Acho muito difícil alguém não ter gostado da animação, mesmo não sendo perfeito ele foi muito bem pensado, trabalhado e recheado de referências. Já o roteiro simples agrada o público infantil que só quer se divertir. Por outro lado, o tom nostálgico agrada jovens e adultos na sala de cinema.

Dirigido por Aaron Horvath e Michael Jelenic, que já fizeram uma carreira com animações como “Os Jovens Titãs em Ação!” e algumas animações do Batman acertam em conseguir unir os dois públicos. Provavelmente, Mário será um sucesso absurdo de público. E hoje (12/04) enquanto eu escrevo, o filme acabou de atingir a marca de US$420 milhões em bilheteria global, e ao que tudo indica, chegará próximo do bilhão.

Mario é um filme baseado na série de videogames, Super Mario Bros, da Nintendo. Em Super Mario Bros. – O Filme, Mario (Chris Pratt) é um encanador qualquer no bairro de Brooklyn junto com seu irmão Luigi (Charlie Day). Um dia, Mario e Luigi vão para o reino dos cogumelos, governado pela Princesa Peach (Anya Taylor-Joy), mas ameaçado pelo rei dos Koopas, Bowser (Jack Black), que vai fazer de tudo para conseguir reinar todos os lugares. É então quando Luigi é raptado por Bowser e o usa para procurar Mario, o único capaz de deter o Koopa e restabelecer a paz.

Mario terá que aprender como viver nesse novo reino perigoso, passando por vários biomas, aprender a dirigir carros, utilizar itens que o fazem soltar bolas de fogo das mãos, virar um animal e andar em plataformas nada confiáveis. Também estará acompanhado de amigos, como Toad (Keegan-Michael Key) e Donkey Kong (Seth Rogen).

Foto: Divulgação/Nintendo

É tudo que um fã da Nintendo precisa ver, as músicas marcantes se encaixam na cena, as referências são demais, coloco até como um dos pontos mais fortes do filme. Existem momentos onde o espectador se emociona e ao mesmo tempo aproveita momentos engraçados.

A animação surfa na onda atual de adaptações recentes de videogames que vem dando certo (vamos falar mais por aqui ainda). Por outro lado, existe o debate importante sobre a infantilização de conteúdos no cinema e nos streamings. Claro que o filme é divertido, eu adorei, confesso. Mas acredito que uma comoção de forma até exagerada vem acontecendo com frequência.

Compartilho com vocês que uma certa vez, entrei em um debate sobre adultos agindo como crianças na sala de cinema. Claro que a nostalgia faz parte do processo, mas com o excesso de conteúdo de games, super heróis trouxeram uma geração de jovens adultos que não conseguem amadurecer. Mas, isso fica para um outro papo aqui na coluna, prometo.

Mas, voltando para o Mário (que Mário?), o filme trouxe todos os elementos do universo da Nintendo e adicionou coisas no universo cinematográfico, como por exemplo a família de origem italiana do Mario e Luigi. Além de amarrar com todas as referências aos jogos da franquia, músicas de entrada, efeitos sonoros, piadas, falas e ações. A dublagem está perfeita e fiquei com vontade de assistir com a dublagem original, que conta com nomes como: Jack Black, Chris Pratt e Anya Taylor-Joy.

Além das referências da própria Nintendo, como a menção ao Donkey Kong e Jump Man, Punch-Out!!, Star Fox, Duck Hunt e até sobre a famosa época em que assopramos as fitas para fazer elas funcionarem melhor.

Foto: Divulgação/Nintendo

Sem dúvidas uma baita animação, onde trouxe o autêntico e não mudou em nada o universo para agradar os críticos. Talvez seja por isso que o filme vem sofrendo com as críticas, ainda acho que é pelo excesso de expectativa de alguns adultos sobre um produto claramente infantil.

