatro aproveita o acervo oral que ainda existe entre os mais velhos para ser transmitido aos mais jovens, indo da aldeia para os centros urbanos.

Aqui em Bauru, o teatro já foi apresentado para alunos de três escolas estaduais. Ainda assim, a programação segue nos dias 21, 22 e 24 de junho. Portanto, os bauruenses ainda podem assistir à peça gratuitamente.

  • 21/06, às 19h – Espaço Casulo (R. São Sebastião S/N Ao lado do 1-96 – Jardim da Grama);
  • 22/06, às 20h –  Casa de Cultura Celina Neves (Rua Gerson França, n° 6-66);
  • 24/06, às 09h – Associação Comunitária Cana (R. Paulo Kinoshita, 4-40 – Parque Paulista).
Foto: Eric Schmitti

O espetáculo tem o patrocínio do ProAC, pelo edital Artes Integradas da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e do Programa de Estímulo à Cultura da Secretaria Municipal de Bauru. A realização é da Cia Mariza Basso Formas Animadas e Araci Cultura Indígena. O projeto conta com 14 apresentações gratuitas: seis apresentações, oferecidas pelo ProAC, serão em cidades da região e as outras oito, pelo Programa Municipal de Estímulo à Cultura, em escolas de Bauru.

Para a realização do espetáculo foram necessários seis meses de montagem e pesquisa. Além de pesquisa dramatúrgica, a equipe fez cerca de dez visitas à Aldeia Kopenoti em Araribá, no município de Avaí. Na Aldeia, vivenciaram vários processos da Cultura Terena: colher capim na mata, que foi utilizado na confecção do figurino- como a saia usada na Dança da Ema. Coletar na mata o barro preto, utilizado nos grafismos, nos preparativos para a dança da Ema realizadas pelos homens, e na dança Suputerena pelas mulheres.

A equipe colheu também depoimentos dos anciões da Aldeia Kopenoti: os irmãos Albino Sebastião e Cassiano Sebastião, que vieram da aldeia de Mato Grosso do Sul para a reserva “Terras de Araribá”. Para Irineu Nje’a, indígena da etnia Terena, o espetáculo é importante pois “quebra o preconceito de difundir a cultura indígena na região, além de ser um trabalho lúdico.

Espetáculo “A Dança da Ema – Kohixoti Kipaé”

Inhum (Cassiano Sebastião) e Ti’Ira (Albino Sebastião), da aldeia Kopenoti, contam que um Bem-Te-Vi descobriu seus antepassados em um brejo dentro de um buraco. Com a ajuda de animais, o pássaro conseguiu que eles saíssem de lá, formando o Povo Terena.

Mas, de dentro do buraco, além do bem, muitos males vieram junto. Eles tiveram que lutar pelas suas vidas e pelas suas terras. Tudo isso com a ajuda de um Kochomaniti (Pajé) e da Grande Ema, animal sagrado desse povo, que aparece em sonho e mostra aos guerreiros Terenas as estratégias para vencerem seus inimigos.

Desde então, o Povo Terena relembra suas vitórias com o “Kohixoti Kipaé – A Dança da Ema”. Além disso, as mulheres festejam a volta de seus guerreiros com a Dança Suputerena.

Linguagem cênica: História quem vem da terra

Além do Mito sobre a criação do mundo, o espetáculo retrata momentos históricos dos índios Terena. Entre eles estão: O Exivá, fuga para o Mato Grosso do Sul; a Guerra do Paraguai e a chegada na Aldeia kopenoti, em Avaí.

A Companhia Mariza Basso Formas Animadas traz como linguagem cênica a utilização de elementos da natureza. Assim, os bonecos construídos em material como cerâmica indígena são aliados ao teatro de animação. A cenografia é feita a partir da Arte da Terra, que tem como característica a utilização de recursos da natureza para o desenvolvimento do produto artístico, de forma a integrar natureza e arte.

Foto: Eric Schmitti

A Companhia foi fundada em 2004, por Mariza Basso, com o espetáculo “O Circo dos Objetos”, e pesquisa o teatro com objetos. No decorrer dos anos realizou as montagens: “O Sítio dos Objetos”; “João Come Feijão”; “O Sapato que Sabia Andar” e “O Menino e sua bacia”. Suas produções ganharam notoriedade no Brasil e no exterior, tendo seus trabalhos apresentados e premiados em diversos festivais.

Etnia Terena no teatro

Irineu Nje’a, parceiro da Companhia, é indígena da etnia Terena do Estado de São Paulo. Ele nasceu na aldeia Kopenoti, localizada nas Terras Indígenas Araribá, em Avaí/SP. Atua como professor indígena da etnia Terena e é formado em Licenciatura Plena em História e Especialização em Antropologia.

Com os livros “Mito de Origem Terena”, “Mito da Criação Guarani” e “Mito da Criação Kaingang”, o autor destaca-se como o primeiro escritor indígena da região de Bauru. Atualmente é presidente da Araci – Associação Renascer em Apoio à Cultura Indígena.

As informações são da Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Bauru.

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