Sempre trabalhei com música. Nasci para isso”. É assim que Suréia Machado da Costa Avallone define a trajetória profissional. Em 2023, a educadora musical completa 30 anos de carreira reforçando a importância da musicalização infantil (processo de construção do conhecimento musical) o quanto antes. 

Suréia é graduada em música com habilitação em piano, educação musical, pós-graduada em psicopedagogia e educação especial, fez cursos na Hungria e Portugal, aprendeu métodos que até então eram novidades no Brasil, a primeira experiência profissional foi o Conservatório Pio XII do atual Unisagrado, depois a escola Criarte Bauru, e desde 2014 leciona no Espaço Musical Thiago Ortigosa. 


Apresentação dos alunos da escola Criarte no show do músico e compositor Thiago Ortigosa no Teatro Municipal de Bauru. Foto: Suréia Avallone/Arquivo pessoal

A música em todas as idades, inclusive bebês, é importante porque libera substâncias que geram sensação de alegria, prazer e bem-estar”, afirma a professora. 

O início da musicista 

Na infância, Suréia tinha o costume de dedilhar na mesa, como se tocasse teclas. Os pais, percebendo o interesse da garota, aos 10 anos, fizeram um consórcio para comprar um piano para a jovem, mesmo não sabendo se o estudo do instrumento iria dar certo. Porém, ali, nascia uma paixão longeva pelo instrumento, que depois de estudar a música de forma ampla, sempre voltava ao piano. 

O plano inicial era ser pianista e se apresentar em recitais país afora, mas quando foi chamada para ministrar aulas na Criarte (escola que vai do berçário ao 9º ano), a educadora se encantou pela musicalização infantil. 

Festa de encerramento escola Criarte 1995. Foto: Suréia Avallone/Arquivo pessoal

Foi na Criarte a minha maior história, fiquei lá por 28 anos. Eu tive que ir atrás da musicalização mas não foi fácil porque não tinha muitas referências na época, além do ensino tradicional do piano ser muito diferente do que era ensinado no conservatório. Mas eu gostei tanto que fui buscando mais conhecimento e cada vez gostando mais do conhecimento adquirido”, lembra. 


Feira Cultural da escola Criarte – Projeto Rádio turma 1° ano. Foto: Suréia Avallone/Arquivo pessoal 

Entre os métodos que aprendeu fora do Brasil estão o Kodaly e o Orff. O primeiro, criado pelo húgaro Zoltán Kodály, se refere ao aprendizado do canto e domínio da voz, antes de partir para os instrumentos. Já a técnica de Carl Orff, compositor alemão, se baseia no conceito de música elementar, uma forma de ver a arte como ferramenta no desenvolvimento da personalidade individual.

[No método Orff] trabalha-se com os grupos de lâminas, é mais a percussão antes de um instrumento específico. Tem o conjunto de xilofones grandes, médios, pequenos, de madeira e metal. A percussão é a primeira ideia de música, né? O xilofone é para percussão (batucar) mas já apresenta a ideia das notas musicais”, explica.

Música para todos os públicos

Durante as aulas, Suréia se deparava com crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), assim ela decidiu se aprofundar mais para melhor atender esse grupo de pessoas. Ela fez um curso de pós-graduação sobre autismo no Child Behavior Institute of Miami, uma instituição que habilita profissionais a entenderem neurodivergências.

Meus alunos com autismo vêm para trabalhar os aspectos da fala, coordenação motora, percepção auditiva. E a gente acaba unindo com outras questões como sensibilidade, criatividade e o prazer de fazer música”, esclarece.

Sobre ensinar música para bebês, a educadora diz que é um investimento a longo prazo. Porque desde essa idade, eles já crescem com noções de afinação musical e ritmos, e quando forem escolher instrumentos específicos, o aprendizado fica mais fácil.

Apresentação Junina no Espaço Musical Thiago Ortigosa. Foto: Suréia Avallone/Arquivo pessoal

E para cada faixa etária, o ensino é aplicado de uma forma. Para os bebês a partir de seis meses, os pais ficam na sala, porque eles podem continuar as atividades em casa. De uma forma lúdica, as aulas envolvem expressões corporais como pular, marchar, andar, correr, galopar, toda uma estrutura adequada ao desenvolvimento musical.

Inclusive, Suréia aponta que a educação básica ainda não consegue musicalizar crianças da forma correta. Por isso, no próximo ano, ela lançará cursos online com apostilas e material didático para professores de berçário e educação infantil, seja rede pública, privada ou demais interessados. O objetivo dos cursos é orientar os profissionais da educação a ensinarem as crianças sobre música.

Ela ressalta que os educadores possam aproveitar mais a tecnologia para incentivar e orientar o aprendizado da música.

Orgulhos da professora

Quando penso em música, meus olhos brilham”. É essa paixão que a educadora passa para os alunos. Nas aulas, ela descobre talentos. Alguns casos envolvem alunos que chegam meio perdidos, mas com o desenvolvimento das atividades, eles acabam se encontrando e sendo um processo prazeroso.

Tive um aluno que começou na flauta doce com 12 anos e depois fez aulas de piano. Nós o preparamos para o vestibular de música em que foi aprovado e hoje estuda composição e regência no Instituto de Artes de São Paulo (UNESP)”, conta.

Em meio ao som suave do piano, Suréia encerra dizendo que ser músico é uma escolha, mas que a música é sim para todos.

SERVIÇO

Aulas de musicalização infantil – Profª Suréia Avallone
Endereço: Espaço Musical Thiago Ortigosa – R. Militino Martins, 6-75, Jardim Independência
Instagram: @sureiaavallonemusica
Contato: (14) 99730-7873

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