Nos últimos dias, o assunto do uso de remédios sem prescrição e orientação tem se tornado pauta por conta da Cloroquina e Azitromicina. Os medicamentos em questão foram citados pelos presidentes Donald Trump (EUA) e Jair Bolsonaro como sendo uma possível esperança no tratamento da COVID-19.

Estes pronunciamentos geraram uma corrida às farmácias para a compra dos medicamentos, embora os estudos sobre sua eficácia ainda estivessem longe dos parâmetros ideais da ciência.

Alguns estudos preliminares em pacientes com a Hidroxicloroquina+Azitromicina ou, em placas de culturas de células com a Cloroquina, sugeriram que esses remédios podem inibir a multiplicação do vírus, reduzindo a infecção dentro do corpo. Por enquanto, estes resultados refletem só uma parte muito pequena e específica da população. Estudos com quantidades maiores e perfis distintos de pacientes forneceriam dados mais concretos e seguros para o uso destes remédios como tratamento para a infecção viral”, explica a Profª. Ms. Rute Mendonça Xavier de Moura, coordenadora do curso de Farmácia da FIB.

Estudos sem conclusão e estoques vazios

Segundo Prof. Dr. Danilo Antonini Alves, docente do curso de Farmácia do UNISAGRADO, a cloroquina e hidroxicloroquina são fármacos utilizados no tratamento de de malária, artrite reumatoide e lúpus eritematoso. Já a azitromicina, é utilizada para tratar doenças infecciosas causadas por bactérias.

Mas pessoas com essas enfermidades, que realmente necessitam dos remédios para o tratamento, ficaram impossibilitadas de comprá-los. Isso, porque, embora a eficiência desses medicamentos contra o vírus Sars-CoV-2 não tenha sido comprovada, a busca por eles fez com que se esgotassem na maioria das farmácias.

Entretanto, a utilização desses remédios em pessoas que não contêm as doenças acima citadas pode trazer riscos à saúde, como explica Rute:

Os riscos estão relacionados às reações adversas como distúrbios visuais, gastrointestinais e alterações na quantidade de células sanguíneas, a curto prazo. Além do comprometimento da função cardíaca e do sistema nervoso, a longo prazo. Destaco ainda sobre cautela no uso de cloroquina ou de hidroxicloroquina, considerando que a margem de segurança entre a dose terapêutica e a dose tóxica delas é muito pequena”.

Medidas tomadas

Por conta desses efeitos e da falta do medicamento para quem precisa, ambos os fármacos agora necessitam de prescrição para serem comprados.

A Azitromicina é medicamento controlado, ou seja, é necessário a retenção da receita pelo estabelecimento farmacêutico, desde 2010 pela RDC 44/2010 da Anvisa. Já a Cloroquina e Hidroxicloroquina entrou mês passado na categoria de medicamento controlado pela Resolução 351/2020 da Anvisa justamente para frear esta busca descontrolada e irracional da população ao medicamento”, diz Danilo.

Sendo assim, o professor orienta que, quem realizou a compra antes dessas medidas, interrompa imediatamente o uso dos remédios e devolva-os às farmácias se estes ainda estiverem lacrados.

MIPs – Medicamentos Isentos de Prescrição

Apesar do debate ter sido levantado atualmente pelo uso indiscriminado da Cloroquina e Azitromicina, o assunto de medicamentos sem prescrição já é discutido há algum tempo pela comunidade farmacêutica.

Afinal, que jogue a primeira pedra quem nunca sentiu algum sintoma como dor de cabeça ou dor de estômago e foi comprar um remédio na farmácia.

Segundo uma pesquisa realizada em 2018 pelo Instituto de Ciência Tecnologia e Qualidade (ICTQ) esse é o comportamento de 79% dos brasileiros, que utilizam medicamentos sem prescrição médica ou farmacêutica.

Entre os principais remédios consumidos estão os Medicamentos Isentos de Prescrição, ou MIPs, como são conhecidos entre os farmacêuticos. Assim, entre os líderes de consumo estão analgésicos (48%), anti-inflamatórios (31%), relaxantes musculares (28%) e antitérmicos (19%).

Sem prescrição não significa sem orientação

Ainda que não necessitem de prescrição e sejam mais seguros para o consumo, esses remédios, assim como os outros, também podem oferecer efeitos colaterais e riscos para saúde.

Nesse sentido, a professora Rute afirma: “A automedicação pode mascarar algum sintoma importante, causar algum tipo de alergia ou agregar novos sintomas por interação com outros medicamentos que já estão em uso”.

Dessa forma, é importante contar sempre com a orientação de algum profissional da saúde, como médicos e farmacêuticos.

O profissional da saúde mais acessível para população, sem dúvida nenhuma, é o farmacêutico. Ele está presente em todas as farmácias em tempo integral e você pode ser atendido sem custo e sem agendamento prévio. Cada medicamento tem sua particularidade e o farmacêutico é altamente preparado para informar todos os cuidados específicos para todos os medicamentos. Consulte sempre um farmacêutico antes de tomar qualquer medicamento”, finaliza o professor Danilo.

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