Por que não se quer envelhecer!?
O ontem é o antes que nunca será depois! Será sempre antes!
Ontem, ouvi a trilha sonora de abertura de Os Trapalhões, lágrimas desceram minha quinquagenária face! Que tempos! O almoço tinha frango, macarrão e Coca-Cola família, sobremesa? Uns tais doces, fossem de mamão, leite, banana!
À tarde, Sílvio Santos,mais tardinha quase noitinha, Boa noite, Cinderela, mais lágrimas!
Banho, música de Os Trapalhões, hora de roer os ossos do frango que sobrou, dividir o macarrão e tomar o que restou do Líquido Preto, sem gás!
Ponto de ônibus, o veículo amarelo de nome ECCB, Empresa Circular Cidade de Bauru, para nós, Este Carro Carrega Burro, brincadeiras infantis, de quem tinha quinze, dezesseis!
Traje a quase rigor, calça preta de pretinha à la Grease de John Travolta e Olívia Newton John, camiseta preta, sapatos bicos finos, pretos, engraxados!
O circular para na Rodrigues Alves com a Anhanguera, sete quadras me separam do paraíso, o Clube dos Bancários!
Abriu às oito da noite, já perdi vinte minutos, fila para comprar ingresso, que tortura! Lá dentro o DJ Talão embala os domingos à noite com Bee Gees, estou a perder, Stayng Alive, não creio!
Adentro o templo do Dancing Days, agora, rol, Michael Jackson, hora dos passinhos, tenho somente noventa minutos para ser Travolta, às vinte e duas horas, vai começar o festival de músicas lentas, românticas!
Hora do Show, Roberta Flack, Queen, The Tramps, Cindy Lauper, The Cure, todos cantando para mim, isso é domingo, isso é Fantástico e a Globo nunca mostrou!
Momento fúnebre, músicas lentas, KC and Sunshine Band, Bee Gees, “More than woman”, cadê essa mulher de que a melhor banda dos domingos canta?
É hora de chamar alguém para dançar! Levo foras, nãos, “tábuas”, sessenta minutos dessas malditas músicas que me lembram bocas que nunca outrora beijei!
Vinte e três horas, voltam os embalos, mas o último ônibus parte às 23h40, hora de ir embora, voltar para casa, sozinho, sem ninguém, olho para o céu, está triste, escuro, parece Gotham!
Uma semana até o outro domingo, o que farei?
Calma, não é você que está ficando velho, às músicas é que eram melhores!