Renascimento das adaptações de jogos

Não é de hoje que os estúdios de cinema tentam superar a má fama que as adaptações de jogos conquistaram ao longo do tempo. Foram anos acumulando fracassos e adaptações medianas, então é fácil se tornar cético quanto a qualquer novidade vinda das telonas. Por outro lado, nos últimos anos a maldição tem quebrado e feito que tenhamos algumas surpresas aqui e ali.

Angry Birds, Need for Speed: O Filme, Lara Croft: Tomb Raider, Resident Evil, Warcraft, Assassin’s Creed, Prince of Persia: As Areias do Tempo, Mortal Kombat, Uncharted, Silent Hill, Sonic e The Last of Us que já falamos aqui.

Com o sucesso dos dois filmes do Sonic e da recente série da HBO The Last of Us, as adaptações de videogames ganharam fôlego e com o sucesso de Mário tem se tornado uma mudança dos cinemas atuais. Os filmes de super heróis ganharam um concorrente a altura que disputa a atenção das pessoas nas escolhas para uma sala de cinema.

Foto: Divulgação/Nintendo

O filme que “nunca existiu”

Longa em formato live-action mal lembrava a querida franquia da Nintendo e teve uma produção para lá de conturbada do início ao fim, lá no começo dos anos 90. Dá para dizer que foi um fracasso por ter sido feito em meio a um verdadeiro caos, desde sua concepção até sua edição.

Caso queira conhecer mais alguns detalhes desta curiosa história, continue a leitura abaixo. As informações são dos sites Collider, The Guardian e Nintendo Life. Por mais que fosse baseado na franquia mais famosa da Nintendo, o filme “Super Mario Bros” quase não lembrava os jogos do Mario que caíram no gosto do público – um ponto que já explica seu fracasso.

As críticas feitas ao longa ocorreram especialmente por conta de sua história, tom inconsistente e praticamente nenhuma fidelidade com o material de origem. No site Rotten Tomatoes, sua aprovação é de apenas 28%.

Apesar destes problemas, “Super Mario Bros.” ganhou alguns elogios por conta de seus efeitos especiais e direção artística. Quem teve a ideia original de gravar um filme baseado na franquia Super Mario foi o diretor Roland Joffé.

Ele chegou a escrever um roteiro e o apresentou pessoalmente a Hiroshi Yamauchi, que foi o presidente da Nintendo por décadas. As modificações eram tantas que o elenco só memorizava suas falas momentos antes de gravarem a cena em questão.

Bob Hoskins e John Leguizamo se frustraram tanto que passaram a beber bastante no set para aliviar o estresse. Talvez isso explique por que a Nintendo, durante anos, ficou tão reticente em conceder os direitos de suas principais franquias para estúdios de cinema.

Foto: Divulgação/Nintendo

Eu lembro desse filme quando passava na Sessão da Tarde, e eu tenho uma memória nostálgica péssima. Primeiro que não parecia em nada dos jogos e que inventaram algo que não se encaixava. Para quem tem curiosidade, ele está completo no Youtube.

O fato é que 2023 realmente trouxe novos ares aos cinemas, depois de anos de pandemia e de quase um monopólio de filmes da Marvel. Os cinemas têm voltado para a relevância e com novas opções.

Provavelmente na semana que vem, teremos um texto sobre Air ou sobre Dungeons & Dragons. Super Mario Bros. – O Filme é divertido para adultos e crianças, vale a experiência como um grande entretenimento que vai agradar um grande público, mas pode desagradar alguns críticos. No fim, o que vale é a diversão e Mário entrega tudo que a franquia sempre se especializou, o entretenimento puro.

Super Mario Bros. O Filme, 2023
Veredito: 4/5
Onde assistir: nos cinemas
Duração: 1h 32m
Direção: Aaron Horvath e Michael Jelenic
Agregador no Rotten Tomatoes: 57%
Avaliação da IMDB: 7,4/10
Trailer Youtube

Confira mais textos do colunista: www.socialbauru.com.br/author/gabrielcandido/ 

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