Com o término da primeira parte da sexta temporada, o sucesso de crítica e público se encaminha para o derradeiro final. E talvez seja mais interessante do que a gente imagina.

Como pode uma série com um “ar documental” sobre a história da ascensão da rainha Elizabeth ser tão interessante. Não apenas pelos contextos históricos, mas como forma de narrativa flutuando entre o real e o dramatizado, ao longo de suas seis temporadas é de longe uma das melhores produções da Netflix. Série que começou em 2016 com uma estrutura bem interessante de se autorrenovar ao longos de duas temporadas ajuda na imersão além de ter perspectivas diferentes. E é claro, a constante atualização do elenco.

A série começa com a filha do rei George VI (Jared Harris), Elizabeth II (Claire Foy) que sempre soube que não teria uma vida comum. Após a morte do seu pai em 1952, ela dá seus primeiros passos em direção ao trono inglês, a começar pelas audiências semanais com os primeiros-ministros. Ela assume a coroa com apenas 25 anos de idade, mas com grandes compromissos vêm grandes responsabilidades. A pressão das obrigações com a coroa afetam completamente sua vida pessoal e Elizabeth precisa colocar suas prioridades em ordem para cumprir suas funções como rainha da Inglaterra.

Ao decorrer dos anos, Elizabeth II ganha experiência e passa a reinar com certa facilidade, aprendendo o que é necessário para ser líder da monarquia britânica. Enquanto sua família cresce, ela e seu marido, príncipe Phillip (Matt Smith) exigem deles uma imagem exemplar para a população inglesa, colocando os interesses da coroa sempre em primeiro lugar.

As duas primeiras temporadas estreladas pela atriz Claire Foy, com Matt Smith e Vanessa Kirby, narram a ascensão e foco nas décadas de 50 e 60. Desde a coroação, o casamento com Príncipe Philip, Duque de Edimburgo. O período pós-Segunda Guerra Mundial e início da recessão britânica, além da independência de várias nações colônias, principalmente na Ásia e África. A temporada apresenta a Crise de Suez em 1956, a aposentadoria do terceiro primeiro-ministro da rainha, Harold Macmillan, em 1963, após o escândalo político do caso Profumo e o nascimento de Príncipe Andrew em 1960 e Príncipe Edward em 1964. A temporada também apresenta John F. Kennedy, Jackie Kennedy e Lord Altrincham.

Na terceira e quarta temporada, temos a mudança de elenco, agora estrelada pela incrível Olivia Colman, Tobias Menzies e Helena Bonham Carter. Particularmente é a minha parte favorita até então.

A terceira temporada cobre o período entre 1964 e 1977, começando com a eleição de Harold Wilson como primeiro-ministro e terminando com o Jubileu de Prata de Elizabeth II. Os eventos descritos incluem o desmascaramento do conselheiro de arte da rainha, Sir Anthony Blunt, como um espião soviético, Harold Wilson e os respectivos tempos de Edward Heath como primeiro-ministro além do desastre de Aberfan, a morte do duque de Windsor, a morte e o funeral de Winston Churchill.

E na quarta (minha favorita) temos a inclusão de Gillian Anderson (eterno fã de Arquivo X) como a Dama de Ferro, Margaret Thatcher. Além da introdução de uma das pessoas mais influentes dos anos 80 e 90, a bela e jovem Diana Spencer. A rainha Elizabeth II vê o Reino Unido passar por grandes mudanças tanto sociais, quanto políticas ao longo da década de 1980, sob o comando da primeira-ministra Margaret Thatcher, que governa rigidamente o país a fim de reformular a economia inglesa.

Apesar de tentar lidar com a Guerra das Malvinas em um certo período, as desavenças entre Thatcher e a rainha beiram o insustentável, levando Elizabeth a tomar providências que fogem de seu papel. É a melhor temporada. Na quinta, temos a terceira e última mudança de elenco, agora a rainha é interpretada por Imelda Staunton (fã de Harry Potter jamais esquecerá), Jonathan Pryce e Lesley Manville completam o trio.

