Há dias que estou pensando se devo escrever algo ou não sobre o meu 2019 e o que quero levar para esse ano de 2020.
Mas eu não quero aqui falar sobre cada situação que eu passei, sobre aprendizados e evolução, dificuldades, mudanças, positivas ou não, amadurecimento, novos pensamentos e visão de mundo. Enfim, nada disso. Mas todas essas situações contribuíram para que eu voltasse a enxergar algo que talvez eu nunca tenha enxergado.
Eu sempre fui uma menina que sonhava viver um grande amor. Passava horas assistindo filmes de romance, virava a madrugada lendo livros e mais livros sobre o tão sonhado conto de fadas. Me apaixonava por cada história, cada personagem, cada casal. Me apaixonava tanto, que eu começava a sentir todas as emoções que o autor queria passar, era muito real, para mim, cada história. Eu me apaixonava, chorava, sentia raiva, brigava com o autor do livro, saía xingando pela casa se o final não me agradasse. Minha irmã, coitada, sempre ouvia minhas lamúrias, mas também ouvia minhas palavras de sonho, de um dia viver um grande amor.
O sentimento AMOR, a palavra, o verbo, a ação do verbo, era muito realista pra mim, mas ao mesmo tempo idealizado, chegava a ser surreal. Porém, eu acreditava que entendia sobre ele mais do que ninguém. Eu sempre senti dentro de mim que eu já amava alguém, antes mesmo de conhecer esse alguém, e mais, eu pensava que eu era a única que poderia sentir algo tão grandioso, poderoso e bonito dentro de mim.
E comprei essa ideia por muitos e muitos anos. Se transformou em verdade absoluta e vendi ela pra muita gente.
O que eu não esperava, era que eu estava totalmente enganada. Eu me perguntava toda vez, em sofrimento, “porque meus relacionamentos não davam certo?!” A resposta sempre foi tentar de alguma forma culpá-los 100% do fracasso. Não que eles não tenham, mas com certeza eu também sou responsável.
Eu tratei o amor como produto que pudesse ser vendido ou como escambo. “É dando que recebe”. E aí tá o erro, a gente esperar o amor em troca. Demorei pra entender, para enxergar que eu não estava amando ninguém, não amei ninguém e nem eu mesma. Nem família, amigos, ninguém.
Peço, por favor, que entendam o que eu quero dizer. Eu fiquei tão viciada, tão cega, pela representação que eu achava que entendia sobre o amor, que eu realmente esqueci de vivê-lo. Senti-lo. Sem amarras, sem verdades e certezas. Sem imposição. O amor não é um produto que está na prateleira de uma loja ou supermercado, para que você possa comprá-lo e fazer o que bem entender. Não.
E finalmente 2019 me mostrou isso. Eu voltei a enxergar e o que eu vi, foi lindo demais. 2019, apesar de toda merda, desculpa o palavreado, me ensinou a amar, me mostrou que existem várias formas de amar e de amor.
Pela primeira vez em anos, senti o verdadeiro significado de ser amada. Primeiro eu e eu. Segundo, minha família e terceiro, meus amigos.
Eu não sei o que me espera em 2020, quais serão meus caminhos, obstáculos, mudanças e etc. Mas uma coisa eu digo, nunca mais deixarei de me amar, nunca mais deixarei de amar o próximo, mesmo ele não tendo nada para me oferecer em troca, principalmente, não esperar por esse sentimento, mas saber valorizar aqueles que me amam e sempre me amaram e poder amá-los da minha forma. Qual delas? Eu não sei. Porque o amor não é uma única forma, ele transforma, ele evolui, ele muda, ele faz concessões, ele erra e ele aprende. Mas nunca deve ser tratado como uma moeda de troca. Que 2020 a gente aprende a amar da melhor maneira e bela possível.