De acordo com o dicionário, branding significa “estratégia de gestão de marca”. Ela se dá, principalmente, pela identidade visual escolhida para o negócio.

O bauruense Kelvin Almeida é especializado no assunto e reforça que “investir em branding desde a concepção de uma empresa é pensar em ser diferente desde o começo”.

Infelizmente, nem sempre essa é uma prioridade para quem está empreendendo. Só depois de pensar em um nome e no espaço físico, é que pensam em investir na gestão de marca.

Na Embalô Embalagens, em Bauru, Kelvin trabalhou com o branding desde o início. A proprietária, Aline Simão, conhecia o trabalho dele em outra empresa e o contratou novamente para a estratégia do novo espaço. O próprio Kelvin, por sua vez, indicou para a cliente o trabalho dos arquitetos Giovanna Cosso e Thyago Sacchi.

“Ele nos contatou e disse que tinha uma cliente que queria fazer algo diferente na cidade, que já tinha um branding bem diferente da marca e a cabeça bem aberta para as ideias. Isso é muito importante”, lembra Giovanna.

Como começa?

Antes de qualquer coisa, tanto o profissional de branding quanto o arquiteto devem ouvir do empreendedor o que ele espera para o seu negócio. Qual é a mensagem que ele quer passar? Como ele quer que sua empresa seja vista e interpretada pelo público?

Até o próprio nome é capaz de transmitir essa mensagem. No entanto, a Embalô ainda nem tinha nome quando o projeto chegou às mãos do Kelvin. Até tomarem uma decisão, a proprietária fez alguns exercícios e testes para que a loja refletisse exatamente aquilo que ela procurava.

Em uma das fases do naming – criação do nome –, Aline precisou assinalar características que ela queria que a marca transmitisse para as pessoas. Ela buscava um nome diferente e animado, principalmente por conta da ligação com o setor de festas.

Projeto em 3D da fachada da Embalô (Foto: GT Arquitetura)

“Depois de muito estudo nós chegamos em ‘Embalô’, trazendo o sentido de ‘vamos embalar juntos e fazer a festa’. Além disso, também existem as questões burocráticas de registro de marca”, aponta Kelvin, enquanto mostrava outras opções de nome.

Buscando referências

Todo trabalho de estratégia e identidade ainda precisa de referências do que o cliente espera que sua empresa se torne. Porém, é muito comum que essa pessoa só pense em buscar modelos dentro do próprio segmento em que ela está inserida.

“Uma coisa que eu gosto de fazer é olhar para fora, para outros setores. Pegar inspiração de um restaurante temático, um prédio legal em São Paulo e alinhar à ideia do que o cliente quer passar com a marca”, justifica Kelvin. Assim, é possível encontrar boas influências em locais inesperados.

Segundo Kelvin e Giovanna, lojas de embalagens são constantemente lembradas como locais bagunçados, apertados e com várias caixas empilhadas. Por isso, nesse caso, sair do óbvio foi fundamental para chegar ao modelo que encontraram para a loja de Aline.

Arquitetura na Embalô

Na arquitetura, acontece a mesma coisa. O cliente busca referências, mas o importante é transmitir a personalidade do negócio em seu próprio projeto. “Alguns profissionais são mais formais – advogados, por exemplo -, mas a Embalô veio com uma temática mais alegre, mais viva e completamente fora do padrão”, comenta a arquiteta.

Para a arquitetura da Embalô, a proprietária tinha apenas algumas exigências. Ela gostaria de trabalhar com estruturas metálicas pela facilidade, e apontou as necessidades básicas da loja, como dois caixas e uma mesa para o gerente. “Tirando isso, ela precisava mostrar os produtos, então deixou a gente criar”, lembra Giovanna.

Alinhada ao branding, a arquitetura da loja também foi pensada para transmitir alegria, leveza e descontração, ao mesmo tempo que o espaço é bastante moderno e organizado.

As cores rosa, amarelo e azul se destacam nas paredes, ao mesmo tempo que indicam uma setorização dos produtos. As luminárias suspensas no teto foram pensadas para não deixar a parte do alto tão monótona.

