Na foto acima, o chef Marcos Faqueti está preparando um corn fritter (que pode ser traduzido como ‘bolinho de milho frito’), uma iguaria criada no sul dos Estados Unidos e comum em cafeterias da Inglaterra. O prato é uma panqueca de milho feita na panela, que, no caso dele, acompanha alface e bacon.

Chef de Bauru

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Se, em 2006, eu pedisse ao Marcos que preparasse o mesmo corn fritter, ele provavelmente ia ficar perdido, já que não sabia cozinhar nem arroz. Naquela época, aos 18 anos, ele tinha outro objetivo: tentar a vida em Londres após desistir da faculdade de fisioterapia.

Foto: Acervo pessoal

“A ideia era largar tudo e ir embora mesmo. Meu pai foi contra e tentou me convencer a, pelo menos, terminar a graduação. Só que eu precisava respirar outros ares”, relembra, comentando que a gastronomia não estava nos planos.

Após quatro meses na Itália para tirar a cidadania, Marcos mudou-se então para a capital da Inglaterra. A vida lá começou como outras histórias de brasileiros, incluindo a saudade do arroz e feijão. O primeiro trabalho foi limpar o estádio do Chelsea após os jogos (sem poder ver as partidas), serviço tão pesado que hoje ele torce para o adversário londrino do time, o Arsenal.

Chef de BauruFoto: Acervo pessoal

Depois, trabalhou com limpeza em um hospital, antes de mudar para um emprego lavando pratos em um restaurante de culinária francesa, o The Kensington Wine Rooms.

Foi nesse momento que sentiu que precisava de estabilidade e crescimento, ou seja, começar uma carreira. “Me deu um estalo e pensei: não quero ficar só lavando prato e banheiro, quero mais”, conta, dizendo que logo foi cobrar o chef do local, que era brasileiro. “Cheguei nele e cobrei uma oportunidade”.

Chef de BauruFoto: Acervo pessoal

Um novo uniforme no armário

Por algumas semanas, não teve resposta. De repente, chegou um dia para trabalhar e viu um uniforme da cozinha em frente ao armário. Começava ali a trajetória de Marcos na gastronomia. 

“Fui tirar a dúvida com o chef, e ele respondeu: ‘ué, você não queria uma oportunidade?’”, conta Marcos, sobre o “momento mais marcante” da carreira dele.

Chef de BauruFoto: Acervo pessoal

“Eu comecei preparando saladas, lavando vegetais e ajudando na sobremesa. Eu me senti fazendo parte daquilo. Não é só lavar panelas, limpar o chão e fazer as tarefas. Hoje eu cozinho, faço parte da rotina, tenho meu setor”, acrescenta.

Aos poucos, foi subindo de cargo na cozinha, até assumir a posição de sous chef, que é o segundo na linha de comando. Entretanto, ele acabou saindo do The Kensington e voltou ao Brasil.

Chef de BauruFoto: Acervo pessoal

Cafeterias de Londres

Após quatro meses em casa, Marcos voltou a Londres, para retomar a trajetória na cozinha. Na capital inglesa, entrou no Lantana em 2009, um café-restaurante eleito pela revista Time’s Out o ‘melhor novo café de Londres’. Em seguida, atuou no Salvation Jane, restaurante criado pela mesma dona do Lantana.

Somando com a passagem pelo The Kensington, foram experiências que agregaram a disciplina na cozinha, a rotina da gastronomia, o mix de culturas comuns em restaurantes europeus e as técnicas para diferentes receitas.

Além disso, trouxe principalmente o amor pela culinária. “Eu me espelhava nos chefs. Eu os via dominando a cozinha, criando os pratos e desenvolvendo o cardápio, e depois sentindo a satisfação na cara do cliente com a comida, o sorriso das pessoas nas mesas. Foi o que me prendeu à gastronomia”, enfatiza.

Foto: Acervo pessoal

De volta a Bauru

Após seis anos em Londres, a volta oficial a Bauru foi em 2012. Logo que retornou, entrou em um restaurante de comida japonesa, começando do zero na hierarquia da cozinha.

Chef de BauruFoto: Acervo pessoal

Chef de BauruFoto: Acervo pessoal

Aos poucos, chegou ao cargo de chef, no qual teve a experiência de criar os próprios pratos e molhos, assim como cozinhar de frente para os clientes.

No meio dessa trajetória de dez anos no restaurante, formou-se em Gastronomia no Unisagrado. “Me aprofundei em técnicas, aprendi sobre manipulação, formas de precificar, como montar cardápio, etc. Eu tinha experiência em restaurantes, mas ao entrar na faculdade, parece que reseta, como se fosse reaprendizado. Ampliou meu conhecimento”, afirma.

Foto: Acervo pessoal

Chef de BauruFoto: Acervo pessoal

Unik Café

A graduação foi a peça que faltava para Marcos colocar em prática um projeto próprio que fizesse sentido com a trajetória dele: o Unik Café, uma mistura de cafeteria e restaurante localizado na Rua Treze de Maio, 17-08, criado há um ano em sociedade com a cunhada Débora Ville.

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Por lá, é possível ver no cardápio as inspirações de Londres, com pratos semelhantes ao Lantana e Salvation Jane – incluindo o corn fritter com alface e bacon, que é um dos pratos mais pedidos do Unik – misturados a ingredientes e opções mais brasileiras.

Ou seja, é uma lista que inclui alguns pratos como o ‘frango ao molho gorgonzola’ e o ‘Talharim’, embora seja focado nos itens de cafeteria, como diferentes sanduíches, toasts, provolone empanado, quibe vegano e o Unik brunch (queijo coalho, linguiça de costela e tomates assados).

Chef de Bauru

“Foi um desafio fazer as combinações de sabores para um cardápio de cafeteria, e tive que ir longe. Pesquisei muito, e somei com minha experiência e meu tempo de faculdade para criar o cardápio”, explica o chef.

Café e cozinha

A satisfação dos clientes, um dos motivos dele investir na carreira na gastronomia, também o inspirou, em conversas com a Débora, a pensar um “clima acolhedor” para o Unik. 

Foto: Divulgação

“Assim como os lugares que trabalhei, eu sempre quis dar um aspecto de segunda casa aos clientes”, diz, explicando porque resolveu abrir um café que abre às 9h ao invés de um restaurante limitado ao horário de almoço. “Ele pode vir para tomar café, tem o almoço e pode vir até o lanche da tarde. Eu quero que ele fique o tempo que quiser”, acrescenta.

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Completando um ano em junho, a ideia de Marcos e Débora é ampliar essa proposta. Em breve, devem inaugurar um espaço de coworking para facilitar a rotina de quem usa o Unik para trabalho. Além disso, pretendem lançar um cardápio prime de almoço, com mais variedade de pratos.

Se o trabalho intenso da cozinha já era a paixão de Marcos, agora colocando em prática as referências adquiridas na trajetória, tudo fica ainda mais prazeroso. “Eu ‘tô’ trabalhando de 13 a 14 horas diárias e estou amando!”, finaliza.

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Foto: Divulgação

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