Agora a história muda um pouco de cenário, a rainha deixa de ser o centro da atenção, o foco acaba sendo com a relação conturbada entre Charles e Diana. A família real britânica se torna o foco principal da imprensa sensacionalista durante a década de 1990, devido, em grande parte, aos dramas conjugais dos filhos mais velhos da rainha Elizabeth II, que acabam se divorciando de seus cônjuges.

Após 40 anos de reinado, a rainha passa a encarar as mudanças de percepções dos cidadãos em relação à monarquia, que começaram a questionar a importância – e a existência – da instituição para o país. E agora, em novembro, tivemos a primeira parte da sexta temporada. De longe é uma das mais fracas, mas vale a pena por um motivo: Elizabeth Debicki. Ela está brilhante como Diana. A primeira metade é literalmente focada na sua relação e nos últimos dias de sua vida. Do sensacionalismo da imprensa sobre sua vida, até seu trágico fim no acidente de carro em Paris.

A segunda e última parte tem estreia marcada para dia 14 de dezembro. Deve focar no casamento de Charles e Camilla Parker-Bowles, o governo de Tony Blair e o relacionamento do príncipe William com Kate Middleton.

Série X Realidade

Um dos pontos mais bacanas da série, é a relação quase documental dos acontecimentos. Claro que existe uma dramatização em alguns pontos. Vale a pena pesquisar e verificar o que é realidade ou ficção. Para quem já viu, coloque aqui o mais interessante que encontrei sobre a própria rainha.

● Rainha não chorava?

Na terceira temporada de “The Crown”, em certo momento a rainha Elizabeth II disse ao primeiro-ministro britânico que não conseguia chorar, mesmo em momentos emocionantes como o nascimento de seus filhos ou a morte de sua avó. “Eu sei há algum tempo que há algo errado comigo”, diz a monarca na produção da Netflix. No entanto, isso também não é real.

De acordo com a historiadora real Carolyn Harris, inclusive, “a rainha chorou em público durante seu reinado”. “O desmantelamento do iate real Britannia em 1997, onde a rainha desfrutou de muitos momentos felizes, foi um momento emocionante para a rainha e ela foi vista derramando uma lágrima”, diz Harris, como informado pelo Yahoo.

Em primeiro momento, não parece ser algo atrativo. Afinal quem se importa com a história sobre a realeza britânica? Mas a real é que a série é mais que isso. Não buscar a redenção ou justificar, mas sim, colocar os fatos históricos e todos ali em volta, torna a sensação de algo bem real. “The Crown” busca retratar a história, mas antes de tudo, o lado humano é bem explorado. E deixando a coroa apenas como algo simbólico, mas que no fundo, mostra que antes de reis e rainhas, existem seres humanos com suas qualidades, anseios, virtudes e vaidades. Além de um primor técnico, vale muito a pena. Aproveite o fim de ano para assistir, já adianto que não é uma série fácil de maratonar, mas vale cada episódio. God save the Queen.

The Crown: 2016 – 2023
Veredito: 5/5
Onde assistir: Netflix
Temporadas: 6
Criadores: Peter Morgan
Agregador no Rotten Tomatoes: 81%
Avaliação IMDB: 8,6/10

Trailer da 1ª temporada

Trailer da 2ª temporada

Trailer da 3ª temporada

Trailer da 4ª temporada (A MELHOR DE TODAS)

Trailer da 5ª temporada

Trailer de 6ª temporada

Confira mais textos do colunista: www.socialbauru.com.br/author/gabrielcandido

Compartilhe!
  • Fallout

    Seguindo uma tendência atual, adaptações de jogos tem sido o grande destaque dos estúdios …
  • Eu vim de Bauru mas eu volto pra lá

    Eu estou voltando, confirmo sim, mesmo quando viajo para longe, quando estou a quatrocento…
  • Monstros do Cinema

    Nunca imaginei que Godzilla e Kong: O Novo Império seria o sucesso comercial e segue de lo…
Carregar mais em Colunistas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Verifique também

Fallout

Seguindo uma tendência atual, adaptações de jogos tem sido o grande destaque dos estúdios …