Produtos em destaque

No meio da Embalô está a ilha de destaque. Lá, ficam os principais produtos da loja que, segundo Thyago, facilitam as compras por impulso. São esses itens que chamam a atenção dos clientes, mesmo que eles não tenham entrado na loja para comprar aquele produto em específico.

Projeto em 3D da ilha de destaque da Embalô (Foto: GT Arquitetura)

A ilha ainda é um espaço que reforça o marketing de oportunidade, que se aproveita de um momento para promover determinados produtos. Isso acontece, por exemplo, com itens sazonais. É o caso das decorações de Natal, Páscoa, Dia das Crianças, entre outros.

Do lado de fora da Embalô, a arquiteta também projetou uma vitrine com pontos de iluminação específicos. Giovanna explica que a proprietária pode alterar as luzes e tem flexibilidade para mostrar na vitrine os produtos que são diferenciais no mercado. “Quando tem uma vitrine, nós alteramos a percepção de valor do lado de fora”, comenta Kelvin. Isso faz com que aquilo que está destacado pareça ainda mais valioso.

Branding + arquitetura

Kelvin, Giovanna e Thyago destacam a importância do trabalho do branding e da arquitetura em conjunto. “Um é voltado para a identificação visual e o outro é essa mesma concepção no espaço físico”, completa Giovanna.

O setor de embalagens é bem conhecido, então as pessoas já têm uma percepção pré-estabelecida de como é uma loja deste segmento. No entanto, quando há o trabalho de branding e arquitetura, é possível oferecer uma experiência a mais para o cliente.

“Você cria uma experiência sensorial. Quando você entra em uma loja da Apple, por exemplo, ela é toda com vidros, branca, bem moderna, totalmente futurística. Então não é só um projeto, é um passo além do básico que todo mundo faz”, explica Giovanna.

Essa imersão sensorial é tão importante que envolve até mesmo as músicas que tocam no espaço, os vendedores com uniformes coloridos e a disposição dos produtos nas prateleiras. A experiência pode ser inconsciente, mas ao entrar na loja dá pra perceber que alguma coisa ali é diferente, mesmo sem saber dizer o quê.

Aumentando o valor do negócio

A proprietária ainda fez uma observação que Kelvin gosta de destacar: ela disse que muitas pessoas acham que a Embalô é uma franquia muito grande e que vem de fora da cidade. “Com a união do branding e da arquitetura, é possível aumentar a percepção de valor do negócio”, completa Kelvin.

Essas áreas estão intimamente ligadas, e têm a ver com a impressão que a empresa quer ter diante do seu público.

“Em geral, os empreendedores só pensam em um nome, uma cor e já chamam o arquiteto. Mas eles devem entender o processo da marca, a mensagem que ela passa. Isso é fundamental para construir valor. Se acontecer de um concorrente abrir do seu lado, você já tem uma marca tão consolidada que ele se torna irrelevante”, explica Kelvin.

Também existem erros

Por mais que os clientes busquem inovação e diferenciação com a marca, Kelvin alerta que existe um limite. Afinal, ninguém vai querer entrar em uma loja que acha muito estranha, por exemplo.

“Um dos principais erros de estratégia são empresários que procuram referências maravilhosas, mas o projeto fica tão sofisticado que os clientes ficam com medo de entrar na loja por achar que é tudo muito caro”, completa.

Por isso, segundo ele, é tão importante o alinhamento de quem você quer ser e como vai se apresentar para o público. Com ajuda profissional, tudo fica mais claro.

Deu tudo certo

No fim, o trabalho de Kelvin, Giovanna e Thyago foi tão assertivo que emocionou Aline. “Ela olhou, falou ‘era isso que eu queria’ e começou a chorar. Isso é muito gratificante, porque a gente atingiu a expectativa dela”, lembra a arquiteta.

Projeto em 3D da Embalô (Foto: GT Arquitetura)

Os profissionais afirmam que essa estratégia pode ser usada em qualquer empresa, independente do nicho. “Sempre quando muita gente faz exatamente a mesma coisa, tem a necessidade de se diferenciar. É aí que a gente entra”, finaliza Kelvin.

Serviço

  • Kelvin Almeida | Branding
    Instagram: @kelvin.allmeida
    Contato: (14) 99746-7840
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