Lançamento no streaming dia 28 de outubro, a terceira adaptação do livro de Erich Maria Remarque ganha sua primeira adaptação alemã. Retrata uma versão mais cruel, diferente das adaptações norte-americanas, ela muda o tom “heroico” da guerra e mostra um conflito decadente, melancólico, focando em momentos nas trincheiras tediosas que antecedem os conflitos em busca de centímetros de avanço.

Dirigido pelo cineasta alemão Edward Berger (Jack, 2014 e All My Loving, 2019) o filme conta a história que segue o adolescente Paul Baumer e seus amigos Albert e Muller, que se alistam voluntariamente no exército alemão, movidos por uma onda de fervor patriótico.

Mas isso é rapidamente dissipado quando enfrentam a realidade brutal da vida no front. Os preconceitos de Paul sobre o inimigo e os acertos e erros do conflito logo os desequilibram. No entanto, em meio à contagem regressiva, Paul deve continuar lutando até o fim, com nenhum objetivo além de satisfazer o desejo do alto escalão de acabar com a guerra com uma ofensiva alemã.

A trama original foi criada a partir da própria experiência vivida por Remarque na guerra. Com um visual estonteante, fotografia incrível, trilha sonora ousada e minimalista e com atuações de ponta.

Somando esses fatores, o filme causa uma imersão gigantesca sobre aquele universo. É diferente das adaptações norte-americanas, que sempre em sua história focam nos conflitos de guerra como uma ação patriótica que transforma os soldados em verdadeiros heróis.

Dentro de um contexto humano, realmente eles foram heróis, mas que na real, o tempo só mostra que aqueles jovens foram enganados por políticas de interesse e estupidez humana.

Não estou criticando as versões americanas, afinal, Spielberg trouxe um olhar patriótico, porém incrível e impressionante em o “O Resgate do Soldado Ryan” de 1998. E a MELHOR SÉRIE DA HBO “Band of Brothers”, segundo a minha opinião. Além do recente “1917” de Sam Mendes, que é um filmaço. Ambas são um retrato norte-americano sobre o olhar dos conflitos do início do século passado na Europa.

Nas duas guerras, os Estados Unidos entraram depois e conseguiram resolver os conflitos, tornando o país uma potência militar e econômica que trouxe consequências até hoje no mundo.

Mas na adaptação de Edward Berger, o filme muda o cenário, até pela visão alemã, um olhar mais melancólico e depressivo. Mostra na prática como os jovens foram enganados e não faziam ideia do que estava acontecendo de fato e o futuro que os esperava nos conflitos.

O Peter Jackson inclusive, produziu um documentário com relatos de soldados ingleses que atuaram na Primeira Guerra, e como todos eles não faziam ideia do conflito, e de como foi difícil a readaptação à sociedade após o fim da Guerra. “They Shall Not Grow Old”, tem na HBO Max, vale muito a pena.

Na nova versão da Netflix, mostra realmente o terror da guerra e a forma como pessoas do alto escalão se sentem acima de quem dá a vida por seu país.

Livro

Publicado na revista alemã Vossische Zeitung em 10 de novembro de 1928 o primeiro fascículo de “Nada de novo no front” (Im Westen nichts Neues), aclamado romance sobre a Primeira Guerra Mundial de Erich Maria Remarque. A partir das lembranças da sua participação na guerra, durante a qual foi ferido três vezes. Seu livro já havia ganhado outras duas versões para o cinema.

Outras Versões

● 1930

Dirigido por Lewis Milestone, ganhou o Oscar de Melhor filme em 1930. O filme é estrelado por Louis Wolheim, Lew Ayres, John Wray, Arnold Lucy e Ben Alexander. Agregador no Rotten Tomatoes: 98%

● 1979

Dirigido por Delbert Mann, adaptação inglesa, mas o filme passou despercebido pelo público em geral. Agregador no Rotten Tomatoes: 100%

Considerações Finais

O poder de Nada de Novo no Front é hipnotizante, com cenas gigantes que representam o tamanho do conflito, mas ao mesmo tempo desconcertante, isso quando não é agoniante em sua capacidade de amplificar a sensação de terror claustrofóbico e de perda da inocência. Da mais pura insensatez e, infelizmente, inevitabilidade da guerra.

Nada de Novo no Front, 2022.
Veredito: 5/5
Onde assistir: Netflix
Duração: 2h 23m
Direção: Edward Berger
Agregador no Rotten Tomatoes: 92%
Trailer Youtube

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